Palestra de Lançamento do Órion – Volume 1

 

Ciência e Espiritualidade se contradizem ou são conceitos complementares? A subpartícula atômica é matéria ou é energia em forma de onda? O que vemos como realidade tem existência própria independente ou sua existência é totalmente dependente do fato de ser observado pela mente humana? Há uma diferença real entre as religiões ou há um fundo comum entre elas? Como devemos ver as Escrituras religiosas, como metáforas, mitos, lendas ou fatos histórico-científicos? Como distinguir qual a situação? O que é Verdade? Qual é a Verdade?

 


Órion: Filosofia, Religião e Ciência (Volume 1)

Adquira já o seu!!

Que é a Verdade?… Cristo silenciou quando Pilatos o perguntou. Buda também se recusou a lançar luz sobre as questões derradeiras da metafísica, assinalando secamente que os poucos momentos do homem na Terra seriam melhor empregados no aperfeiçoamento de sua natureza moral. Lao-Tsé, na China, ensinou: “O que sabe, não diz. O que diz não sabe (Tao Te Ching LVI)… o melhor é não saber que sabe”. Sócrates, na Grécia, afirmou: “Sei que nada sei”.

 A Verdade não é teoria, nem sistema especulativo de filosofia, nem súbita compreensão intelectual. A Verdade é a exata correspondência com a realidade. Para o homem, a Verdade é o inabalável conhecimento de sua natureza real, do seu Ser eterno.

 

Mas que é a realidade? Qual a minha natureza real? Onde está o verdadeiro Conhecimento?

 

“Todo aquele que é da Verdade, ouve a minha voz” (Jo 18:37) e “a Verdade vos libertará” (Jo 8:32)”, disse a Consciência Crística onipresente em Jesus.

 

O conhecimento (scire em latim ou sophia em grego) é a coisa mais preciosa da humanidade, seja ele obtido de uma forma racional ou intuitiva. A mente humana é capaz de duas espécies de conhecimentos: um racional e outro intuitivo, associados com a ciência e a religião, respectivamente. A tentativa de seguir uma meta segura, conhecer o Universo e a nós mesmos, levou a uma forma racional, ou científica, de obter esse conhecimento, deixando de lado o conhecimento intuitivo existente, esquecido e abandonado.

No Ocidente, o intuitivo é sempre posto de lado em favor do racional, enquanto no Oriente o inverso é o usual. Mais além, os hindus denominam o conhecimento científico como um conhecimento inferior, e à consciência religiosa é dado o nome de “conhecimento elevado”. Atualmente, o conhecimento racional/científico admite não ter a menor idéia do que seja a realidade, nem busca mais uma verdade absoluta:

 

“A distinção [entre o real e o imaginário] está apenas em nossas mentes?”

perguntou Stephen Hawking

 

Hoje há um consenso de que o conceito de vida não deve seguir uma lista rígida de parâmetros. Não há uma distinção visível entre o que chamamos de vivo e o que chamamos inanimado… Mas o primeiro sinal da existência de organismos vivos data de 3,85 bilhões de anos atrás, após uma chuva de meteoros… Quedas de corpos celestes, transtornos geológicos, vulcanismo, surgimento, evolução e extinção de espécies foram constantes na história da Terra… Muitas perguntas estão ainda com respostas insatisfatórias. Como surgiu o homem??

O Criacionismo acredita numa interferência divina na origem e na evolução da vida e do homem. O darwinismo faz pressupor que as mutações fizeram evoluir procariontes em seres humanos. O DNA explicaria tudo. O neodarwinismo conclui que o surgimento da raça humana inteligente foi um evento fortuito e raríssimo, praticamente impossível de se repetir na história do nosso Universo.

Mas o DNA não explica as diferenças entre os seres humanos. Somos 99,9% idênticos. O DNA também  não diz que a cabeça tem que ficar acima dos ombros e o nosso número de genes não é suficiente para nos diferenciar de um pé de milho…

 

Há algum fundo de Verdade nos relatos de civilizações lendárias, como a Atlântida descrita nos diálogos “Timeu e Crítias” de Platão?  E a Lemúria.postulada por Philip Schlater, zoólogo da Royal Society, apoiada pelo evolucionista Thomas Henry Huxley (1.825-1.895) e pelo naturalista Alfred Russel Wallace? E os relatos sobre Shambhala, sobre a Cidade das Portas de Ouro e a Cidade da Ponte? O que dizer sobre as Estâncias de Dzyan tibetanas e a sua intrincada cosmogonia e teogonia? E o conceito teosófico de Raças e sub-Raças?

 

Como a história e a paleontologia atual concebem o início das primeiras civilizações? Seus auges e suas decadências, no pequeno mundo antigo? Aqui a ciência tem como aliado importante o estudo da língua e de documentos escritos (filologia) para esclarecer os pontos obscuros das migrações e da evolução das nações no tempo. No século passado, antropólogos vitorianos adotaram o termo selvageria para a época em que o homem vivia da Natureza mediante a caça e a coleta. Esta deu lugar à barbárie das primeiras comunidades agrícolas até o advento da escrita que marcaria o surgimento da civilização.  Este marco não é o único critério para determinar esta, pois está intimamente ligada ao ato de viver em cidades. A arquitetura monumental (templos, túmulos e palácios) e a divisão hierárquica das sociedades são também elementos importantes.

 

Achados arqueológicos mostraram que há 7.000 anos já existiam monumentos astronômicos na Alemanha. No terceiro milênio antes de Cristo já haviam grandes civilizações, que se desenvolveram independentemente, no Egito, na Caldéia, na Índia e na Grécia. Guerras entre esses grandes impérios ocorreram, e a sua espiritualidade decaiu num período materialista de expansão e colonialismo. Entre 700 a.C. e 300 d.C. ressurge a espiritualidade na pessoa de vários reformadores em várias civilizações, de uma forma aparentemente independente, ensinando coisas aparentemente diferentes. Seu ápice foi o surgimento do “Ungido”, iniciador espiritual de uma nova fé:

 

“Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda a tua alma e de todo teu espírito… E a teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22:37)

 

Mas essa lei, aparentemente muito simples, que poderia transformar a Terra em um paraíso, não foi cumprida, pelo contrário, reina a ignorância completa dos homens em relação a Deus e principalmente em relação ao próximo. O apego, origem de todo o mal e sofrimento humano, se fez mais uma vez presente. Originou a vaidade e o orgulho. Surgiram o egoísmo e a ganância, frutos do poder. Por fim a intolerância às diferenças entre crenças e interpretações da Verdade, gerou o fanatismo, o fundamentalismo, ódio e guerras. A espiritualidade novamente fracassou e o homem disse não ao paraíso. 

Qual a religiosidade pagã? Como os primitivos conseguiam ver e representar a Deus? Como os Escandinavos, os Celtas, os Persas, a civilização da Mesopotâmia, a avançada filosofia egípcia e grega viam a origem do mundo e do homem, e qual os seus conceitos acerca de Deus? E a civilização hindu, com sua cultura milenar: Yoga e Tantra. Como sua intrincada e profunda metafísica vê a Deus, e ao homem e sua busca de Deus?

Como esses ensinamentos se deturparam? Como surgiram os reformadores entre 700 a.C. e 300 d.C.? Diziam a mesma coisa? O que combatiam? O que ensinavam? Budismo, Jainismo e Sikhismo. Taoísmo e Confucionismo. Xintoísmo, Budismo Japonês, Zen e Bushido. Judaísmo, Cristianismo, Maniqueísmo e Islamismo.

E de que se trata a nova corrente espiritual, misticismo, espiritualismo, esoterismo, teosofia, espiritismo, a holística e as novas visões espirituais da ciência constituída. Enfim ciência e religiosidade se aproximam? O que essa gama de filosofias espirituais e visões da ciência têm em comum para que tenha sido possível a sua aproximação?

 O que a espiritualidade considera ilusório e o que ela considera como o Real? Qual o conceito de Deus para as religiões? Como o conceito de Deus mudou nas fases materialistas da nossa história conhecida? Teísmo, Panteísmo, Deísmo, Ateísmo, Ceticismo e Agnosticismo.

A cruz é um símbolo exclusivo dos cristãos? E a Santíssima Trindade ? Jesus foi o único que nasceu de uma virgem? Qual o significado antigo da crucificação, morte e ressurreição? E os mistérios do reino de Deus? Que têm a ver com os mistérios gregos, egípcios e de outras filosofias?

O que é o pecado? O que são o céu e o inferno? Qual a origem do mal? O que são os milagres? O que é a magia? Que filosofias defendem que Deus em forma humana deverá voltar? Como elas descrevem o final dos tempos?

 Quais as religiões que marcaram a humanidade com seus ensinamentos? O que ensinavam, o que defendiam e o que condenavam? Como conviviam entre si? O que uma apreendeu das outras?

Como seus pensamentos deram origem a maneiras de pensar diferentes, no próprio seio de cada religião? Quais as suas práticas, cerimônias e dias festivos? E a nova Espiritualidade? Como e para quê as Verdades Universais mudaram?

Por que tantas escolas budistas, tantos cismas na história do cristianismo, tantas seitas judias e muçulmanas? Qual a influência humana nessas aparentes diferenças? Qual a influência divina nessas aparentes diferenças? Os significados das Escrituras, dos símbolos e dos mitos mudaram com o passar do tempo. Por que? Foram distorções, transformações ou correções?

 

Tantas formas diferentes para se dizer a mesma coisa:

 

Amarás o teu próximo como a ti mesmo (cristianismo)

Aquilo que não queres que te faça, não faças ao outro (judaísmo)

Ninguém pode ser um crente até que ame o seu irmão como a si mesmo (islã)

Não faças aos outros aquilo que, se a ti fosse feito, causar-te-ia dor (hinduísmo)

“…dando o que deles espera receber…” (budismo)

Na felicidade e na infelicidade, na alegria e na dor, precisamos olhar todas as criaturas assim como olhamos a nós mesmos (jainismo)

Julga aos outros como a ti mesmo julgas. Então participarás do Céu (Sikhismo)

Considera o lucro do teu vizinho como teu próprio e o seu prejuízo como se também fosse teu (taoísmo)

Não faças aos outros aquilo que não queres que eles te façam (confucionismo)

 

A religiosidade antiga, na sua proximidade com a mãe Natureza, também pensava semelhantemente, e sua visão pode ser sintetizada no pensamento de Zoroastro:

 

A Natureza só é amiga quando não fazemos aos outros nada que não seja bom para nós mesmos.

 

“Existe somente uma religião, a religião do amor; existe somente uma linguagem, a linguagem do coração; existe somente uma casta, a casta da humanidade; existe somente um DEUS e Ele é onipresente. Todas as religiões são facetas da mesma Verdade. Todas as Escrituras são sagradas, todos os locais de devoção são sagrados. Todas as religiões estão procurando o único e mesmo DEUS, embora O chamem por diferentes nomes”.     (Sathya Sai Baba – Santo hindu)

 

Tudo é relativo, a máxima de Einstein. À medida que a velocidade de um corpo qualquer aumenta, a sua massa aumenta, o seu comprimento diminui e o tempo, para essa coisa, passa mais lentamente.

O mundo foi criado através da palavra, do som, uma grande explosão: o Big-Bang. Com o descobrimento das subpartículas atômicas e do mundo quântico, surgiu também o conceito de múltiplos mundos ou dimensões, e de que tudo o que existe não passa de uma ilusão, que é interpretado pelo nosso cérebro como um mundo real.

“Tudo que chamamos de real é feito de coisas que não podem ser consideradas reais” disse Niels Bohr físico dinamarquês co-descobridor do mundo das subpartículas atômicas.

Como é possível que o Caos, gerado a partir do Big-Bang, tenha originado, ao acaso, o universo ordenado que vemos? Pode o caos gerar ordem? Uma explosão num ferro-velho pode fazer com que pedaços de metal se juntem e formem uma máquina útil e funcional? Uma explosão numa tipografia pode gerar um livro?

A física quântica trouxe à tona conceitos como o de sincronicidade e instantaneidade. Fatos que ocorreriam numa velocidade superior à da luz. Surgiu a teoria dos campos mórficos ou morfogênicos que explicariam essa instantaneidade. Enfim, viu-se que tudo está interconectado através de energias que não são percebidas e nem medidas. Há uma ordem implícita no nosso Universo. O Universo se comporta como um holograma, em que cada parte contém informações de todo ele.

 

E a Verdade Afinal?

 

Tive como alvo despertar o peregrino interior do leitor, quebrar “pré-conceitos”, mostrar os muitos caminhos que levam de volta à casa do Pai, o nosso ciclo maior. Mostro a dualidade “trabalhando” em tudo. Em tudo há o espiritual e o material, o divino e o humano; mas mesmo no humano há um aspecto divino e no divino um aspecto humano, necessários à evolução do ciclo.

Esse despertar do leitor, na dualidade de suas crenças e descrenças, levará, inevitavelmente a uma nova crença, que só pelo fato de existir dá nascimento a uma nova descrença, numa espiral evolutiva ascendente, rumo ao Infinito.

O conhecimento nunca será esgotado nem completado, pois a única coisa eterna que há é a mudança. Tudo está em constante mudança. É uma Lei Natural, um Princípio Universal. Tudo consiste em ciclos que se alternam. No momento atual é isso que o conhecimento afirma e que tento repassar nesse resumo…

 

Boa viagem…

Muito Obrigado

 

AGRADECIMENTOS FINAIS

 

Se fosse enumerar todas as pessoas que participaram, direta e indiretamente, para que esse trabalho tomasse forma física, seria necessário uma autobiografia, mas algumas pessoas foram essenciais para que ele se tornasse “real”. Agradeço antes de tudo a meus pais, pelo amor e dedicação que sempre senti onipresente, “independente de tempo e espaço”, mas que ao mesmo tempo é amigo, carinhoso e disciplinador. Esse amor e dedicação são a base de minha sustentação, meu alicerce. Sempre que a minha construção se abala, procuro nessa base o meu refúgio. Pela motivação e incentivo inicial agradeço à Mariâm, devo a ela a pessoa que sou hoje. Pela inspiração agradeço aos meus filhos Ana Lia e João Roberto. Todo o meu esforço de aprimoramento pessoal se dedica primordialmente a esses dois anjos, para que se tornem grandes pessoas. É imprescindível que se lembre aqui pessoas como Ulisses Melo, Carlos Cardoso Aveline, Harbans Lal Arora e Arnóbio Albuquerque, pela leitura crítica do manuscrito. Ulisses Melo, com suas críticas e revisão, deu um caráter científico ao trabalho. Carlos Aveline, com suas sugestões, muito me engrandeceu e a esse trabalho também. Agradeço a todos aqueles que ampliaram minha visão de mundo: Herbert Gomes Pizzano, Ricardo Lindermann, Dr. Paulo Silva, Dra. Susan Andrews, Didi Sutapa e Dada Siddeshvarananda. Mas a uma pessoa, toda palavra vai parecer vazia e pobre, a ela tenho uma profunda gratidão. Expresso esse sentimento a Juliana Araújo de Medeiros, pelo extremo afeto, carinho e presença de espírito. Seus “insights” fizeram com que suas críticas e comentários, em nossas longas conversas, levassem-me a meus próprios “insights”, dando a forma final a esse volume. Suas sugestões, sempre na hora certa, nortearam todo o processo de produção, publicação e divulgação desse trabalho. Com ela senti a unicidade que partilho com a Criação.

 

 CRoberto

04/10/2002

Realizado no Auditório Ciro Gomes da Escola de Saúde Pública do Estado do Ceará

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *