Alguns temas da física quântica têm implicações filosóficas, como a noção de vazio, impermanência, sincronicidades e teia de relações, saltos evolutivos, etc… Aqui estão, resumidamente, as diferenças fundamentais entre a visão clássica, newtoniana, a visão einsteineana, a visão trans-einsteineana e a visão quântica (Cf. descriçao completa em “A Física da Era Quântica”:
Visão Clássica (Newton, Descartes, Freud, Darwin, Pasteur, etc.):
- Tempo e espaço absolutos
- Relação estrita entre causa e efeito
- Previsibilidade e determinismo
- Solidez da matéria
- Fragmentação (o mundo é composto de partes independentes que atuam em conjunto)
- Reducionismo (tudo pode ser reduzido à sua menor parte – especializações)
- Linearidade (a natureza não dá saltos)
- Lei de conservação de energias físicas (se algo ganha energia é porque algo perdeu energia)
- Lei de aumento de entropia (com o tempo, um sistema isolado continua desorganizando-se aceleradamente até seu fim)
- A matéria é primordial. A mente e a consciência são secundárias e derivadas da matéria (cérebro).
Visão Einsteineana:
- Tempo e espaço não são absolutos e sim formam um continuum quadridimensional.
- A velocidade da radiação eletromagnética (luz, raio X, ondas de rádio, etc.) é uma constante absoluta.
- A velocidade máxima que se pode obter é menor que a da radiação eletromagnética.
- A massa aumenta com o aumento da velocidade.
- O tempo passa mais lento com o aumento da velocidade (dilatação do tempo).
- O comprimento diminui com o aumento da velocidade (contração do espaço).
- Quando se aproxima da velocidade máxima, todas as leis e conceitos básicos (do que seja massa, energia, tempo e espaço) entram em colapso (ponto de singularidade).
- À medida que se aumenta a velocidade, a energia do sistema que é acelerado aumenta (em exponencial), seu comprimento diminui e seu tempo passa mais lento. No ponto de singularidade (no infinito) a energia é infinita, o tempo pára e a massa some.
Visão Quântica:
- Comprovou-se a existência da sincronicidade independente de tempo e espaço pela comprovação da existência do efeito EPR, imaginado por Einstein, Podolsky e Rose para desacreditar as teorias quânticas: duas partículas (elétron e posítron), criadas num mesmo evento são sincrônicas independente do tempo e do espaço que as separam, de forma que se alterarmos o spin (rotação) de uma delas a outra se altera, automaticamente e simultaneamente. Ou seja, o Universo, criado num evento único, se comporta sincronicamente: TUDO ESTA INTERLIGADO.
- Comprovou-se a existência de transições descontínuas instantâneas (os saltos quânticos). Pela mecânica clássica, esperar-se-ia que, ao se fornecer, gradativamente, energia a um elétron ele subiria à órbita superior também gradativamente. Mas o que ocorre é que ele vai armazenando essa energia até um ponto tal que subitamente e imprevisivelmente ele muda de nível. Muito bem estudado pela matemática do Caos, explica porque explodimos subitamente e imprevisivelmente num acesso de raiva, ou subitamente mudamos nosso estado de consciência (por exemplo da vigília ao sono), ou subitamente compreendemos uma situação ou obtemos a solução de um problema (os insights da psicologia).
- Surgiu o conceito de complementaridade: uma partícula pode, ao mesmo tempo, ser partícula e ser onda eletromagnética. A complementaridade quântica matou o conceito de exclusão mútua e nos faz buscar sempre a Unidade na diversidade. Melhora-se o conceito de unidade (união de coisas diferentes), passando-se a falar em unicidade (união de coisas que no seu âmago são a mesma coisa). O conceito de complementaridade e unicidade nos fazem pensar em harmonia das coisas: integração.
- A impossibilidade de se determinar simultaneamente quando uma partícula vai aparecer e sua velocidade (imprevisibilidade quântica – Princípio da Incerteza) dissolveu o determinismo newtoniano, dando passagem a conceitos de flexibilidade, a se ver todas as possibilidades e a existência de um livre-arbítrio. Existe um Universo de possibilidades e probabilidades: dentro das probabilidades escolho a minha possibilidade.
- Não se fala mais em partícula subatômica, mas de um campo quântico de energia dentro do qual há uma probabilidade de se materializar a partícula. Ora numa posição, ora numa velocidade, ora em outra posição, etc.. O mundo quântico é um mundo destituído de matéria, VAZIO. E esse vazio é pleno de energia. É desse vazio (o shunya budista) que surge a matéria. É nesse vazio que estão as energias não físicas denominadas pelas mais variadas tradições por prana, bioplasma, ch'i, ki, etc..
- Toda matéria na realidade é ilusória, uma possibilidade de existir, e a única realidade, pelo menos por enquanto para a física, é a existência do vazio e de sua energia.
Visão Pós-moderna (David Bohm, William Tiller, Ilya Prigogyine, Rupert Sheldrake, Karl Pribam):
- A existência de energias sutis, que não podem ser medidas e que não respeitam as leis físicas, logo devem estar após o ponto de singularidade: as energias emocionais e mentais.
- A alegria é “contagiante” e quem “doa” alegria não fica triste (colapso da lei de conservação de energia).
- Algo “organiza” o caos e pode dar origem a estruturas complexas mesmo com o risco de auto-destruição – a teoria das estruturas dissipativas (o caos pode gerar ordem, ou seja meus problemas pessoais podem gerar evolução em meu ser, mesmo com o risco de eu me perder numa depressão, por exemplo).
- A existência de sincronicidades, fatos que ocorrem simultaneamente, ou seja, numa velocidade superior à da energia eletromagnética, como eu pensar em alguém na mesma hora em que esse alguém pensa em mim, ou meu cachorro saber o momento exato em que decido voltar para casa (uma interconexão no universo, que atravessa o continuum espaço-tempo de Einstein, superando a velocidade da luz e se utilizando de campos sutis indetectáveis, não-físicos, não-locais, não-lineares).
- Esses campos energéticos sutis, de vibrações mais elevadas, sobrepujam as vibrações físicas materiais mais lentas (a felicidade traz saúde, o amor melhora a imunidade, etc.). Surge a noção da existência de uma ordem implícita que comanda o mundo manifestado ou explícito.
- Surge a noção de que o Todo está em cada parte e que cada parte está em todas as partes. A noção holográfica ganha força e força uma mudança de paradigma no universo científico, que já era conhecida no antigo Egito: o que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima. Qualquer semelhança com Sócrates não é mera coincidência: conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os deuses…