Por que eu não volto à Índia?

(Collected Writings Vol. XII, pp.156-167)

Tradução de Maria Beth Oliveira

            Esta carta aberta, um dos documentos mais extraordinários e profundamente patéticos alguma vez escrito por H.P.B., pode ser encontrada entre os Manuscritos originais nos Arquivos de Adyar. Escrita para os Membros Indianos da Sociedade Teosófica no último ano da vida de H.P.B., é como uma visão kármica que interpreta a ambos, passado e lança luz sobre o futuro. Incorpora uma mensagem, com o longo sofrimento do coração de H.P.B, para todos os Teosofistas sem distinções. Esta Carta Aberta contém declarações muito raramente feitas, e pronunciamentos que apenas aqueles que estão firmemente enraizados na filosofia Teosófica compreenderão e não os confundirão com “pedidos”, “dogmas” ou ilusões de grandeza. Fatos e atitudes referidos nesta carta permitem vermos um pano de fundo de significação, sobre o qual podem ser avaliadas as diversas crises que aconteceram nos últimos anos, circunscritas ao trabalho da S.T.

            N.D. Khandalavala, questionando algumas passagens desta carta no The Theosophist, (Vol. XX de outubro de 1898, pp. 23-24), afirma que no início se pretendia fazer circular apenas entre os Membros Indianos, mas “foi depois, por certas razões, não publicada”. A ele, foi permitido tirar uma cópia. Com o “clima” que permanecia na época da S.T. Indiana, as razões do porque que Khandalavala não tenha especificado, são fáceis de determinar.

     Parece não haver nenhuma razão de duvidar da probidade da declaração feita por W.E. Coleman no Jornal Filosófico Religioso (Chicago) de 16 de setembro de 1893, p. 266, de que esta Carta Aberta foi mandada à Índia por intermédio de Bertram Keightley que deixou Londres para a Índia, ao pedido especial de H.P.B., por volta do verão de 1890, chegando a Bombaim em 31 de agosto de 1890 (The Theosophist, vol. XII, Supl. de outubro, 1890, pp. ii-iii ). Ele logo foi eleito Secretário Geral da recém formada Seção Indiana da S.T. que foi criada em 1 de janeiro de 1891.

            A Carta Aberta, que segue é um dos mais importantes itens da “fonte de material” disponível hoje para o uso do futuro historiador do Movimento Teosófico em suas mil vicissitudes. Ela merece um estudo profundo por parte de todos os estudantes – (Editor)

AOS MEUS AMIGOS DE ÂRYÂVARTA,

            Em abril, de 1890, cinco anos se passaram desde que deixei a Índia.

            Grande gentileza foi a mim demonstrada por muitos irmãos hindus, em diversas vezes, desde que de lá saí; especialmente esse ano, (1890) quando, doente quase à morte, recebi de diversos Ramos Indianos, cartas de simpatia e confirmações de que não haviam esquecido aquela para quem a Índia e os Hindus haviam sido mais queridos, na maior parte de sua vida, do que seu próprio país.

            É, portanto, meu dever, de explicar o porque que não volto para a Índia e minha atitude no que diz respeito à nova folha virada na História da S.T. e por me encontrar formalmente colocada à cabeça do Movimento Teosófico na Europa. Pois não diz respeito somente a minha má saúde o meu não retôrno à Índia. Aqueles que me salvaram da morte em Adyar, e duas vezes desde então, poderiam dificilmente ter me mantida viva, ali, como Eles o fazem aqui. Existe uma razão muito mais séria. Uma linha de conduta foi aqui para mim traçada, e achei, entre os Americanos e Ingleses, o que eu sempre em vão, busquei na Índia.

            Na Europa e América, durante os últimos três anos, encontrei-me com centenas de homens e mulheres que têm a coragem de sustentar suas convicções sobre a existência dos Mestres, e que estão trabalhando pela Teosofia em Suas linhas e sob Seus direcionamentos, dados através do meu humilde eu.

            Na Índia, por outro lado, desde a minha partida, o verdadeiro espírito de devoção para com os Mestres e a coragem de sustentá-lo, definitivamente desapareceram. Em Adyar mesmo, crescente luta e conflito tem surgido entre as personalidades; não desejada e muito pouco merecida animosidade – quase ódio – tem sido demonstrada a mim por diversos membros do quadro(staff). Parece estar tendo qualquer coisa de estranho e inexplicado acontecendo em Adyar, durante esses últimos anos. Tão logo um Europeu, o mais inclinado teosóficamente, mais devotado à Causa, e meu próprio amigo pessoal ou do Presidente, ponha os pés no Quartel General, se torna então, inimigo pessoal de um ou outro de nós, e o que é pior, termina com injúrias ou desertando da Causa.

            Deixe ficar logo claro que eu não acuso ninguém. Sabendo o que sei das atividades das forças do Kali Yuga, que trabalham para impedir e arruinar o movimento Teosófico, não me refiro àqueles que se tornaram, um após outro, meus inimigos – e isto sem engano nenhum de minha parte – como posso vê-los, não fossem de outra maneira.

            Um dos fatores principais do redespertar do Aryâvarta que tem sido parte do trabalho da Sociedade Teosófica era o ideal dos Mestres. Mas devido à ausência de julgamento, discrição, e de liberdades tomadas com Seus nomes e Personalidades, grandes e errôneas concepções surgiram a respeito Deles. Estava eu sob o mais solene voto e promessa de nunca revelar toda a verdade para quem quer que fosse, com exceção daqueles que, como Damodar, haviam finalmente sido escolhidos e chamados por Eles. Tudo o que então me permitiam revelar era de que existiam, em algum lugar, tais grandes homens; que alguns deles eram Hindus; que possuíam conhecimento como ninguém de toda a sabedoria antiga da Gupta-Vidyâ, e tinham adquirido todos os Siddhis, não como aqueles que estão representados na tradição e nas “vendas” das antigas escrituras, mas como são na realidade e na natureza; e também que eu era Chela de um deles. Entretanto, na fantasia de alguns Hindus logo surgiu, uma das mais perigosas e ridículas fantasias dizendo respeito à Eles. Referiam-se a Eles como “Mahatmas” e ainda alguns amigos entusiastas demais, desqualificavam a Eles, com seus estranhos retratos fantasiosos; nossos oponentes, descrevendo um Mahatma como um completo Jivanmukta, diziam que, como tal, a Ele era vedado manter qualquer comunicação que fosse, com pessoas vivendo neste mundo. Afirmavam também que como este é o Kali Yuga, era impossível a existência de qualquer Mahatma que fosse, em nossa era.

             Apesar dessas concepções erradas, desde o início, a idéia dos Mestres, e a crença Neles,  trouxeram seu bom fruto à Índia. Seu principal desejo era de preservar o espírito filosófico e verdadeiramente religioso da antiga Índia; defender a Sabedoria Antiga contida nas Darsanas· e Upanishads¨ contra os assaltos sistemáticos dos missionários; e finalmente despertar a ética dormente e o espírito patriótico naqueles jovens onde havia quase desaparecido, devido à educação colegial. Muito disso foi alcançado, por e através da Sociedade Teosófica, a despeito de todos os seus erros e imperfeições.

            Não fosse por causa da Teosofia, teria a Índia Tukaram Tatya fazendo agora o trabalho sem preço que faz, e que ninguém na Índia, antes dele, pensou sequer em fazer? Sem a Sociedade Teosófica, teria a Índia sequer pensado em tirar das mãos dos instruídos, porém não espiritualizados Orientalistas, o dever de reviver, traduzir e editar os Livros Sagrados do Leste, popularizando-os e vendendo-os a um preço mais em conta, e ao mesmo tempo de forma mais correta do que foi feita antes em Oxford? Teria nosso respeitável e devotado irmão Tukaram Tatya ele mesmo pensado em fazê-lo, se não tivesse se juntado à Sociedade Teosófica? Teria sido seu Congresso político por si mesmo, sequer uma possibilidade, sem a Sociedade Teosófica? Mais importante de tudo, um pelo menos entre vocês, foi plenamente beneficiado por ela; e se a Sociedade tivesse dado à Índia apenas aquele futuro Adepto (Damodar) que tem agora o prospecto de se tornar um dia um Mahatma, apesar do Kali Yuga, isto somente seria uma prova que ela não foi fundada em Nova York e transplantada à Índia em vão. Finalmente, se qualquer um entre os 300 milhões da Índia puder demonstrar, com a prova à mão, que a Teosofia, a S.T., ou mesmo o meu humilde eu, tem sido os meios de realizar mesmo o mínimo mal, seja ao país ou a qualquer Hindu, que os Fundadores tem sido culpados de ensinar doutrinas perniciosas, ou oferecerem maus conselhos – então e somente então, poderia eu ser imputada com o crime de haver levado adiante o ideal dos Mestres e fundado a Sociedade Teosófica.

            Puxa, meus bons e para-nunca-serem–esquecidos Irmãos Hindus, os nomes apenas dos Mestres sagrados, que foram, certa vez, invocados com rezas por Suas bênçãos, de um canto da Índia a outro – Seus nomes apenas realizaram uma potente mudança para melhor em sua terra. Não é para o Coronel Olcott ou para mim que vocês devem alguma coisa, mas sim a Estes nomes, os quais, há poucos anos atrás, se tornaram palavras vãs em suas bocas.

            Foi assim que, ao tempo que permaneci em Adyar, as coisas foram bem demais, porque um ou outro dos Mestres estava quase constantemente presente entre nós, e seu espírito sempre protegia a Sociedade Teosófica do real perigo. Mas em 1884, o Coronel Olcott e eu saímos para uma visita à Europa, e enquanto estávamos fora o Padri-Coulomb, o “raio descendente” aconteceu. Voltei em novembro, e caí seriamente doente. Foi neste tempo e na ausência do Coronel Olcott que se encontrava em Burma, que as sementes, de todas as futuras intrigas e – deixe-me dizer logo – da desintegração da Sociedade Teosófica, foram plantadas por nossos inimigos. A conspiração Patterson-Coulomb-Hodgson, junto com a fraqueza de coração do chefe dos teosofistas, não terem feito com que a Sociedade tenha aí e então, terminado, é uma das provas de como estava ela protegida. Sacudidos em suas crenças, os fracos de coração começaram a perguntar: “Porque, se os Mestres são Mahatmas genuínos, Eles permitiram tais coisas acontecerem, ou porque Eles não utilizaram Seus poderes para destruir esta intriga ou aquela conspiração, ou até este ou aquele homem ou mulher?” No entanto, foram explicadas inúmeras vezes, que nenhum Adepto da Senda da Direita interferirá com o justo funcionamento do Karma. Nem mesmo os maiores Yoguins poderão divergir do progresso do Karma ou reter os resultados naturais das ações por mais de um pequeno período, e mesmo neste caso, esses resultados apenas se acertarão mais tarde com pelo menos uma força decuplicada, pois tal é a lei oculta do Karma e dos Nidânas.

            Nem de novo os maiores fenômenos ajudarão o real progresso espiritual. Temos, cada um de nós, que vencer nosso Moksha ou Nirvana por nosso próprio mérito, não por que um Guru ou Deva ajudarão a ultrapassar nossas deficiências. Não existe nenhum mérito em ter sido criado um Deva imaculado ou em ser Deus; mas existe uma dádiva abençoada eterna de Moksha esperando pelo homem que se torna como Deus e Deidade por suas próprias e pessoais atuações. É a missão do Karma punir o culpado e não o dever de nenhum Mestre. Mas aqueles que anseiam por Seus ensinamentos e vivem as vidas nas quais Eles são os melhores exemplares, nunca serão abandonados por Eles e sempre encontrarão ajuda benéfica quando precisarem seja abertamente ou invisivelmente. Isto de fato é endereçado àqueles que ainda não perderam totalmente sua fé nos Mestres, e aqueles que nunca acreditaram, ou deixaram de acreditar Neles, são bem vindos em suas próprias opiniões. Ninguém, a não ser eles próprios, serão talvez algum dia, os perdedores por isso.

            E quanto a meu respeito, quem me acusará de ter sido um impostor? De ter, por exemplo, tirado um único doce de alguma alma vivente? De ter pedido dinheiro, ou mesmo de o ter aceitado, não esquecendo de que a mim foram oferecidas repetidamente altas somas! Aqueles que, a despeito disso, escolheram pensar diferentemente, terão que explicar que até meus tradutores de até a classe dos Padres e a Sociedade de Pesquisa Psíquica não conseguiram explicar até este dia, melhor dizendo, o motivo de tal fraude. Terão que explicar porque, invés de tirar ou fazer dinheiro, eu dei embora para a Sociedade cada penny (tostão) que ganhei escrevendo para os jornais, porque ao mesmo tempo quase que me matei com a sobrecarga e o incessante trabalho ano após ano, até que minha saúde se foi, sendo necessário a ajuda de meu Mestre repetidamente, e teria morrido há muito tempo pelos efeitos de tal duro e voluntário trabalho. Sobre a teoria absurda do espião Russo, se ainda achar crédito em algumas cabeças idiotas, há muito que desapareceu, de qualquer forma dos cérebros oficiais dos Anglo-Indianos.

            Se, eu digo, naquele momento crítico, os membros da Sociedade, e especialmente seus líderes em Adyar, Hindus e Europeus, tivessem permanecido juntos como um só homem, firmes em suas convicções da realidade e poder dos Mestres, a Teosofia teria irrompido mais triunfantemente que nunca, e nenhum de seus medos teriam se realizado, quão espertas fossem as armadilhas feitas para mim, e quaisquer que fossem as faltas e erros de julgamento que eu, o representante humilde Deles, pudesse ter feito ao conduzir a execução do assunto.

            Mas, a lealdade e coragem das Autoridades de Adyar e dos poucos Europeus que acreditaram nos Mestres, não se equivaliam ao processo quando ele veio. A despeito de meus protestos, eu fui afastada do Quartel General. Doente como estava, quase morrendo na verdade, como os médicos disseram, assim mesmo protestei, e teria lutado pela Teosofia na Índia até meu último alento, tivesse eu encontrado apoio leal. Mas, alguns temiam embaraços legais, alguns do Governo, enquanto que meus melhores amigos acreditavam nas precauções dos médicos dizendo que eu ia morrer se continuasse na Índia. Então fui mandada para Europa a fim de recuperar minhas forças, com a promessa de rápida volta a meu amado Aryavarta.  

            Bem, eu fui, e imediatamente as intrigas e rumores começaram. Até em Nápoles já, soube que diziam que estava meditando em iniciar na Europa “uma Sociedade rival” e mandar as favas Adyar (!!). Achei graça nisso. Então saiu o rumor de que eu havia sido abandonada pelos Mestres, que havia sido desleal para com Eles, feito isto e aquilo. Nada disso tinha a mínima verdade ou fundação de fato. Então fui acusada de ser, na melhor das hipóteses, uma médium alucinada, que tinha confundido “espectros” por Mestres viventes; enquanto que outros declaravam que a verdadeira H.P. Blavatsky estava morta – tinha morrido pelo indevido uso de Kundalini – e que a forma havia sido condicionada por um Dugpa Chela, que era a presente H.P.B. Alguns ainda afirmavam que eu era uma bruxa, feiticeira, que para propósitos pessoais atuava como filantropista e amante da Índia, quando na realidade propunha a destruição de todos aqueles que tinham a infelicidade de serem psicologizados por mim. De fato, os poderes da psicologia a mim atribuído por meus inimigos, quando um fato ou “fenômeno” não podia ser explicado, são tão grandes que eles sozinhos teriam feito de mim o Adepto mais renomado – independente de qualquer Mestre ou Mahatma. Em resumo, até 1886, quando o Relatório da S.P.P¨ ( S.P.R.- em inglês) foi publicado e esta bolha de sabão cobriu nossas cabeças, foi uma longa série de falsas acusações, cada mensagem trazia uma novidade. Não nomearei ninguém; nem interessa quem disse algo e alguém repetiu. Porém uma coisa é certa; com a exceção do Coronel Olcott, todos parecem banir os Mestres de seus pensamentos e Seus espíritos de Adyar. Toda e qualquer incongruência imaginável estava conectada com esses nomes sagrados, e eu sozinha era tida como responsável por qualquer evento desagradável que acontecia, cada erro cometido. Numa carta recebida de Damodar, em 1886, ele me notificava que a influência dos Mestres estava se tornando mais fraca a cada dia, em Adyar; que Eles eram representados diariamente como abaixo de “Yoguis de 2a. categoria”, negada por alguns, enquanto que até aqueles que acreditavam, e tinham permanecido leais a Eles, temiam pronunciar Seus nomes. Finalmente, ele me interpelou fortemente a fim de que voltasse, dizendo que não me preocupasse, pois os Mestres cuidariam para que minha saúde não sofresse com isso. Escrevi para este fim, ao Coronel Olcott, implorando-lhe para me deixar voltar, e prometendo que viveria em Pondicherry, se necessário, sendo minha presença indesejável em Adyar. A isto recebi a resposta ridícula de que não tão cedo deveria voltar, pois seria mandada para as Ilhas Andamam como uma espiã Russa, e que de certo o Coronel Olcott subseqüentemente acreditava ser uma total inverdade. A presteza com que este motivo fútil, para me manter longe de Adyar, foi aventado, demonstra em cores nítidas a ingratidão daqueles a quem eu dei minha vida e saúde. Nada, e mais, acentuado, como entendi, pelo Conselho Executivo, sob o pretexto inteiramente absurdo de que, no caso de minha morte, meus herdeiros poderiam exigir a partilha na propriedade de Adyar, o Presidente mandou-me um papel legal para eu assinar, pelo qual eu formalmente renunciava a qualquer direito ao Quartel General ou até de ali viver sem a permissão do Conselho. Isto, apesar de ter gastado diversos milhares de rúpias de meu próprio dinheiro, e ter devotado minha parte dos lucros do The Theosophist para comprar a casa e sua mobília. Entretanto assinei a renúncia sem uma palavra de protesto. Vi que não me queriam, e permaneci na Europa a despeito do meu ardente desejo de retornar à Índia. Como poderia fazer diferente do que sentir que todo meu trabalho tinha sido recompensado com ingratidão, quando meus desejos mais urgentes de voltar eram respondidos com escusas e respostas tolas, inspiradas por aqueles que eram hostis a mim?

            O resultado disto é bem transparente. Você conhece muito bem o estado de coisas, na Índia, para me alongar com detalhes. Em uma palavra, desde minha saída, não apenas a atividade do movimento ali gradualmente esmoreceu, mas aqueles, por quem eu nutria afeição mais profunda, vendo-os como uma mãe via seus próprios filhos, se viraram contra mim. Enquanto que no Ocidente, tão logo eu aceitei o convite de vir a Londres, então encontrei pessoas – apesar do Relatório da S.P.P. e suspeitas e hipóteses ferozes irromperam em toda direção – para acreditarem na verdade da grande Causa por que sempre lutei, e em minha própria bona fides.

            Atuando sob as ordens do Mestre, comecei um novo movimento no Oeste nas linhas originais; fundei o Lúcifer, e a Loja que leva meu nome. Reconhecendo o esplêndido trabalho feito em Adyar pelo Coronel Olcott e outros a fim de realizar o segundo dos Três Objetivos da S.T., isto é, promover o estudo da literatura Oriental, eu estava determinada de levar aqui, os outros dois. Todos sabem com que sucesso isto foi atendido. Duas vezes o Coronel Olcott foi pedido a comparecer, e então soube que mais uma vez eu era querida na Índia – de qualquer modo por alguns. Mas, o convite veio tarde demais; nem meu médico permitiria, nem eu poderia, se fosse para ser sincera com minhas promessas e meu voto de vida, viver agora no Quartel General do qual os Mestres e Seus Espíritos foram virtualmente banidos. A presença, de Seus retratos, não ajudaria; Eles são letra morta; A verdade é de que eu nunca poderei voltar à Índia em qualquer outra condição a não ser como Seu fiel agente. E como, a não ser que Eles aparecessem no Conselho in própria persona (o que Eles certamente nunca farão), nenhum conselho meu em linhas ocultas me parece fácil de ser aceito, assim como o fato de minhas relações com os Mestres ser duvidado, e até totalmente negado por alguns; e eu não tendo nenhum direito ao Quartel General, que razão existe, portanto, para eu viver em Adyar?

            O fato é este. Em minha posição, meia-medida é pior do que nenhuma. Ou as pessoas acreditam inteiramente em mim, ou honestamente desacreditam. Ninguém, nenhum Teosofista, é levado a acreditar, mas é sem sentido a pessoa pedir para mim ajuda-la se não acredita em mim. Aqui na Europa e América existem muitos que nunca titubearam em sua devoção para com a Teosofia; conseqüentemente a promulgação da Teosofia e S.T., no Oeste, durante os três últimos anos, tem sido extraordinária. A razão principal para isso é que se permitiu e fui encorajada pela devoção de um número sempre crescente de membros à Causa e Àqueles que a dirigem, a estabelecer uma Seção Esotérica, na qual posso ensinar algo de que aprendi para aqueles que em mim confiam, e que provam essa confiança pelo seu trabalho desinteressado à Teosofia e à S.T. Para o futuro então, é minha intenção devotar minha vida e energia para a E.E., e de ensinar aqueles cuja confiança retenho. É inútil ter que usar o pouco tempo que me resta a me justificar perante aqueles que não se sentem seguros sob a real existência dos Mestres, e apenas porque, não me compreendem, cabe então a eles suspeitarem de mim.

            E me deixa dizer de pronto, para evitar mal entendido, que a minha única razão para aceitar a direção exotérica dos negócios Europeus, foi para salvar aqueles que realmente tinham a Teosofia no coração e trabalhavam para ela e a Sociedade, de serem solapadas por aqueles que não só não ligam para a Teosofia, como colocado pelos Mestres, mas, estão trabalhando inteiramente contra ambos, pretendendo minar e contra atuar a influência do bom trabalho feito, não só pela negação aberta da existência dos Mestres, pela declarada e amarga hostilidade a mim e também por juntarem forças com os mais desesperados inimigos de nossa Sociedade.

            Meia-medida, repito não é mais possível. Tenha eu testemunhado a verdade como sei sobre os Mestres e ensinado o que aprendi Deles, ou eu inventei a ambos, Eles e a Filosofia Esotérica. Existem aqueles, entre os Esotéricos do grupo interno, que dizem que se eu fiz isto, então devo ser um “Mestre” eu mesma. Qualquer que seja a coisa, não existe alternativa para este dilema.

            A única razão que a Índia poderia dar a mim seria forte apenas em proporção a atividade dos Membros pela Teosofia e de sua lealdade para com os Mestres. Não é necessária minha presença entre vocês para convencê-los da verdade da Teosofia, mais ainda que seus irmãos Americanos precisam. Uma convicção que falta quando qualquer personalidade particular está ausente não é convicção nenhuma. Agora, apesar disto, qualquer verdade ou ensinamento maior  posso dar apenas para a Seção Esotérica, e isto pela razão seguinte: seus membros são os únicos que tenho o direito de expulsar por deslealdade expressa à sua promessa (não para mim, H.P.B., mas para seu Eu Superior e o aspecto Mahatmico dos Mestres), um privilégio que não posso exercer com os Membros da S.T. como um todo, no entanto aquele que é o único meio de cortar fora um membro doente do corpo saudável da árvore, e assim a salvar da infecção. Posso apenas olhar para aqueles que não se balançam por cada sopro de calúnia, cada bisbilhotice, suspeita, ou crítica, de quem quer que seja.

            Daí deve ficar claramente compreendido que o resto de minha vida está devotado apenas aqueles que acreditam nos Mestres, e estão ansiosos para trabalharem pela Teosofia como a compreendem, e para a S.T. nas linhas sobre as quais foram estabelecidas originalmente.

            Se, então, meus Irmãos Hindus realmente e honestamente desejarem estabelecer a regeneração da Índia, se desejarem recuperar os dias quando os Mestres, em eras de glória da Índia antiga, apareciam livremente entre eles, dirigindo e ensinando as pessoas; deixe-os então porem de lado todo o medo e hesitação, e virarem uma nova página na história do Movimento Teosófico. Deixe-os bravamente se juntarem ao redor do Presidente fundador esteja eu ou não na Índia, como em volta daqueles poucos Teosofistas verdadeiros que permaneceram leais como sempre, e premiar com desconfiança a todo caluniador e descontentes ambiciosos – em ambos os casos, fora ou dentro da Sociedade Teosófica.


· Escolas de Filosofia da Índia, e são em número de seis.

¨ Escritos que fazem parte dos Vedas.

¨ Sociedade de Pesquisas Psíquicas.

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