Vida e Morte

“A Vida é um processo contínuo e sempre em mutação”.

XIV Dalai Lama

 

“Quando não se compreende sequer a vida, como se pode compreender a morte?”

Confúcio (551-479 a.C.)

 

 

A vida eterna é uma crença religiosa essencial, glorificada como um mundo distante da realidade física. Já a civilização ocidental materialista se amoldou à idéia de que tudo acaba com a morte. Dessa forma ela é tratada como um tabu, algo que não se deve comentar ou investigar. Esquece-se que a morte é, talvez, a única certeza que se tem na vida. Faz parte dela. O maior desejo do ser humano é a imortalidade, mas a ciência até hoje só conseguiu prolongar a vida e melhorar a sua qualidade. Esse desejo de imortalidade está intimamente relacionado ao medo da morte. Mas e de onde vem esse medo? Pode ser que venha do medo que se tem do desconhecido, do instinto de autopreservação que estimula o medo da própria extinção. Mas será que viria de uma experiência antiga, guardada na memória, já vivida e não mais desejada?

Se desejamos viver indefinidamente, por que insistimos em acreditar que morrer é o fim? Provavelmente se o contrário estivesse acontecendo, se o homem tivesse certeza de sua imortalidade ele procuraria a própria extinção. Será que o inconsciente coletivo do homem já tem essa certeza da imortalidade? Será que os atos humanos destrutivos, contra a natureza e contra si mesmos, não são formas veladas (e doentias!) de se buscar atingir esse estado?

De onde venho e para onde vou? Pergunta existencial. A procura de resignação à morte física pela promessa de uma vida posterior, num outro plano ou aqui mesmo na terra (ressurreição, reencarnação ou transmigração), é um dos motivos da busca de religiosidade. Da mesma maneira, a ciência é uma tentativa encoberta de conquistar a morte e toda manifestação artística é uma tentativa espiritual de transcendê-la. Há um desejo implícito no íntimo de cada psique humana: o desejo da vida eterna na nossa realidade física temporal. Dessa forma, a noção de morte é o motor do desenvolvimento da ciência, das artes, das instituições, da economia e da política. Estimula o homem a viver, se relacionar, procriar e construir coisas que o “imortalizem”. A morte dá sentido à existência, pois nos lembra a preciosidade da vida.

Mesmo assim a morte assusta, talvez pelo apego que temos às coisas materiais, às quais perderemos definitivamente quando morrermos, ou pelo apego que temos à própria vida. Talvez um apego à nossa persona, nossa “individualidade” que irá se desfazer, voltar ao “barro” (Ecl 12:6s). Na realidade o nosso medo vem de uma fonte mais profunda: não sabemos quem realmente somos. Somente após a morte do corpo é que se pode experimentar a possibilidade de uma outra vida, caso ela exista. Por outro lado não se pode comprovar a possibilidade contrária, afinal, não se terá consciência dela.

 

“Ter medo da morte significa imaginar que sabemos o que não sabemos, pois sobre ela ignoramos tudo, e nem sabemos se não é um grande bem para nós. Ou é um desaparecimento da consciência, um sono sem sonhos que nada tem de pavoroso, ou, antes, uma viagem da alma que emigra para o país dos mortos; e então, que alegria poder continuar a sua pesquisa entre os grandes homens!” 76:33.

Sócrates (469-399 a.C.) em Fédon

 

Então, talvez morrer não seja de todo desagradável. Será que viver é que não seria a nossa “condenação”? Viver implica várias formas de sofrimento e uma busca incessante pela felicidade. Ademais, viver implica morrer um pouco a cada dia, de forma que o evento terminal de uma “vida”, ao qual chamamos “morte”, apenas é a cessação do processo de morte. Deveríamos, então, ter medo da vida e não da morte. Ademais a idéia de morte, para a visão cartesiana de que tudo pode ser previsto, quantificado e compreendido, é um absurdo, segundo pensava Arthur Shopenhauer (1.788-1.860). Nesse mesmo pensamento cartesiano, em que o tempo é linear, a morte não é o contrário da vida, mas sim do nascimento. Na verdade, nascimento e morte seriam apenas pontos de referência na estrada da vida.

As concepções atuais de morte se baseiam em concepções consideradas errôneas pela física atual, como a existência de um corpo que ocupa um espaço e que dura algum tempo (Cf. no artigo “As Novas Visões da Ciência“). O que é que morre? Na realidade a “morte” acontece a todo instante e durante toda a suposta “vida”, não sendo um mero evento terminal, como se poderia pensar.

A nível celular, longe de ser uma catástrofe, a “morte celular é parte integrante de um estranho processo de aprendizado e de auto-organização” conhecido como Apoptose. Presente desde o período embrionário, a apoptose é um “suicídio celular”, responsável, desde a separação dos dedos das mãos e dos pés, até a extinção em massa de uma superpopulação de células imunes sem função, após o debelar de uma infecção.

Essa capacidade de “se suicidar”, longe de ser uma exceção, é uma regra que depende, a cada momento presente, da capacidade de encontrar, no ambiente interno do corpo, sinais energético-informativos que a inibam. Essa capacidade de manter ligações provisórias com o meio interno, na forma de um diálogo permanente entre populações celulares, é o mecanismo responsável por gerar a vida e reprimir, momento a momento, o desencadear-se do “suicídio”.

Assim, a Apoptose é a responsável pelo constante renovar-se do nosso corpo, um processo escultural que renova, por exemplo, a mucosa do estômago em uma semana, a pele inteira em um mês, os ossos em três meses, o fígado em seis semanas, etc.. O corpo físico do homem, com seus cerca de 1028 átomos, troca aproximadamente 98% desses átomos todos os anos, de forma que em aproximadamente cinco anos todos os nossos átomos retornaram ao “barro” e outros foram colocados no lugar 33:97. O corpo físico “morre” a cada cinco anos. Então o que é que permanece?

O corpo físico está em constante troca com o ambiente que o cerca, pela respiração, pela ingestão e pelas eliminações. A pele deixou de ser o nosso limite externo. Em que momento o que pertencia ao Universo começa a fazer parte do corpo?  Em que momento o que pertencia ao corpo o deixa para o Universo? Afinal, o que pertence ao corpo e o que pertence ao Universo? Quando nos detemos a pensar vemos que tudo que se manifesta não possui nenhuma individualidade. Toda a criação visível é impermanente, impessoal e interdependente.

Outro fator complica mais o nosso raciocínio. Segundo a ciência atual, o tempo não tem uma natureza absoluta, assim como o espaço. Não existe algo como um tempo linear, pois o tempo está ligado aos nossos sentidos, faz parte de nós, de nossa mente. O homem é o único ser sensível e consciente na Terra que tem alguma percepção do que seja tempo linear. Logo, nascimento e morte, para a física moderna, são idéias construídas inconscientemente pela nossa mente, baseado numa interpretação do tempo como algo absoluto que faz parte de uma realidade exterior a nós mesmos. Nem esse tempo absoluto nem essa realidade exterior existem. A noção de um tempo fluindo unidirecionalmente é uma propriedade da mente humana, aquela parte nossa que interpreta o mundo, mostrando-nos o “mundo da mente” – um mundo que mente, ou um mundo de mentira.

Para alguns a única certeza que se tem é a da existência do passado, pois o presente é efêmero e não pode ser percebido e o futuro menos ainda. Essas pessoas vivem o passado, vivem com as mágoas, com os erros, com os arrependimentos e com as glórias desse passado. Deixam de viver o presente, convictos de que o presente é apenas o futuro do passado. A psicologia atualmente mostra que o passado está eternamente no presente e todos os complexos e feridas emocionais da infância nos acompanham no presente. O passado não é, nem mesmo, o passado.

A partir do que conceituamos como “o presente” é que sabemos o que é “o passado”. Então, a única coisa que existe é um eterno presente e vida seria “aquilo que nos acontece enquanto lembramos do passado ou fazemos planos para o futuro”, ou nas palavras do XIV Dalai Lama: “o presente é real” 28:57. Para alguns físicos, no moderno contexto de um tempo não-linear, os acontecimentos nos antecedem e não se cria nada de novo, pois todas as coisas já existem e apenas são redescobertas. Para Platão (428-348 a.C.), aprender é só uma questão de recordar.

 

“Nada que exista é realmente novo” 33:54.

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1.770-1.831)

 

Não existe o passado nem o futuro. Ou melhor, pode-se afirmar que o presente contém todo o passado, pois é o resultado dele, e embute também todo o potencial para o futuro. A luz das estrelas e a nossa própria existência, nos trazem uma recordação do Universo. Somos resíduos de estrelas que já sumiram, cuja luz nos traz à visão o relato de suas existências passadas. Podemos conceituar, então, que a Natureza possui uma forma própria de “memória”.  Poeticamente poderíamos dizer que somos uma tentativa das estrelas de olhar para si mesmas. Como seria o Universo sem uma consciência para percebê-lo? Não haveria beleza se não houvesse quem a percebesse.

Por outro lado, se pudéssemos extinguir a nossa memória pessoal e as nossas conjecturas, eliminando o passado e o futuro, só nos restaria um “agora”. Assim veríamos que o Universo está em um fluir constante, evoluindo a cada infinitesimal “agora” e deixando o seu rastro naquela “memória” própria da Natureza. Desta forma somos levados a concluir que o Universo é um processo no qual estamos englobados e somos levados, um processo criativo que ainda não acabou. Não houve uma criação do Universo e do homem; há uma criação do Universo e do homem. O ser humano é uma semente, uma possibilidade. O que é passado e futuro, então? (Cf. artigo “O Agora“)

 

“A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão, embora persistente” 33:187(numa carta em 1.955).

Albert Einstein (1.879-1.955)

 

“Não corras atrás do passado. Não busques o futuro. O passado passou. O futuro ainda não chegou. Vê, claramente, diante de ti o Agora. Quando o tiveres encontrado, viverás o tranqüilo e imperturbável estado mental” 17:64.

Sidarta Gautama, O BUDA (563-483 a.C.)

 

“O passado já foi. O futuro ainda não chegou. Temos somente hoje. Vamos começar agora” 12:61.

Madre Teresa de Calcutá (1.910-1.997)

 

Para John Archibald Wheeler, que defende a hipótese dos muitos mundos para explicar o mundo quântico (Cf. no Volume 1), tanto o futuro quanto o passado estão indeterminados. Da mesma forma que o observador influencia a trajetória e o comportamento das subpartículas, nas experiências realizadas nos aceleradores, na medida que a mente humana esmiúça o seu passado na busca da origem de tudo, ela influencia e seleciona uma entre as infinitas possibilidades de explicações (Cf. detalhes na página 189).

Que a mente é primordial no Universo já sabiam os egípcios e indianos há milênios de anos atrás (Cf. no Volume 1). Paramahansa Yogananda (1.893-1.952) afirma que a matéria nasce da Mente Divina e é perceptível à mente mortal e tanto a mente mortal quanto a matéria são manifestações efêmeras da Consciência Divina e têm existência meramente formal: “na realidade só a Mente Cósmica existe” 100:58. O budismo veio para esmiuçar essa verdade.

 

“A matéria-prima do Universo é a matéria-prima da mente”   98:26.

Arthur Stanley Eddington (1.882-1.944)

Físico e astrônomo inglês

 

“O fenômeno observado, e interpretado como externo a nós mesmos, é composto da mesma substância da mente. Negar a existência do objeto seria negar a existência da mente”  28:161.

Noção de vazio para a escola budista Cittamatra

 

Então o que é a morte? Na Antigüidade, o conceito de morte estava relacionado com a cessação da respiração, aliás, está escrito no Gênesis. Contudo, hoje em dia isso não é suficiente, pois se o tempo de parada respiratória for pouco, a pessoa pode ser reanimada. Nem a parada cardíaca é mais um parâmetro delimitador. No último século a morte passou a ser relacionada com a cessação da consciência e da atividade do sistema nervoso central: a morte do tronco encefálico. Esta ocorre em apenas alguns minutos de privação de glicose ou oxigênio. Mas há casos de pessoas que voltam à vida com seis meses e outros que permaneceram até 34 anos ligados a aparelhos. Ainda não somos capazes de dizer, em absolutamente todos os casos, quando uma pessoa já não tem nenhuma possibilidade de retornar à consciência. Então alguma variável ainda foge ao nosso conhecimento.

Se aplicarmos os novos conceitos de tempo, espaço e matéria à questão de um novo conceito de morte, iremos construir um argumento lógico em favor da sobrevivência à morte física, como fez o filósofo e psicólogo Lawrence LeShan 33:184, afinal no espaço-tempo transcende-se a noção de finalidade. Mas nem por isso a experiência humana irá se amoldar facilmente a essa idéia. Bilhões de pessoas já sumiram do planeta. Morreram! É um fato da vida. em 1.966

Pode-se pegar um atalho conceitual, e afirmar que morte é ausência de vida. Mas o que é vida? Existe vida após o nascimento? Realmente se vive, somente pelo fato de termos nascido? Afinal o que é que nasce e o que é que a morte faz cessar? Quais os atributos dos “seres viventes” que os distinguem dos “não-viventes”? Mente e consciência são cruciais nessa distinção. Mas como a matéria, que se considera destituída de vida, se combina para produzir vida consciente? As subpartículas estão presentes, da mesma forma, numa pedra, numa flor e no ser humano. Como os processos eletroquímicos do cérebro humano, com seus mais de 100 bilhões de neurônios, produzem consciência? O que é mente e o que é consciência? A consciência é o cérebro, é produzida por ele ou está além dele, além de todas as partículas físicas?

Desde que o “cérebro se tornou capaz de investigar o cérebro”, uma pergunta é repetida e respondida pelo homem: existe alguma forma de consciência após a morte do corpo físico? A neurociência não consegue, ainda, responder a essa questão. Não há nenhuma evidência que sim, nem que não. Para Roger Penrose, da Universidade de Oxford, a consciência se baseia nos fenômenos quânticos que ocorrem nos microtúbulos, componentes dos neurônios (SCIAM EE 4:8).

Não há um consenso nem uma lista de parâmetros para classificar algo como ser vivo. A ciência está se inclinando a admitir que o que se pode chamar de vida está presente no nível subatômico e que o próprio quantum é a unidade básica da consciência (Cf. no Volume 1). Essa complexidade da noção de vida implica necessariamente a existência de Deus, como Vida e Consciência que estariam em toda parte.

 Biólogos contemporâneos definem entidade viva como aquela entidade capaz de se criar de modo constante, de se transformar. Humberto Maturana e Francisco Varela usam o termo “autopoiese93:5, ou autocriação. A autopoiese seria uma forma de organização sistêmica em que os sistemas, como um todo, produzem e subsistem seus próprios componentes. Dessa forma, o nosso planeta seria uma entidade viva e auto-organizada, em constante transformação. Até a Internet, auto-organizada e em constante transformação, seria um gigantesco sistema vivo.

Mesmo a noção de a partir de quando o ser humano se torna um ser vivente, é uma discussão antiqüíssima e varia de acordo com a tradição sócio-religiosa. Quando, afinal, começa a vida? Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão (428-348 a.C.), defendia que a alma (a vida) entrava em fetos masculinos após 40 dias da fertilização e nos femininos no 90o dia 78:87. Paramahansa Yogananda (1.893-1.952) afirma, da mesma forma que a Igreja Católica, que a alma “desce” no momento em que o espermatozóide fertiliza o óvulo, criando o zigoto 100:64. No budismo, o momento da fertilização equivale ao verdadeiro nascimento. Para o xintoísmo, a criança só é um ser humano quando vê a luz do Sol. O Talmud diz que a criança só adquire identidade quando sua cabeça emerge do corpo da mãe ou tempos depois do nascimento, se o parto foi prematuro. Entre os índios americanos, a criança adquire vida quando a mãe a põe no colo. Já no Norte de Gana, a criança deixa de ser apenas um espírito, e habita plenamente o corpo, após o 7o dia após o nascimento e para os aborígines de Formosa somente haveria vida após a criança receber um nome, o que ocorria aos dois ou três anos de idade.

Para muitos médicos geneticistas a vida começa quando o zigoto se divide pela primeira vez, dando origem a duas células, mas os médicos que trabalham com fertilização in vitro declaram que a vida começa quando o zigoto se fixa na parede do útero, pois até 25% dos óvulos fertilizados não conseguem fixar-se no útero e são abortados, logo não haveria vida antes disso. Seriam apenas conjuntos de células que se reproduzem, e para que a vida “aconteça” é necessária a participação ativa da mãe e de seu útero. Nessa mesma linha de raciocínio, como a grande maioria dos abortos espontâneos ocorre até a 15a semana após a fertilização, alguns biólogos defendem que somente a partir de então haveria vida.

Para alguns cientistas, se o embrião tem potencial para se dividir em dois ou mais corpos (gêmeos), então não se pode falar de vida independente antes do décimo quinto dia após a concepção. Para os que acreditam que a vida “se esconde” de alguma forma no sistema nervoso, ou no coração então ela se formaria no 22o dia (forma-se o tubo neural), no 27o dia (o coração começa a bater), no 42o dia (surgem as ondas cerebrais), no 49o dia (o embrião já sente dor), ou na 20a semana (termina a formação do córtex cerebral).

À parte as tradições sócio-religiosas, o conceito de vida transcende o seu aspecto físico. A vida é algo que está além do corpo físico e que em algum momento passa a “habitá-lo” ou “preenchê-lo”: a dar-lhe vida. A medicina chinesa ensina que a vida surge quando o “imaterial” se une ao material. Para Carl Gustav Jung (1.875-1.961) o homem possui muitas coisas que nunca adquiriu por si mesmo, mas que herdou de ancestrais 19:74. Ao nascer, o homem já traria o esquema pronto de seu ser, tanto como indivíduo quanto como espécie humana. Afirma que a consciência não se cria por si própria, mas emana de profundezas desconhecidas, desperta gradativamente emergindo das profundezas do sono, de seu estado de inconsciência.

 

“Que é, afinal, a vida humana? Uma comédia… Para dizer a verdade, tudo neste mundo não passa de uma sombra e de uma aparência, mas o fato é que esta grande e longa comédia não pode ser representada de outra forma”  82:41.

Erasmo de Rotterdam (1.469-1.536)

 

Partindo do conceito científico moderno de que não existe algo como um corpo individual delimitado no espaço, pois todos os corpos são interdependentes, processos vivos compartilhados, e que a vida e a consciência devem estar de alguma forma escondidas no mundo quântico, pode-se afirmar que a vida é uma propriedade do universo em geral, ligada a tudo e a todos. Se a vida é Una, algo que está imerso em toda a manifestação, nós podemos concluir que para que algo morra é necessário que tudo morra.

 

“A morte de qualquer homem diminui-me, porque eu estou englobado na humanidade”  19:68.

Carl Gustav Jung (1.875-1.961)

 

“Eu, enquanto homem, não existo somente como criatura individual, mas me descubro membro de uma grande comunidade humana” 34:14.

Albert Einstein (1.879-1.950)

 

“O que é oposto à morte?… É o nascimento, pois a Vida é eterna!” 26:80

Sidarta Gautama, O BUDA (563-483 a.C.)

 

Esse moderno conceito científico é bem retratado numa oração teosófica, pronunciada antes de cada reunião: “Oh! Vida oculta, que vibras em cada átomo…; Oh! Luz oculta, que brilhas em cada criatura… Oh! Amor oculto, que a tudo abranges na Unidade…; Possa, todo aquele que se sente uno Contigo, saber que ele é, por isso mesmo, uno com todos os outros”.

Vê-se, novamente, que a ciência atual se aproximou das grandes tradições religiosas. Para essas, a morte não é um fim e a vida após a morte é um fato. A crença generalizada na existência da morte, como aniquilação individual, fez sumir a visão de longo prazo e afetou o planeta inteiro. Não se prepara mais o futuro, apenas se vive em busca de prazeres e desejos pessoais do ego. O capitalismo é uma forma de vida geradora de desejos. O homem está destruindo o planeta e a si mesmo. Definitivamente não há morte como a concebemos. A morte existe apenas porque não se sabe o que a vida é, porque ainda estamos inconscientes da vida, da sua ausência de morte.

Assim os que perguntam o que acontece após a morte o fazem por não lhes ter acontecido nada durante a vida. É necessário um nascimento espiritual, para que a Vida nos permeie em sua abundância. Quando se conhece a Vida, se conhece a morte. A morte é apenas uma transição de um estado de consciência para outro, e a única coisa que morre é a morte. A morte é apenas uma PASSAGEM. E essa passagem deve ser o triunfo de uma existência, seu mais glorioso momento.

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