A Meditação Dirigida

A Oração Devocional

“Senhor, ensina-nos a orar”.

(Lc 11:1)

 

“Orai sem cessar”.

Paulo de Tarso (I Ts 5:17)

 

“Deve-se rezar para ter mente sã em corpo são”.

Juvenal (poeta romano do início da era cristã)

 

Toda tradição religiosa ensina a rezar. Os primeiros mosteiros cristãos no Egito e Oriente Médio foram formados pelos Terapeutas do deserto, os “padres do deserto”, adeptos da vida contemplativa. Como dito no Volume 1, eles oravam ao nascer do Sol e ao seu pôr, e solitariamente dedicavam o dia a exercícios físicos e à interpretação das Escrituras, num santuário em suas residências. Mantiveram vivo um misticismo cristão até o século IV d.C.. Essa tradição, conhecida como Hesicasta, quase desconhecida no Ocidente, foi preservada na Igreja Ortodoxa russa e grega em uma coletânea chamada Philokalia, que contém ensinamentos completos e detalhados sobre a prece interior incessante, segundo 25 antepassados santos do cristianismo. Derivada do termo bizantino hézichia (silêncio ou quietude), é um método meditativo que lembra a necessidade da concentração na prática da oração. Essa concentração pode ser no sentido da oração ou não. No primeiro caso, a concentração em cada palavra mencionada ou pensada é imprescindível, como ensina a tradição Hesicasta.

“Escolha uma oração, seja o Pai Nosso ou qualquer outra, coloque-se na presença de Deus, tenha consciência do lugar em que está e do que está fazendo, e pronuncie as palavras da oração atentamente. Depois de algum tempo, descobrirá que seus pensamentos divagaram; então recomece com atenção. Talvez seja preciso fazer isto dez, vinte ou cinqüenta vezes; na hora de sua oração, poderá pronunciar apenas três sentenças, sem ir adiante; mas, neste esforço, conseguiu se concentrar nas palavras, de modo a apresentar a Deus, séria, sóbria e respeitosamente, as palavras de oração de que teve consciência e não uma oferenda que não é sua, porque não teve consciência dela”.

São João Clímaco (século VII)

Madre Teresa de Calcutá (1.910-1.997) também afirmava o mesmo: “Nós devemos saber o significado da prece que estamos fazendo e sentir a doçura de cada palavra, para que consigamos fazer com que essas preces sejam de grande benefício. Precisamos em certos momentos meditar sobre elas e, muitas vezes, durante o dia, encontrar repouso nelas” 12:42. Ela cita três tipos de oração: a vocal, a mental e a prece silenciosa 12:70-92. Na primeira, que lemos em livros, nós falamos com Deus. A segunda, não lida em livros, espontânea e simples, surge quando abrimos o coração e esquecemos do “eu” através da transcendência do corpo e dos sentidos (Cf. adiante em “A Meditação no Vazio”). Na última, no silêncio da ausência de palavras, conversamos com Deus e Dele recebemos dádivas. Quanto mais se recebe, mais se pode dar.

Santo Inácio de Loyola (1.491-1.556), que perambulava pelas ruas de Paris instruindo as pessoas a meditar, em seus “Exercícios Espirituais”, cita três modos de orar 56:95. O primeiro, não propriamente uma oração, é uma forma de auto-análise em que se medita nos Dez Mandamentos, nos sete pecados capitais, sobre o uso que fazemos de nossas três potências (inteligência, memória e vontade) e de nossos cinco sentidos. Esse tipo se enquadra melhor na qualidade de meditação analítica (Cf. adiante). No segundo modo de orar se contempla o significado de cada palavra em qualquer oração que se reze (o Pai-nosso, a Ave-Maria, o Credo, a Salve-Rainha e o “Alma de Cristo”), e no terceiro modo se sincroniza cada palavra da oração, dita mentalmente, com a inspiração ou com a expiração, de forma que no intervalo entre as palavras se analise o significado da palavra dita (oração por compasso).

Em algumas ordens monásticas, os monges liam ou, mais freqüentemente, ouviam a leitura de passagens das escrituras procurando envolver a mente e o corpo no exercício, por meio da repetição labial das palavras: a “oração discursiva”. A seguir meditavam sobre o significado mais profundo do texto e, quando o coração fosse tocado por algum aspecto (surgisse alguma emoção importante), passavam para a etapa da “oração afetiva”. Com a aquietação destas reflexões e movimentos de devoção, o monge era levado ao que era chamado de estado de “descanso na presença de Deus”, sendo este estado conhecido como contemplação (Cf. adiante em “A Meditação no Vazio”). Vemos aqui um exemplo de uma seqüência de técnicas meditativas, progressivas, levando a mente a um estado de quietude.

Para a carmelita Santa Teresa de Ávila (1.515-1.582), doutora da Igreja Católica, no seu livro “Castelo Interior ou Moradas”, oração significa reflexão: “Não chamo oração mexer com os lábios sem pensar no que dizemos, nem no que pedimos, nem quem somos nós, nem quem é Aquele ao qual nos dirigimos”  92:23. Afirmava existir três tipos de oração: a oração falada, a oração mentalizada e a oração de quietude (ou de recolhimento). Essa última seria a mais profunda forma de devoção, feita no silêncio interno da ausência de pensamentos, com vistas à união com Deus, a “oração perpétua”. Vemos aqui também uma evolução de técnicas meditativas até o mergulhar no silêncio interno (no vazio ou nada).

Na realidade, pode-se até recitar alguma palavra ou sentença sem que se saiba o sentido ou sem que se concentre nesse sentido, contanto que se concentre a mente na reverberação corporal que o som saído da laringe provoca. Se a frase é repetida mentalmente, a concentração deve ser dirigida à sincronização com a respiração. Aqui o mecanismo de ação muda, pois a repetição pura e simples gera uma monotonia que restringe o pensamento reflexivo.

 Mas algo é imprescindível, em cada um desses exercícios, monótonos ou reflexivos: a intenção devocional de busca pelo Amor. Por isso esses exercícios são muito praticados por todas as correntes religiosas devocionais, formas de Bhakti-yoga. Daí surgiram as ladainhas e os cantos gregorianos do catolicismo. Aliás, os cantos são excelentes formas de oração, em que naturalmente se sincroniza a verbalização das palavras na melodia com a respiração, e a repetição incessante de um canto faz reprimir o pensamento reflexivo e induzir à oração de quietude, a contemplação do vazio.

Mais do que orações, a melodia do canto e o som das palavras, por si sós, podem levar a um estado ampliado de consciência. São mantras que têm o poder de alterar a vibração pessoal e conseqüentemente as ondas cerebrais a um estado alfa e teta. É conhecido o emprego da música pelos sufis da ordem Chishti durante seus exercícios espirituais.

“… escutamos música e… nela percebemos certos segredos. Tocam[-se] música[s] e se submergem em ‘estados’”.

Provérbio sufi

Dom Basil Pennington, monge da ordem religiosa da Trapa (ordem derivada da ordem de Cister, que por sua vez deriva dos beneditinos), defende a “oração centrante” onde “apenas nos sentamos, ficamos em Deus e usamos uma pequena palavra de amor para descansar mansamente com Ele 94:24. A maioria [das pessoas] pensa que somos loucos. E o que temos? Não temos nada, inclusive abandonamos nossos pensamentos, abandonamos tudo. Morremos para o falso ‘eu’  94:25”.

Essa prática é descrita também no livro “O Caminho de um Peregrino”, onde um strannik (peregrino russo) buscava compreender as palavras de São Paulo: “Orai sem cessar” (I Ts 5:17), “orar em todas as circunstâncias, pelo Espírito” (Ef 6:18), e “em todo lugar, levantando as mãos puras” (I Tm 2:8). Passagem semelhante existe também no Cântico dos Cânticos, a bela poesia de Salomão que na realidade relata o enlevo amoroso da alma humana por Deus: “Eu dormia, mas meu coração velava” (Ct 5:2). Mas como orar sem cessar, em todas as circunstâncias inclusive dormindo??! A maioria de nós nem imagina como isso é possível e essa ignorância vem de muito tempo: “porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém” (Rm 8:26).

“Não é necessário estar sempre meditando, nem conscientemente experimentar a sensação de que estamos falando com Deus, não importando o quanto isso seja bom… 12:50 Permita que seu coração aceite como vindo de Suas mãos tudo o que lhe acontece… 12:94 Um coração como esse estará orando continuamente 12:94”.

Madre Teresa de Calcutá (1.910-1.997)

 

Quanto a uma hora certa para a prática da oração, Madre Teresa de Calcutá, assim como o Philokalia, afirmava que podíamos rezar a toda hora, até enquanto trabalhávamos: “o trabalho não interrompe a prece, e tampouco a prece interrompe o trabalho… 12:41 Há algumas pessoas que, para não rezarem, usam a desculpa de que a vida é tão agitada que as impossibilita de fazer uma oração 12:50”.

Segundo a Philokalia, a oração interior incessante é a invocação contínua e ininterrupta, durante qualquer atividade, em todos os lugares e momentos (inclusive quando se dorme), do nome de Jesus Cristo, com os lábios, a mente e o coração, enquanto se traz Sua constante presença à mente 68:17. Ele recomenda a seguinte invocação: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tenha piedade de mim!”  que em grego é pronunciada da seguinte maneira: “Kírie Iussu Christé, Ié Tu Theú, Eléison Mê Tôn Amartôlo” (?y??? ??y??y ??????, ??? ??y ???y, ???y??? ?? ??? ????????). A técnica é a seguinte, segundo São Simeão:

“Em seguida, sentado numa cela tranqüila, retirado num canto, faz o que te digo: fecha a porta, levanta teu espírito acima de todo objeto vão e temporal, em seguida, apoiando a tua barba sobre o peito e voltando o olho corporal e concentrando todo o espírito sobre o meio do ventre, ou melhor, do umbigo, comprime a respiração do ar que passa pelo nariz de maneira a não respirar à vontade e explora mentalmente o meio das entranhas para aí encontrar o lugar do coração que todas as potências da alma gostam de freqüentar”.

E o peregrino russo conta a sua experiência:

“Fechei os meus olhos e examinei mentalmente o meu coração. Tentei visualizá-lo no lado esquerdo do peito e ouvi com atenção os batimentos… No início só via escuridão, mas logo uma imagem do meu coração, assim como o som do seu bater natural, formaram-se na minha mente. Então comecei a repetir a oração de Jesus no coração, acompanhando o ritmo da respiração, conforme São Gregório do Sinai, Calisto e Inácio ensinavam, isto é, concentrando minha mente no coração ao mesmo tempo [em] que visualizava, inspirava e dizia “Senhor Jesus Cristo”, e depois soltava o ar e dizia “tenha piedade de mim”. Para começar, fazia esse exercício durante duas horas… aumentei o tempo até… repeti-lo quase o dia inteiro… Depois de três semanas, passei a sentir uma espécie de ardência no coração, seguida pelo tipo mais delicioso de calor, alegria e paz… A partir daí passei a experimentar sensações diferentes no meu coração e na minha mente. Às vezes meu coração borbulhava e parecia transbordar de tanta doçura, cheio de leveza, liberdade e consolação… Outras vezes, eu era consumido por um amor ardente por Jesus Cristo e por tudo o que Deus criou. Às vezes, lágrimas de gratidão… notei que os efeitos da prece do coração se manifestam em três níveis: no espírito, nos sentimentos e através de revelações… [que] traziam luz para o intelecto, a compreensão das Sagradas Escrituras, o conhecimento da língua de todas as criaturas, distanciamento de todas as preocupações, o gosto dos doces prazeres da vida espiritual e a convicção da presença de Deus e do Seu amor por nós… [Após] cerca de cinco meses na solidão desse exercício de prece… [senti] que minha mente e meu coração começavam a agir e recitar a prece sem qualquer esforço da minha parte. Isso acontecia não só quando estava desperto, mas quando dormia também, e nada era capaz de interrompê-la”  68:45.

Observe o uso do sincronismo com a respiração como método auxiliar à oração. Essa é uma forma de oração que leva a transcendência do pensamento e do sentimento, pois embora a oração possa ter um profundo sentido e se conheça esse sentido, o praticante não se preocupa com ele. Na realidade os mantras são palavras de poder que não apontam para si mesmas e sim símbolos que apontam para o divino.

Padre William Johnston cita como tradicional, dentro do cristianismo, o nome de “Jesus” ou “Deus” como um mantra simples, com significado pessoal, usado em momentos de desolação, como defesa “na luta e na paz”, para dominar toda distração afastando pensamentos inoportunos, sem discorrer sobre o sentido ou conotações do mesmo, mas preservando a simplicidade da mera repetição. “Faze isto e te asseguro que esses pensamentos se desvanecerão… porque recusaste desenvolvê-los pelo debate” 44:61. Essa prática está sendo revivida no Brasil pelo padre Marcelo Rossi.

Com o progredir da prática, a oração que se originava do intelecto agora, enfim, brota do interior do ser e só então é conscientizada.

“A verdadeira prece cristã não é a minha prece, mas a prece de Cristo. É a voz de Cristo em minha alma, a clamar: Aba, Pai!” 43:30.

Padre William Johnston

 

A forma católica mais acessível de meditação dirigida por uma oração devocional é a recitação do “Pai Nosso”, da “Ave Maria”, do Credo, da Jaculatória e do “Salve Rainha”, contidos no Rosário a Nossa Senhora, geralmente realizados diariamente ao final da tarde (17 às 18h). Pode-se recitar esse Rosário concentrando-se no significado das palavras, concentrando-se na sonoridade das mesmas ou apenas concentrando-se na respiração, onde cada expiração deve ser suficiente para recitar uma “Ave Maria” inteira ou metade de um “Pai Nosso”.

Uma prática mais recente é o Rosário da Divina Misericórdia. Em 1.934, a polonesa Santa Faustina Kowalska (1.905-1.938) iniciou seu diário intitulado “A Misericórdia Divina em minha alma”, no qual relatava suas visões e conversas com Jesus Cristo na qual Ele lhe faz diversas recomendações 31:7. Manda, então, pintar uma representação da imagem do Cristo que lhe aparecia (a primeira vez foi em 22 de fevereiro de 1.931) e recomenda rezar o Terço da Divina Misericórdia (Cf. no APÊNDICE) diariamente às 15hs (horário da morte de Jesus).

No islamismo, a principal prática de oração devocional é a recitação da primeira Shahada: “La illáha ila Al-lah” (Não existe divindade senão Deus). No sufismo, a recitação é uma prática espiritual ritual conhecida como Zikhr (recitação ou recordação). Munidos da intenção de buscar a Verdade (al-Haqq, um dos 99 nomes de Deus, citado no Alcorão – veja no APÊNDICE), invocam a bênção dos Profetas (Maomé, os mestres do passado e os atuais), recitam a oração que inicia o Alcorão e, de olhos fechados e movimentando a cabeça ritmicamente, repetem a primeira Shahada por cerca de 15 minutos (usam um rosário de 99 contas conhecido como tasbi), acompanhado de uma respiração cada vez mais forte e cadenciada. Seguem-se, então, 30 minutos de silêncio e interiorização, numa invocação muda, após o que recitam outra oração do Alcorão, reafirmam sua intenção em buscar a Verdade e encerram o ritual.

Paramahansa Yogananda (1.893-1.952) ensinou uma técnica conhecida como “técnica de afirmação”. Nela, se repete verbalmente um pequeno “decreto”, uma proposição de vida, de mudança de hábito ou uma Verdade Universal, em voz alta. Então se vai diminuindo a intensidade da voz até ela se tornar um sussurro verbal e em seguida um sussurro mental, por no mínimo 10 minutos, até se entrar no silêncio da ausência de palavras e pensamentos.

A tradição do budismo Shingon, as escolas hindus de Mantra-yoga, o budismo tibetano Vajrayana, a meditação transcendental de Maharishi Mahesh Yogi e muitos outros, utilizam mantras (palavras ou frases curtas) como forma de oração. Aqui o ensinamento é o mesmo: de se concentrar no sentido do mantra. Mas quando não há nenhum, se concentra na sonoridade do mesmo, ou se sincroniza com a respiração, até se chegar a um outro estado de consciência. Na seita Amida do budismo se repete a frase Namu Amida Butsu (Glória ao Buda Amida) indeterminadamente, até que a frase fique a reverberar por si mesma, sem influência da mente, do “eu”.

“O japa (recitação) é de três tipos: manasa, upamsu e vachika. Manasa japa é inaudível, mesmo para quem o está fazendo. Upamsu japa é aquele que somente pode ser percebido pela pessoa que o está vocalizando. Vachika japa é aquela repetição em que o mantra é audível. O upamsu japa é dez vezes e o manasa japa é mil vezes mais poderoso que o vachika japa. Japa em velocidade muito baixa pode produzir doenças. Japa demasiado rápido compromete o progresso. Portanto, o japa deve fazer-se de forma contínua e uniforme, como as pérolas de um colar”  50:159.

Mantra Yoga Samhita, 64

De qualquer forma, a concentração numa palavra, numa frase ou numa oração (que pode ser um mantra hindu ou budista, ou uma jaculatória cristã, etc.), visa a direcionar a mente a um só ponto e controlar o livre fluxo dos pensamentos. Mas não se deve dar importância absurda à questão do controle dos pensamentos. Não se deve brigar com os pensamentos, quando notarmos que a mente vagueia a esmo, distraindo-se do objetivo central. Essa é a natureza da mente e ela capta, a todo o momento, pensamentos externos e forma outros internos, com base em aspectos nossos que devem ser trazidos à consciência e resolvidos, numa sucessão contínua e ininterrupta. Desse modo não devemos achar que está tudo perdido se a mente insiste em se distrair.

Os pensamentos internos, que tem como base nossa memória e nossos sentimentos envolvidos com fatos do cotidiano, devem ser analisados buscando a se entender o seu mecanismo. Transforma-se, então, a oração em uma meditação analítica (Cf. adiante). Quanto aos pensamentos que continuam, os não originados em nosso interior, a nossa atitude deve ser de apenas os deixar passar e voltar a nossa atenção à respiração ou à oração. Observar o seu surgimento e o seu desaparecer, continuamente, sem apegar-se a nenhum deles. Apegar-se a um pensamento é ir junto com ele e vivê-lo, mudando o foco de nossa concentração para eles. Quando ficamos a observá-los colocamos nossa consciência além dos pensamentos, num ponto em que parece que estamos separados do corpo, totalmente concentrados na oração, embora percebamos também, num nível inferior, as distrações infindáveis da mente. Assim pode-se sentir a presença do Divino enquanto a imaginação vagueia pelo mundano.

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