A nossa diversidade espiritual e material de sempre

Desde que passamos a existir com a nossa individualidade espiritual imortal, cada um é um ser sui generis, com um ritmo de evolução, que só pode ser determinado por nós mesmos. Deus está sempre pronto para nos receber de braços abertos, quando quisermos. É o que nos mostra a parábola do filho pródigo. Por isso, é estranha a doutrina da graça de são Paulo e santo Agostinho, segundo a qual tudo de bom que espiritualmente acontece conosco é uma dádiva gratuita de Deus, pois que nós, por nós mesmos, nada poderíamos fazer de bom. Estranha, porque o ensino de Jesus é de que a cada um será dado segundo suas obras. Na verdade, Deus dá graças infinitas para todos, pois Ele não faz acepção de pessoas. Mas a vivência delas depende do nosso livre arbítrio.

E o próprio Paulo nos adverte que podemos ter uma fé que transporte montanhas e falarmos a língua dos anjos mas, se não tivermos caridade, nada somos. Também são Tiago afirma que a fé sem obras é morta. As obras da lei, que Paulo diz que não salvam, são as leis mosaicas: lavagem das mãos antes das refeições, circuncisão, etc. Além do que já dissemos da doutrina da graça paulina e agostiniana, podemos aceitá-la no sentido de que Deus é o Senhor de tudo e é a causa primária de todas as coisas. Mas o responsável por nosso destino de felicidade ou desventura no futuro imediato é o nosso livre arbítrio, o qual foi Deus mesmo que no-lo quis dar. Ele é, pois, um atributo nosso tão sagrado, que até Deus o respeita. Nós é que, por sermos imperfeitos, desrespeitamos o livre arbítrio dos outros, o que, aliás, aumenta o nosso carma negativo. Vimos que somos os autores de nosso destino imediato, pois vamos colhendo o que plantamos.

Porém, o autor do nosso remoto e definitivo destino é Deus, que nos predestinou, ao nos criar, a sermos, um dia, plenamente felizes. Mas isso só depois de evoluirmos bastante e após termos resgatado tudo até o último centil (centavo), ou seja, quando estivermos quites com a lei de causa e efeito ou cármica, que a Igreja denomina Purgatório, o qual ela afirma hoje não saber onde ele fica, o que escancara as portas para crermos que ele é aqui mesmo na Terra, que é o vale de lágrimas da oração católica da Salve-Rainha, a qual nos lembra a idéia da reencarnação contida na voz do povo, que é a voz de Deus, e que afirma à saciedade que “aqui se faz e aqui se paga”! Lembremos-nos aqui de que não é porque passamos por um ritual religioso externo de iniciação que evoluímos, mas por uma conversão (metanóia), uma reforma íntima ou mudança de vida de fato. Cada um de nós estará sempre num grau diferente dessa evolução Por isso, é válido dizermos que nós estamos sempre numa jornada e nunca numa chegada.

Jesus disse que Deus trabalha até agora e Ele tem que trabalhar também. E pergunto: nós é que vamos ficar à toa? Os anjos, que já estão bem à nossa frente na vivência do amor incondicional ou o “oniamor”, não param também de trabalhar. É notório o labor deles na Bíblia. É óbvio que é livremente que eles fazem seu constante trabalho, que os faz ascender, cada vez mais, na sua escalada angelical iniciada lá nos minerais e que, hoje, são os querubins, os serafins, os arcanjos, etc. Também nós é que determinamos o ritmo de nossa chegada, um dia, ao nível angélico. As várias moradas do Pai são as diferenças ou diversidades da nossa evolução espiritual pelas eternidades afora!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *