LIÇÕES DE COPENHAGUE

O mundo todo está se perguntando pelo alcance dos acordos, ou desacordos, obtidos em Copenhague, na Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (COP 15).

Pela primeira vez, representantes de todos os países do mundo se reúnem, preocupados com as conseqüências do aquecimento global. Ele é causado pelas emissões de dióxido de carbono (CO2),  que lançam na atmosfera gases de efeito-estufa, que estão progressivamente aumentando a temperatura média no planeta. Isto traz conseqüências muito preocupantes para as condições de vida. Elas são visíveis sobretudo pelo derretimento das geleiras, que se constituem na maior reserva de água doce do mundo.

Parafraseando a bíblia, como em Jerusalém, em Copenhague também se encontram “representantes de todos os povos, línguas e nações”.  Mas a reunião das Nações Unidas, por enquanto, se assemelha mais a Babel do que a Pentecostes. Mesmo diante de evidências que saltam aos olhos, está difícil um entendimento mínimo, que estabeleça metas concretas de diminuição dos gases de efeito estufa.

Mesmo em meio à espessa neblina produzida pelos muitos interesses contraditórios que se fazem presentes em Copenhague, é possível perceber algumas verdades importantes, nas estrelinhas das discussões.

A primeira delas, é a urgência de mensurar melhor o alcance verdadeiro da mudança climática. Sobre isto se produz um consenso. Todos estão de acordo em estabelecer o ano de 2020 para conferir como estará a situação do planeta.

Esta urgência em voltar a medir a situação, revela outra verdade. O aquecimento global é fruto de um processo em andamento. Não é fácil deter uma dinâmica que vem se acentuando há alguns séculos. Alguns até se perguntam se já não é tarde demais para reverter este processo.

Neste caso, as condições de vida em nosso planeta teriam seus dias contados. Mas o evidente desacordo em tomar agora medidas imediatas, revela que não existe consenso em torno desta previsão mais pessimista. A diferença de interpretação do fenômeno está na base dos desacordos manifestados ao longo de toda a Conferência de Copenhague.

Independente do alcance da COP 15, o certo é que, definitivamente, a questão ecológica passará a ser uma referência indispensável nas projeções do desenvolvimento. A sustentabilidade se constituirá em critério, que necessitará ser urgido e cobrado com rigor.

Isto acontecerá, na medida em que for crescendo, em todas as pessoas, a consciência da importância de preservar o meio ambiente, e de agir em sintonia com a natureza.

Neste ponto, emerge outra verdade, que passa a ser lida de modo diferente. A boa filosofia sempre falava na “lei natural”, que devia ser levada em conta pelo correto agir humano. Agora, levamos um susto ao perceber o tamanho das conseqüências do agir humano que não se preocupou com os limites da natureza. Mas o contexto atual leva a entender melhor a tal “lei natural”. 

A natureza não é estática. Ela é dinâmica. Em conseqüência, sua dinâmica interna, sua “lei natural” precisa ser entendida em sua trajetória contínua, em sua velocidade, em seu dinamismo. Precisamos decifrar o que a natureza nos diz na perspectiva de sua evolução, em seu potencial, em sua finalidade. Estamos nos dando conta que fazemos parte de uma trajetória, embarcados numa “nave espacial” muito mais complexa e mais sofisticada. É indispensável agir de acordo com o “plano de vôo”. Ele permite alguma instabilidade, produzida por alguns passageiros irresponsáveis. Mas está na hora de pôr ordem na casa, para salvaguardar sua integridade, e prosseguir o seu vôo. Na hora adequada, o piloto avisará a tripulação para preparar o pouso.

– Em que aeroporto?

 

 

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