Vamos caminhar por um breve relato de como a história e a paleontologia atual concebem o início das primeiras civilizações. Seus auges e suas decadências, no pequeno mundo antigo, cujos vestígios podem ser estudados na atualidade. Aqui a ciência tem como aliado importante o estudo da língua e de documentos escritos (filologia) para esclarecer os pontos obscuros das migrações e da evolução das nações no tempo.
No século passado, antropólogos vitorianos adotaram o termo selvageria para a época em que o homem vivia da Natureza mediante a caça e a coleta. Esta deu lugar à barbárie das primeiras comunidades agrícolas até o advento da escrita que marcaria o surgimento da civilização. Este marco não é o único critério para determinar esta, pois está intimamente ligada ao ato de viver em cidades. A arquitetura monumental (templos, túmulos e palácios) e a divisão hierárquica das sociedades são também elementos importantes.
Durante mais de 3 milhões de anos o antepassado do homem viveu caçando animais e colhendo frutas, sementes e mel. Analisando o DNA mitocondrial, geneticistas comprovaram, através da análise das mutações, que a incrível semelhança existente hoje, comprova que houve uma redução populacional de grandes proporções há cerca de 80 ou 70 mil anos atrás. Essa data coincide com a maior erupção vulcânica que se tem notícia, ocorrida há 74 mil anos no vulcão Toba. Admite-se que a população humana tenha sido reduzida à cerca de 5 ou 10 mil humanos. Coincide também com o provável segundo cataclismo na Atlântida lendária (Cf. “A Quarta Raça”).
De qualquer forma, talvez o marco mais importante, como fator agregador e socializante, tenha sido o domínio do fogo pelo homem. Vestígios de fogueiras foram encontrados na Hungria e norte da China, datando de cerca de 400 mil anos atrás. O fogo trouxe uma “segurança psicológica” enorme, como proteção contra outros animais. O homem pôde dormir, sonhar e desenvolver sua psique. Reunidos em volta dele para se aquecerem e confeccionarem suas armas, viram a necessidade de se comunicarem uns com os outros. Enfim, possibilitou a sua sobrevivência à época das glaciações e até a sua migração para áreas mais geladas, onde normalmente não iriam.
A última glaciação terminou há cerca de 10 mil anos atrás, quando então começaram a surgir vegetações nos desertos que rodeavam o equador, época em que o homem começou a adotar a agricultura como meio de vida. É surpreendente como ela se desenvolveu de forma independente em zonas do mundo distantes e na mesma época: Oriente Médio há 10 mil anos, Mesoamérica há 9 mil anos e China há 8 mil anos.
Recentemente, um dos observatórios astronômicos mais antigos da Europa foi encontrado por uma equipe de arqueólogos ao norte de Leipzig, na Alemanha. Acredita-se que ele tenha sido construído há 7.000 anos, dois milênios antes das famosas ruínas de Stonehenge (Reino Unido). O observatório é formado por dois conjuntos de círculos concêntricos, um com quatro círculos grandes (o maior tem 120m de diâmetro) e o outro, com dois menores. Os quatro círculos têm duas aberturas, uma voltada para nordeste e outra para sudeste. Para os homens pré-históricos, observar a posição dos astros era fundamental para entender a mudança das estações do ano – que determinava os períodos de caça e coleta.
Povos nômades já existiam há cerca de 8.000 anos (2 mil anos após o término da última glaciação), nas margens dos rios Tigre e Eufrates e do rio Nilo, no vale do Indo, no norte da China e na ilha de Creta. A civilização conhecida teria começado a surgir ao norte da Grécia (nas planícies da Tessália e Macedônia, ao sul da Península Ibérica), no Vale do Indo (Índia), ao leste da China (vale do Rio Amarelo, período Chang, 2.500 a.C.), na Mesopotâmia dos rios Tigre e Eufrates e no Egito do rio Nilo. Nessa época viviam povos nômades no deserto da Arábia e do Egito, nas estepes russas, e inúmeros povoados agrícolas no planalto iraniano, sul da Índia, no leito do rio Ganges, na Indochina, no Vale do Amur – leste russo, na Mongólia, no Cazaquistão, Escandinávia, Anatólia e Europa.
Desenvolveram-se independentemente, atingindo o seu apogeu por volta do terceiro milênio antes de Cristo, de uma forma harmônica e espiritualizada no respeito às forças da Natureza, no conhecimento do bem e do mal, e na crença de Algo incognoscível e infinitamente superior a eles próprios (Cf. RELIGIÕES “PAGÃS” e RELIGIÕES ANTIGAS).
Mas logo a lei do ritmo (vide adiante na religiosidade egípcia) levou a uma tendência oposta, deturpando a espiritualidade na idolatria e em cultos espúrios e dando origem a uma seqüência de guerras internas e conquistas, principalmente na Mesopotâmia. Esse período, de grandes impérios, fez florescer o império Babilônio e o Egípcio. Devido a suas guerras internas e à política expansionista em voga, o império egípcio sofreu domínio do império babilônio, seguido pelo arquemênida persa e posteriormente pelo selêucida grego, seguido do romano. Nesse período, quase intocado permaneceu o reino da Índia e da China, e, de uma forma humilde, florescia um povo fortemente unido, os hebreus, apesar de sofrerem, seguidamente, domínio egípcio, babilônio, persa, grego e romano.
Vemos que sempre houve uma inter-relação entre todos os povos, uma interdependência entre eles. O que acontecia a um sempre era conseqüência de algo que aconteceu em outro, que por sua vez interferiria em todas os demais. Vemos isso nos dias de hoje, num mundo em que a globalização nada mais é que a conscientização coletiva desse princípio quântico de interdependência. As nações não mais resolvem os seus problemas sozinhas, precisando sempre das outras para caminhar e evoluir.
Vamos, agora, passear por um breve resumo da história das civilizações que contribuíram na formação de nossa atual cultura mundial.