Principais Escolas Budistas

Chamado de “Olho do Mundo” e “Luz Inigualável”, Buda recomendava amar os inimigos, não acumular supérfluos, pagar o mal com o bem, respeitar os pais e os mais velhos e louvar a paz interior.

 Leia também:

Gautama: o Aparecimento e Difusão do Budismo

Pensamentos Recolhidos em Textos Budistas e Zen-Budistas

Dicionário-Texto de Budismo

Órion: Filosofia, Religião e Ciência (Volume 1)

Adquira já o seu!!

 

Dizia Buda: “Eu conheço Deus e seu reino e o caminho que conduz a Ele… Aqueles que acreditam em mim e me amam serão certamente recebidos nobrahmaloka (reino de Deus). Os que acreditam em mim serão salvos”. Impôs aos seus seguidores: “Ide, ó monges, e vagai sem rumo, em benefício e bem estar de muitos, e, devotados à causa, não espereis a complacência do mundo. Que nenhum de vós percorra a mesma estrada. Ensinai o bem… não somente na sua letra, mas também no seu espírito. Apresentai a prática da vida religiosa na plenitude de sua pureza”. Viviam como mendigos e de esmolas, com suas vidas pautadas pela renúncia, ocupando-se na meditação sobre os ensinamentos do Mestre e procurando a libertação de todas as paixões humanas. Ensinavam, como o Vedanta também ensina, que era um dever do homem rezar pelos outros antes de rezar por si mesmo, e que se tinha que mandar um bom pensamento a todos os seres vivos antes de nos oferecermos aBrahman. Sua profissão de fé consiste nas Três Jóias: procuro refúgio em Buda, na Lei e na comunidade budista.

Sua doutrina espalhou-se rapidamente, de forma que em 300 anos já havia cerca de 18 escolas diferentes. Entre os séculos V e I a.C. foram realizados quatro concílios, que deram origem ao cânone páli, a Triptaka. Surgiram também as escolas Mahasanghika e Sthaviravada (esta deu origem, no Sri Lanka, à escola Theravada – escola dos anciãos) à época do imperador Ashoka (273-232 a.C.), o qual, como dito anteriormente, promoveu uma ampla divulgação do Dharma (Lei), por todo o mundo conhecido. No século I a.C. (25-17 a.C.), no quarto concílio budista, a doutrina, que era memorizada oralmente e fora assim transmitida por mais de quinhentos anos, foi afinal registrada em folhas de palmeira, no reinado de Kanishka.

O chamado “Cânone Pali” (Triptaka) divide-se em três grupos de livros, que juntos correspondem a um volume cerca de 12 vezes maior que a Bíblia cristã: o Vinaya-pitaka (Livros de Disciplina, com regras para a Ordem Budista e regulamentos para a vida), o Sutta-pitaka (Livros de Doutrina, com ditos e diálogos de Buda, consiste em cinco Nikayas) e o Abhidhamma-pitaka (tratados de teologia).

Para se ter uma idéia da grandiosidade da obra, o Sutta-pitaka é organizado em Digha Nikaya, Majjhima Nikaya, Samyutta Nikaya, Anguttara Nikaya e Khuddaka Nikaya, sendo, somente esse último, uma coletânea de 15 livros, entre eles as Jatakas (Histórias de Nascimento), o Sutta Nipata (diálogos poéticos), o Udana (Pronunciamentos Solenes de Buda) e o Dhammapada (Caminho da Virtude), livro esse de autoria desconhecida no qual os ditos de Buda, proferidos durante 45 anos, foram colecionados em provérbios. Uma nova interpretação do Abhidhamma-pitaka deu origem à escola Sarvastivad.

Em termos gerais, o Yoga, o Tantra e o Budismo passeiam pelo conhecimento mental individual, através da meditação, com o objetivo de parar o fluxo dos pensamentos. A diferença básica é que os dois primeiros utilizam-se de posturas corporais (ásanas) como forma de facilitar esse objetivo. O Budismo não as utiliza, quando muito utiliza-se de visualizações, mantras e mudras, que são também utilizados nos dois primeiros.

O budismo, com o passar dos tempos, expandiu-se em muitos países. Por volta dos séculos I e II, novos sutras, atribuídos a “Budas transcendentes” (Dhyani-buddhas), seres da iluminação (Bodhisattvas) ou ao próprio Buddha Shakyamuni, deram impulso a um movimento que passaria a se autodenominar como o Grande Veículo (Mahayana). Os adeptos da Escola Theravada, ortodoxa, consideravam-se os preservadores dos ensinamentos verdadeiros de Buda e não aceitavam os sutras novos do budismo Mahayana. Porém, um dos textos de seu cânone (Uttaravipatti Sutta, Anguttara Nikaya IV:163) afirma que “tudo o que for bem dito é a palavra do Buda”. Esta afirmação tem sido tomada pelo Mahayana para legitimar seus sutras.

  • Vajras: são divindades mais próximas da condição humana e estão abaixo do grau dos Buddhas e Bodhisattvas.
  • Bodhisattvas: um ser no caminho de alcançar o estado de Buda (iluminado). Os principais são oito – Avalokiteshvara (Senhor que observa do alto), associado à compaixão, que elimina o veneno do apego (desejo); Manjushri, associado à sabedoria, que elimina o veneno da ignorância (desconhecimento); Vajrapani, associado aos métodos ou meios hábeis, que elimina o veneno da raiva (ódio, aversão), Samantabhadra, protetor dos que ensinam o Dharma; Maitreya, que virá restaurar o Dharma; Kshitigarbha, aquele que abarca a Terra, libertador das tormentas; Mahastamaprapta, que ajuda a despertar a natureza búdica; e Akashagarbha, Bodhisattva da sabedoria e da compaixão.
  • Dhyani-buddhas: são seres transcendentes que simbolizam as forças das cinco sabedorias – Vairochana (sabedoria do espaço absoluto), Amitabha (sabedoria diferenciadora), Akshobhya (sabedoria que é como o espelho), Padmasambhava (sabedoria da equanimidade) e Amoghasiddhi (sabedoria que tudo realiza).

 

Dessa forma ocorre o VI concílio budista, em Caxemira. A escola Mahayana posteriormente adotou o nome Hinayana  (Pequeno Veículo) à escola Theravada, que seguia fielmente o cânone páli. Essa, ortodoxa, se estabeleceu no Sri Lanka, Camboja, Laos, Birmânia, Paquistão oriental e Tailândia, se atendo à letra, enquanto a primeira, mais flexível, defende que o espírito da doutrina é o mais importante. Expandiu-se ao Nepal, Tibete, Mongólia, China, Vietnã, Coréia e Japão. A Escola Mahayana procurava uma interpretação mais profunda da Lei, pela especulação filosófica.

Acentuam os mahayanas o aspecto social e a preocupação com a salvação dos demais, o amor e a compaixão, dando grande ênfase ao ideal do Bodhisattva, indivíduo altamente espiritualizado que, levado pela compaixão, retardava a sua iluminação para ajudar aos demais a encontrar a salvação, venerando-os e também aos Budas transcendentes. O cerne do pensamento Mahayana é o sutra Avatamsaka que deu origem à escola de mesmo nome, cuja concepção demonstra a unidade e inter-relação de todas as coisas e eventos, a teia-cósmica, e descreve o mundo como uma perfeita rede de interações 2:82. Assim explicam o difícil conceito de vazio (shunya), necessário para se entender o moksha ou nirvana.

Já os hinayanas exortam à preocupação em não prejudicar ninguém, seguindo o caminho da ahimsa (não-violência) e buscando a liberação individual do sofrimento – moksha ou nirvana. As Quatro Nobres Verdades, os 37 aspectos do caminho para a Iluminação, os três treinamentos mais elevados (os da moralidade, concentração e sabedoria ou insight) são a sua essência.

Por volta do século V surge na Índia a escola Vajrayana (ou Tantrayana), uma forma específica de budismo Mahayana, de origem obscura. Essa nova escola diferia da Mahayana, conhecida como Paramitayana (ou Sutrayana), por afirmar que a iluminação poderia vir em poucos anos ou poucas vidas, ao contrário dessa última que poderia demorar milhares de anos. No século II, vários textos budistas continham preces compostas de várias sílabas sem significado, mas extremamente poderosas. Entre os séculos VI e X seus ensinamentos foram registrados nos Tantras budistas, escrituras esotéricas sobre a transformação da mente através de meditações, visualizações e cerimônias. Garantem ser possível a iluminação em período de tempo relativamente curto, extraindo os três venenos da mente – desejo (apego), ódio (raiva, aversão) e ignorância (desconhecimento) – usando os seus respectivos antídotos – os meios hábeis, a compaixão e a sabedoria.

As escolas Theravada, Mahayana e Vajrayana contam, respectivamente, com aproximadamente 125, 185 e 20 milhões de adeptos no mundo.

Vale aqui ressaltar que o tantrismo hindu (xivaísmo ou shaktismo) é diferente do tantrismo budista. O Tantra budista utiliza o conceito de Shakti como Maya (força que cria ilusões) da qual nos libertamos somente pelo Prajna (conhecimento e sabedoria), ao contrário do Tantra hindu que considera Shakti como poder e força divina da criação, aspecto feminino do supremo Deus. Dessa forma, para o budismo, Prajna é mais poderoso que Shakti, essa sendo apenas a força cega da criação do mundo.

O Theravada, o Mahayana e o Vajrayana são vistos como caminhos sucessivos até a iluminação. A prática Theravada isoladamente pode levar à iluminação; com a Sutrayana também é possível a iluminação. Elas formam uma base firme para se alcançar essa meta. Mas o Vajrayana isoladamente não leva à iluminação.

Em sua expansão tomou formas diferentes em determinados países como o Tibete, China e Japão, sendo, na Índia, lentamente reabsorvido pelo hinduísmo indiano. Hoje com quase 400 milhões de adeptos, o budismo é uma das grandes religiões mundiais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *