O EGITO
A pré-história egípcia remonta a um período anterior ao quarto milênio antes da era cristã, período esse denominado pré-dinástico. Há aproximadamente 10.000 anos, quando terminou o último período glacial, já deveriam existir no Nilo homens caçadores e coletores, conhecidos como “nomos”, que se organizavam em pequenas divisões regionais, com seus próprios deuses e chefes. Entre os anos 5.000 e 3.000 a.C. surgiu vagarosamente um Estado unificado, que se dividia em um reino no Alto Egito, ao sul, e um no Baixo Egito, ao norte, com as Cidades-Estado de Tebas e Tânis sendo as mais importantes. Pouco depois do ano 3.000 a.C., o Baixo Egito foi conquistado pelos reis do Alto Egito, sendo fundada a cidade de Mênfis, na divisa entre os reinos. Para isso foi necessário o desvio do curso do Rio Nilo, primeira das grandes façanhas hidráulicas egípcias.
Inicia-se, então, um período dinástico, cujas datas mais fidedignas se devem a Maneton, alto sacerdote egípcio do século III a.C., embora várias outras datações existam. Phildelphus, seu mestre o incumbiu de compilar a história do Egito, escrita em três volumes na língua grega. Fragmentos dessa obra nos foram transmitidos por Flavius Josephus – 37-100 (intitulada “Oposição a Apion”) e Julius Africanus.
Foram 3 mil anos, 30 séculos e 30 dinastias, até ser conquistado por Alexandre Magno em 332 a.C.:
I e II dinastias: 3.000-2.778 a.C., ditas tinitas;
III dinastia: 2.778-2.723 a.C., primeira das dinastias menfitas. Nesse período teria sido construída a primeira pirâmide egípcia em Sakkara para o faraó Djoser, cujo arquiteto, venerado 1,4 mil anos depois como um deus, foi Imhotep;
IV dinastia: 2.723-2.563 a.C., concretizou a passagem para o Antigo Império do Egito, caracterizado pela provável construção das famosas pirâmides e da Grande Esfinge, no Planalto de Gisé. Foi um período de estabilidade social e grande mudança na política egípcia: o poder centralizado no faraó, considerado um deus vivo na Terra, se fortaleceu. O primeiro soberano desta família foi o rei Snefru, construtor de duas pirâmides nas regiões de Dahshur e Maidum. Um grande governante; durante o seu reinado o Egito prosperou. Suas campanhas na Núbia resultaram na expansão do território egípcio ao sul. A capital, centro econômico, político e religioso da nação, foi transferida para Mênfis (atual Cairo). Destacam-se, ainda neste período, os faraós Quéops (Khufu), Quéfren (Khafre) e Miquerinos (Menkaure), respectivamente filho, neto e bisneto de Snefru. Estes teriam sido os construtores das três grandes pirâmides de Gisé (Quéfren teria construído a Esfinge), a única das Sete Maravilhas do Mundo Antigo ainda existente;
V dinastia: 2.563-2.423 a.C., apenas citada por Maneton;
VI dinastia: 2.423-2.280 a.C., começa o declínio dos menfitas;
VII dinastia: apenas citada por Maneton;
VIII dinastia: 2.280-2.240 a.C., período obscuro;
IX e X dinastias: 2.240-2.060 a.C., ditas heracleopolitanas. Por volta de 2.100 a.C., o poder dos nobres se sobrepôs ao do faraó, o que causou lutas e revoltas sociais, além de crises. O Egito é então dividido em 3 reinos, marcando o fim do Antigo Império;
XI dinastia: 2.060-2.000 a.C., de origem tebana, elimina os heracleopolitanos e reunifica o Egito que era assolado por invasões estrangeiras, principalmente de um povo de origem asiática, conhecidos como Hicsos. Inicia-se o chamado Médio Império, com a dominação egípcia se estendendo, sobretudo, em direção ao mar Vermelho;
XII dinastia: 2.000-1.785 a.C., período de prosperidade, com o Egito estendendo sua influência até a Núbia e Síria;
XIII e XIV dinastias: 1.785-1.674 a.C., período obscuro, época provável da chegada dos hebreus ao delta do Nilo;
XV e XVI dinastias: 1.674-1.580 a.C., fundada pelos Hicsos, invasores vindos da Palestina. Época em que os sacerdotes difundiram os vários mitos e lendas, escondendo dos Hicsos sua teogonia, nos Mistérios egípcios;
XVII dinastia: 1.580-1.520 a.C., de origem tebana, vitoriosa sobre os Hicsos;
XVIII dinastia: 1.520-1.320 a.C., início do Novo império, período que representa o apogeu da civilização egípcia na política, economia, religião, arquitetura, artes, etc.. Reconhece, por breve período (1.372-1.350 a.C.), um culto monoteísta a Aton, instituído por Amenófis IV. Sua civilização floresce sob a regência de excelentes governantes e guerreiros. Entre as realizações arquitetônicas, no período dessa dinastia, destacam-se, principalmente, os templos de Lúxor e Karnak, situados na margem oriental do Nilo. Quanto aos regentes, temos os grandes Thutmosis III (o maior conquistador egípcio, que subjugou os povos sírios, fenícios entre outros; em seu governo o império egípcio estendia-se até o rio Eufrates, atual Iraque), Hatshepsut (uma mulher forte e corajosa, que assumiu o trono como rainha e, mais tarde, como faraó, passando até mesmo a usar e ser retratada com os trajes masculinos), Amenófis IV (Akenaton), o “grande herético” (vide adiante na religiosidade egípcia) e Tutankhamon, provavelmente seu filho;
XIX dinastia: 1.320-1.200 a.C., o Egito conhece Ramsés II, o Grande, o maior faraó egípcio, grande guerreiro e construtor, e pai de mais de 100 filhos; seu reinado durou prováveis 66 gloriosos anos. Vencedor da famosa batalha de Kadesh, contra os hititas, fundou a cidade de Pi-Ramsés, reformou o templo de Karnak, construiu o monumento em Abu Simbel e inundou o Egito com imagens suas e de sua esposa preferida, Nefertari. Sob seu reinado, os hebreus foram transformados em trabalhadores cativos;
XX dinastia: 1.200-1.100 a.C., inicia a decadência egípcia, após a saída dos hebreus do Egito, segundo Maneton, expulsos devido a uma dermatose proveniente de seu consumo de carne suína;
XXI dinastia: 1.100-950 a.C.;
XXII e XXIII dinastias: 950-730 a.C., dinastias bubastita e tanita. A primeira pilha Jerusalém em 930 a.C., à época do Rei Salomão;
XXIV dinastia: 730-715 a.C., se inicia a dinastia saíta;
XXV dinastia: 715-663 a.C., fundada pelos etíopes;
XXVI dinastia: 663-525 a.C., dinastia saíta, é derrotada pelo rei babilônio Nabucodonosor II (630-561 a.C.), em 605 a.C.;
XXVII dinastia: 525-404 a.C., conquista do Egito pelos persas, através de Cambises II, fundando a dinastia dos arquemênidas;
XXVIII dinastia: 404-398 a.C., originária de Mendes, elimina os arquemênidas;
XXIX dinastia: 398-378 a.C.;
XXX dinastia: 378-332 a.C., retomada do Egito pelos persas, Artaxerxes III expulsa o último faraó em 341 a.C. e permanece até que os gregos, com Alexandre Magno, tomam o vale do Nilo em 332 a.C.. O domínio romano é estabelecido em 30 a.C..
Admite-se que as grandes pirâmides de Gisé, foram construídas na IV Dinastia por Quéops, Quéfren e Miquerinos, entre 2.589 e 2.504 a.C., como jazigos funerários, e que as inscrições nas pirâmides foram realizadas posteriormente, na V dinastia, quando os faraós começaram a se autodenominar “filhos de Rá”. As mais famosas, escritas provavelmente na XV dinastia, dos Hicsos, relatam as lendas divinas sobre a criação do mundo até o aparecimento de Osíris, Seth, Ísis e Hórus. Uma inscrição da IV dinastia menciona a Esfinge de Gisé como um monumento cuja origem se perdia no passado e que havia sido encontrada, fortuitamente, enterrada nas areias do deserto, quem sabe por quantas gerações, obra da primeira civilização egípcia na mais remota antigüidade (F. Lenormant, Hist., Peupl. D’Orient, II 53).
Seu grande legislador era conhecido como Manes. Sua escrita hieroglífica, teria surgido por volta de 3.200 a.C., segundo a lenda, um presente do deus Thoth. No templo de Abydos, no sul do Egito, são vistos indícios de que conheciam a existência de aparelhos voadores, conhecidos como Vimanas pelos hindus. O arqueólogo inglês Flinders Petri, em sua obra “Pesquisas no Sinai” de 1.906, nos mostra a existência de minas de enxofre, como a de Gnefru, em atividade desde do ano 5.000 a.C.. A partir do enxofre, carvão e salitre os egípcios já conheciam a pólvora há mais de 6.000 anos.