Lançamento do livro
Matéria no Diário do Nordeste
Palestra de Lançamento (04/10/2002)
INTRODUÇÃO
“O ritual exterior não pode destruir a ignorância porque não se contradizem mutuamente. Apenas o conhecimento experimental destrói a ignorância…” 27:267.
Centúria de Versos – Shânkara
“Achar que o mundo não tem um criador é o mesmo que afirmar que um dicionário é o resultado de uma explosão numa tipografia”.
Benjamim Franklin (1.706-1.790) – Cientista americano
O conhecimento só pode surgir por meio da investigação 27:267. Quem sou eu? Como nasceu este Universo? Quem o fez? Qual é a sua causa? Para onde vou?… O que é Deus? Um Ser, Mente, Energia infinita e universal dirigida espiritualmente por Sua própria natureza? A noção do homem quanto à Causa Primária, depende daquilo que ele aprendeu e daquilo que ele sente e imagina ser um poder sobrenatural.
As lendas, as antigas Civilizações, a influência direta e indireta dos astros, os alfabetos de poder, as religiões, a ciência e seus ramos… Quais as verdades?
Que é a Verdade?… Cristo silenciou quando Pilatos o perguntou. Buda também se recusou a esclarecer as questões derradeiras da metafísica (do grego “meta” – além e “physica” – física, parte componente da Filosofia que estuda o conhecimento das causas primárias e os seus princípios fundamentais. Teve origem com Aristóteles (384-322 a.C.), abordando a teoria geral do abstrato e é dita a ciência do absoluto), afirmando que os poucos momentos do homem na Terra seriam melhor empregados no aperfeiçoamento de sua natureza moral 27:534. Lao-Tsé (VI a.C.), na China, ensinou: “O que sabe, não diz. O que diz não sabe (Tao Te Ching LVI)… o melhor é não saber que sabe”, e Sócrates (469-399 a.C.), na Grécia, afirmou: “Sei que nada sei”. A Verdade não é teoria, nem sistema especulativo de filosofia, nem súbita compreensão intelectual. Paramahansa Yogananda afirma que a Verdade é a exata correspondência com a realidade 27:534. Para o homem, a Verdade é o inabalável conhecimento de sua natureza real, do seu Ser eterno. “Todo aquele que é da Verdade, ouve a minha voz” (Jo 18:37) e “a Verdade vos libertará” (Jo 8:32), disse a Consciência Crística onipresente em Jesus.
Nem sempre somos dispensados da responsabilidade pela ignorância, quando não a desfazemos por conveniência. Consentindo-a ou desejando-a, esta se torna “adhármica”. Desta forma não podemos nos julgar desobrigados de praticar e proclamar uma verdade só pelo simples fato desta permanecer oculta. Na incúria, no descanso e no desleixo em desvendá-la estamos incorrendo em grave erro que se tornará nefasto crime perante o tribunal de nossa própria consciência, não importando a classe a qual pertençamos.
Existe uma chave-mestra que explica tudo. Um estouro de Luz (Órion) que mostra A LEI divina. A Verdade que reconcilia os fragmentos do conhecimento oculto e une correntes aparentemente opostas. Esta modesta exposição tenta repassar um pouco do vasto conhecimento humano acerca do assunto, cientificamente e esotericamente falando.
Deus não deseja que os segredos de Sua criação sejam divulgados promiscuamente: “Não deis o que é santo aos cães, nem arrojeis vossas pérolas aos porcos, para que não as calquem aos pés, e se voltem, e vos despedacem” (Mt 7:6). Conhecimento é poder.
A mente humana é capaz de duas espécies de conhecimentos: um racional e outro intuitivo, associados com a ciência e a religiosidade, respectivamente. No Ocidente o segundo é sempre posto de lado em favor do primeiro enquanto no Oriente o inverso é o usual. Mais além, os hindus denominam o conhecimento científico como um conhecimento inferior, e à consciência religiosa é dado o nome de “conhecimento elevado”; é a Verdade relativa e a absoluta do budismo, o Yin e Yang do pensamento chinês, complementares e necessários em suas naturezas.
“Eu penso 99 vezes e não descubro a Verdade. Paro de pensar, mergulho em profundo silêncio, e eis que a Verdade me é revelada”.
Quando se está pronto para ouvir, a Verdade surge… Faço minhas, as seguintes palavras:
“O homem pode conhecer os fatos. A fé não precisa ser cega”.
“Fiz aqui apenas um ramalhete de flores colhidas e não trouxe nada de meu a não ser o cordão que as ata”.
“Senhor, fazei-me um instrumento da vossa paz… onde houver erro que eu leve a Verdade…”.
Vamos passear, na parte I desse volume, pelo conhecimento científico atual, como a ciência explica, ou procura explicar a origem do Universo, do nosso sistema solar, do nosso planeta, da vida e da humanidade. Qual a nossa história? Por que surgiram as religiões? O que elas pregam e como explicam os fatos desde a origem do Universo até a origem da humanidade? Como os dois tipos de conhecimento se relacionam? Contradizem-se ou se complementam? Na parte II vemos o que a teosofia defende, quanto aos mesmos assuntos.
Desejo, sinceramente, que cada um, ao final, descubra a sua Verdade, pois ela é de todos e todos têm acesso a ela, dentro do limite de sua compreensão. A Verdade de cada um é válida e não há erro, consistindo o erro somente no julgamento ou avaliação de outrem. Cada nova revelação será assimilada por todos, na medida de sua própria compreensão.
“A Verdade saberá tocar no coração daquele que a espera”.