A Religiosidade Chinesa

Uma cultura milenar existia na China cujas crenças viam a existência de um continuum Céu/Terra (Espírito/matéria). No Céu habitavam os ti (ancestrais), governados por Shang ti (Ancestral Supremo).

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O primeiro governante do povo chinês foi o Filho do Céu, que velava pelos sacrifícios, com fogo, do país aos ancestrais. Já esses velavam pela existência dos humanos, recorrendo a sinais para adverti-los, sinais que precisavam de interpretações. Shang ti, era o Soberano do Céu que criou o Sol, a Lua e as estrelas e todos os fenômenos. “O Céu ama o mundo todo, universalmente”.

Uma filosofia conhecida como moísmo (filosofia de Mo Tzu), propunha o amor incondicional a todas as criaturas como o único caminho. Essa visão aperfeiçoou-se, há mais de dois milênios antes da era cristã, com dois aspectos complementares: um voltado ao desenvolvimento social, valores morais e governo e outro voltado ao objetivo de transcender o mundo social e a vida cotidiana, alcançando um plano mais elevado e objetivando a unidade mística com o Universo. Esses dois aspectos eram associados à imagem do rei e do sábio. Segundo o Chuang Tsé, a realização (ideal platônico do rei/filósofo) é obtida quando os homens “tornam-se sábios por sua tranqüilidade e reis por seus movimentos”. Essas duas correntes seguiram escolas paralelas chamadas de confucionismo e taoísmo, aquele mais destacado à educação infantil e este seguido pelos mais idosos.

Os chineses acreditam na existência de uma Realidade última, subjacente e substancial, que unifica os fatos e coisas observadas. Em Chuang Tsé menciona-se “Coisa Única”, cujos nomes “Completo”, “Abrangente” e “O Todo” procuram se referir à mesma Realidade. Essa Realidade recebe o nome de Tao, a ordem da natureza, a realidade última e indefinível, equivalente ao Brahman hindu e ao Dharmakaya budista. Conhecida da elite e das classes dominantes, ao povo restava um culto mágico aos antepassados e de adoração de espíritos.

No século I chega à China a filosofia budista da escola Mahayana. De sua união com as tradições já existentes surgiu a escola de meditação Ch’an (termo derivado do sânscrito Dhyana, meditação). A escola Ch’an visa à união com Deus não na meditação solitária, mas em cada atividade da vida cotidiana (Cf. em ZEN).

Uma divindade assume papel de importância na teogonia chinesa, Kwan-Shi-Yin. Kwan-Shi-Yin é o Avalokiteshvara budista, o “manifestado por si mesmo”, o Salvador de todos os seres vivos, o “Filho idêntico ao Pai”, o Logos, o Verbo, enfim, o “Dragão da Sabedoria”.

Após 40 anos de dominação de um governo ateísta, em 1.987, reportagens demonstravam que ritos fúnebres, ofícios em templos e práticas místicas eram comuns em comunidades rurais: “A maioria das aldeias tem um fengshui, em geral um residente de mais idade que sabe ler as forças do vento (feng) e da água (shui) para determinar a mais propícia localização para tudo, desde a sepultura ancestral à nova casa ou aos móveis da sala de estar”.

Em Formosa, um grupo taoísta denominado T’ien Tao (Caminho Celestial) afirma ser uma fusão de cinco religiões do mundo: taoísmo, confucionismo, budismo, cristianismo e islamismo.

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