Os Pentecostes de sempre; até os pagãos tiveram o seu

O maior erro dos teólogos do passado foi proclamar como verdades dogmáticas incontestáveis seus contestáveis erros. Aliás, se os dogmas se constituíssem de verdades mesmo, não haveria necessidade de eles terem sido proclamados como tais. E eles foram impostos pela força. Os fiéis só tinham duas opções de escolha: a sua aceitação ou a degola, e mais tarde, no lugar desta, a morte na fogueira.


Pentecostes foi um fenômeno mediúnico coletivo de xenoglossia (falar línguas estrangeiras sem o seu conhecimento). E, na Bíblia, temos vários outros exemplos de espíritos (anjos) manifestantes. Não é, pois, o Espírito Santo que se manifesta (1 João 4,1). E para o fenômeno acontecer, tem que haver um médium de sustentação (na Bíblia o tipo de profeta nabi ou que recebe espíritos) e outros de ostentação. São João, são Tiago e são Pedro eram médiuns convidados por Jesus para os casos especiais mediúnicos, como o da transfiguração.

Samuel profetizou até depois de morto (Eclesiástico 46,20). “Derramarei de meu espírito sobre toda carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões” (Joel 2,28 e Atos 2,17). E os anjos bíblicos são espíritos humanos super-evoluídos. Por isso, “Gabriel” (anjo Gabriel) quer dizer “homem iluminado”, e eles sempre apareceram em forma humana. Mas também os espíritos humanos atrasados comunicam-se conosco (Deuteronômio, capítulo 18; e 1 Samuel, capítulo 28). Todo espírito é centelha emanada de Deus, que é, pois, o que comanda tudo, tendo Jesus, e não o Espírito Santo, como sendo seu braço direito (1 Coríntios 12,11). E, também, esses dons espirituais são do próprio espírito do indivíduo (1 Coríntios 14,14) e não do Espírito Santo da Santíssima Trindade, desconhecido de são Paulo e das primeiras gerações cristãs. “Nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo” (Atos 19,2). No Velho Testamento, falava-se apenas em um Deus. E Espírito Santo, em grego “pneuma hagion”, no Novo Testamento (traduzido por são Jerônimo na Vulgata por “spiritus bonus”, espírito bom), designava o espírito do indivíduo. Não se batizavam as pessoas em nome do Espírito Santo, mas de Jesus: “Eles foram batizados em nome do Senhor Jesus” (Atos 19,5). Mais tarde, porém, os teólogos mudaram as coisas e adaptaram a Bíblia às suas novas doutrinas instituídas nos concílios.

Quando se impunham as mãos sobre alguém, este recebia um espírito santo (incorporação ou imantação de um espírito bom, como diz são Jerônimo na Vulgata). O mago Simão até imaginou que pudesse comprar esse dom espiritual ou mediúnico de quem recebe um espírito santo (bom) pela imposição de mãos (Atos 8,18). E este um espírito santo vem na Bíblia, no original grego, sem o artigo definido “ho” (o), colocado nas traduções bíblicas, dando a entender que se tratava do Espírito Santo da Santíssima Trindade. Meu livro “A Face Oculta das Religiões” (EBM Ed., Santo André, SP) trata desse assunto com referências de outros autores, entre eles Carlos Torres Pastorino, autor de “Minutos de Sabedoria” (Ed. Vozes) e Huberto Rohden.

O apóstolo Paulo teve o seu Pentecostes na estrada de Damasco, quando Jesus, espírito, manifestou-se-lhe em forma de luz. E Dele Paulo ouviu esta frase: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Deus não faz acepção de pessoas, pelo que o dom mediúnico ou espiritual pode ser de uma pessoa de qualquer crença. Por isso, até os pagãos (Atos 10,44 e 45) tiveram também o seu Pentecostes!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *