Reencarnação não é uma pena, mas sim uma dádiva de Deus

UMA VIDA SÓ NÃO DARIA NEM PARA NÓS COMEÇARMOS!

Tudo no universo é cíclico. Até os movimentos das partículas subatômicas repetem-se indefinidamente. É o eterno retorno de Nietszche e da Bíblia: “O que foi, é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol” (Eclesiastes 1,9). O espírito, pois, que aqui está encarnado, já esteve também aqui. A lei de causa e efeito ou cármica não é apenas de colheita do mal, mas igualmente do bem. A cada ação corresponde uma reação. A queda duma peça de dominó provoca a de outra. E por não se saber como começou essa lei de justiça cósmica, não se anula o seu início. Os átomos do universo são de um número tão astronômico, que escapa à nossa capacidade de compreendê-lo, mas que existiu o primeiro átomo do universo, existiu! E conjeturemos sobre o início da lei de causa e efeito espiritual, valendo-nos da metáfora bíblica de Adão e Eva. A etimologia do vocábulo Adão vem de duas palavras do sânscrito: “adi” (primeiro) e “ahan” (ego). Adão, pois, significa o primeiro homem a ter ego e seus derivados: o egoísmo, o orgulho, a inveja etc.

Santo Agostinho ensinou que o pecado é o amor a si próprio. Mas para o autor do primeiro mandamento do Decálogo, nós devemos amar o nosso próximo como a nós mesmos. Imaginemos que tudo se tenha iniciado aqui na Terra – o que é improvável -, quando haveria apenas um só ser humano terráqueo, ou seja, Adão, figuradamente. Então, ele só poderia fazer mal a si próprio, deixando de se amar eficientemente. E, assim, ele teria morrido, e seu espírito voltou para Deus (Eclesiastes 12,7). Depois, esse espírito reencarnou num outro corpo. Com seu carma negativo de ter deixado de se amar bem na sua primeira existência terrena, esse espírito receberá, na sua nova reencarnação, amor insuficiente, exatamente o que ele plantou contra si próprio na sua primeira encarnação. E um mal que alguém faz a mim pode ser um grande bem, pois está queimando meu carma do mal que fiz a outrem. Não se trata, porém, de castigo de Deus, pois Deus é perfeito e não se vinga de ninguém, mas apenas do funcionamento da lei de causa e efeito, que é inexorável e acionada por nós mesmos.Aliás, por que Deus se vingaria de alguém, se ninguém é capaz de fazer mal a Ele? (santo Agostinho).

Ademais, a palavra castigo vem do verbo latino “castigare” (purificar), significando, pois, purificação. Daí o purgatório católico. Também o pecado original surgiu do carma que trazemos de outras vidas (são João 9,2). Realmente, por disciplina, ninguém deixará de pagar tudo até o último centavo. Mas pago esse último centavo, nós estaremos quites, não existindo, pois, o tal de inferno para sempre (Oséias 13,14). Aliás, eterno (do grego “aionios”) é um tempo indefinido e não sem fim, pois depende do carma de cada um! E veja-se este texto: Quem matar Caim, assassino do seu irmão Abel, morrerá sete vezes (Gênesis 4,15). Só com o perdão, pois, nós podemos quebrar essa cadeia da lei de causa e efeito. Apenas Deus mesmo, com seu amor infinito e incondicional para com todos nós, poderia presentear-nos com o fenômeno da reencarnação, que nos permite condições de irmos aprimorando-nos em busca da perfeição dos anjos, mirando-nos sempre na de Deus (Mateus 5,48). Uma só vida não daria nem para nós começarmos essa nossa evolução espiritual! Assim, pois, ao invés de ser uma pena, a reencarnação é para nós uma dádiva de Deus!

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