?rutis


 

Por Cláudio Azevedo

Extraído de Azevedo, Cláudio; A Caminho no Ser: Uma Visão Transpessoal

da Psicologia no Yoga S?tra de Pat?ñjal?, Editora Órion, Fortaleza, 2.007

 

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Os ?rutis (revelação: ‘o que foi ouvido’) são os Vedas. Os Vedas representam, para o hinduísmo, a expressão mais aproximada da verdade divina que um documento humano pode apresentar. Mas, ao mesmo tempo, seria um engano supor que a lealdade hindu à autoridade dos Vedas seja servil ou cega. Se o hindu os considera a palavra de Deus, é porque acredita que sua verdade seja comprovável, imediatamente, a qualquer momento, através da própria experiência pessoal.

A Caminho no Ser Os Vedas compõem-se de quatro: ?gveda, Yaj?rveda, S?maveda  e Atharvaveda. Desses quatro antigos Vedas subsistem cerca de 100 livros canônicos, com aproximadamente 100 mil estrofes. Cada Veda é subdividido em quatro partes: os Sa?hit?s (ou coleção de hinos), os Br?hma??s (significado dos hinos), os ?ra?yakas (interpretação) e as Upani?ads (diálogo metafísico).

Os Vedas (???)

O período vêdico primitivo da filosofia hindu (até ano 1.000 a.C.) recebe esse nome da palavra sânscrita Vedas, que significa conhecimentos. Os Vedas são a mais antiga coleção de livros sagrados da religião praticada pelos indo-europeus e são tão importantes no contexto hindu como a Bíblia o é no contexto ocidental judaico-cristão. Não é clara a cronologia dos Vedas, nem a sua classificação, mas sua tradição oral remontaria 10 mil anos, tendo sido diretamente ‘ouvidos’, ou ‘revelados’, pelos ??is (sábios videntes) e escritos a partir de 4.000 a.C..


O ?gveda (Veda de Louvor) é uma espécie de antologia com 1.028 hinos, originada de diversas famílias de sacerdotes e finalmente coletadas e arranjadas em dez mandalas ou círculos. O segundo ao sétimo são os mais velhos e o décimo é o mais recente.

É o documento mais antigo da literatura hindu. Descreve ritos de veneração e oferendas de sacrifícios, alguns sem relação com cultos religiosos, a várias deidades associadas a fenômenos naturais (como o sol, o vento, o fogo, a tempestade, etc.) além de glorificação das conquistas e dos heróis arianos. Independentemente de seu conteúdo literal, esse primeiro Veda já é valiosíssimo somente pela sua antigüidade.

Mas seu verdadeiro valor está na apresentação metafórica de diversas verdades universais. Um dos hinos do ?gveda fala da criação do mundo, a partir de uma unidade original, por meio da sua divisão em contrários opostos. Em outro hino é apresentado Praj?pati, Senhor das criaturas, manifestando-se como um remoto Ovo de Ouro (Hira?yagarbha) do qual tudo veio. Ainda outro hino fala sobre o gigante cósmico Puru?a-Sukta, sacrificado pelos deuses no começo dos tempos, de cujas partes vieram todas as coisas existentes, inclusive os homens e as castas.

Já o Yaj?rveda (Veda das fórmulas sacrificiais) tem interesse litúrgico e se conservou sob formas diversificadas. Algumas formas apresentam somente as palavras litúrgicas (?uklayaj?rveda) e outras apresentam também comentários em prosa (k???ayaj?rveda). O S?maveda (Veda das melodias), uma coleção de estrofes acompanhadas de notações musicais para os ritos referidos, principalmente, no ?gveda, contém os mais antigos escritos sobre a ciência do som.

Esses três primeiros Vedas são os principais e são complementares. Segundo Satya Sai Baba (“A Essência dos ?ad-dar?anas”: discurso proferido em 27 de maio de 1993), é dito que a palavra é o ?gveda, a mente é o Yaj?rveda e a vida é o S?maveda. A vida dá o alento e desse alento vem o som, por isso o S?maveda é a própria forma da vida. O Yaj?rveda dá a forma escrita dos mantras, que se origina na mente que capta o som e o ?gveda é a forma descritiva dos ritos, que diz que Deus deve ser adorado com mantras (como ensinado no Yaj?rveda) e agradado com doces melodias (como ensinado no S?maveda).

E, por fim, o Atharvaveda é uma coleção de hinos e fórmulas rituais com algumas semelhanças com o ?gveda. Os hinos revelam alguns contextos especulativos de simbologia esotérica e os rituais se referem a práticas purificatórias, sortilégios, encantos, exorcismos contra maus espíritos, imprecações contra os inimigos, fórmulas mágicas para cura de enfermidades, cerimônias nupciais e fúnebres.

 

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