Aristóteles, em “Ética de Nicômaco”, tem como moral a atividade que tem por fim a felicidade. O filósofo estagirista defende também como normas éticas as virtudes, tais como a justiça, a caridade e a generosidade, o que confere com a moral cristã. O teólogo inglês Abelardo (século XII), talvez por causa do seu romance clandestino com sua aluna Heloísa, sustentava que a moralidade das ações humanas está na vontade. Espinosa, em sua “Ética”, estruturada num cartesianismo rigoroso e numa dedução geométrica, opta por uma ética panteísta. Kant inclina-se à moralidade baseada no conceito do dever (“deontologia”). E ensinou que a única coisa boa em si mesma é a da “boa vontade” ou da “boa intenção”. Já o filósofo e historiador inglês David Hume (século XVIII), autor de “Ensaio sobre o Entendimento Humano”, era subjetivista com relação à moral. Para ele a moralidade está no imo do ser humano, e não na moral objetiva. Dá-se importância, hoje, à linguagem moral, que faz distinção entre as afirmações morais e as expressões emocionais.
Podemos dizer que, de fato, a moral é objetiva e que a ética é subjetiva. Realmente, a moral é um princípio ou um código de moral, por exemplo, a moral cristã, que, geralmente, é reconhecida e aceita como tal. Já a ética é mais a prática ou vivência da moral. Se a moral é objetiva, ela é algo mais estático, estabelecido, enquanto que se a ética é subjetiva, ela é mais dinâmica, pois é a conduta em ação ou o comportamento de alguém. Embora uma forma de conduta duma pessoa possa estar relacionada com a moral, creio que a conduta é mais ligada à ética.
Vejo a ética como uma espécie de filha da moral. Mas assim como os pais podem ser influenciados pelo modernismo dos filhos, a moral pode ser influenciada também pela ética. Exemplo: a mulher, de acordo com a moral cristã, não podia usar calças compridas, mas a ética comportamental ousada das jovens da década de 1970 mudou a moral antiga, não sendo mais imoral a mulher se vestir à moda masculina.
A ética, apesar de muito se caracterizar como sendo uma prática da moral, às vezes também, a modifica. Se a moral significa bons costumes, mas está sujeita a mudanças pela ética comportamental das pessoas, o que é imoral e antiético, hoje, amanhã poderá ser moral e ético. Isso nos lembra o dito latino de Cícero: “O tempora! O mores!”, que quer dizer “Oh tempos! Oh costumes!” E vem-nos à memória este outro dito popular: “Cada roca com seu fuso e cada época com seu uso!” Mas há uma moral verdadeira, a natural e divina, ou seja, a do Decálogo, que prevalecerá para sempre!