Citta vik?epa


Por Cláudio Azevedo

Extraído de Azevedo, Cláudio; A Caminho no Ser: Uma Visão Transpessoal

da Psicologia no Yoga S?tra de Pat?ñjal?, Editora Órion, Fortaleza, 2.007

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Na realidade, a mente persistentemente tende a projetar-se para o exterior como uma reação a tudo o que ocorre dentro de si, de forma que, percebemos como externos objetos que são internos (vi?aya). Assim, toda percepção interna, involuntariamente levará a mente para o externo. Isso é distração. E tudo aquilo que acharmos que percebemos fora será apenas a interpretação mental do próprio mundo interno refletindo-se no externo: a imagem externa é uma ilusão interpretativa mental. Por exemplo, a percepção interna de uma cor é sempre projetada no objeto externo que estimulou os nossos sentidos, mas, na realidade, a cor é uma imagem mental interna.

 

A Caminho no Ser

Pat?ñjal? enumera nove obstáculos (antar?ya) causadores de distrações mentais (citta vik?epa) YS I:30 que ainda impedirão a perfeita interiorização, após a consciente cessação da percepção dos estímulos sensoriais na prática de praty?h?ra: doença, apatia, dúvida, displicência, preguiça, avidez pelo externo, confuso ponto de vista (achar que se alcançou um estágio), desânimo (por não conquistar um estágio) e a instabilidade (que causa o retrocesso após a conquista de um estágio).

Os dois primeiros obstáculos são óbvios por si mesmos. A doença (vy?dhi), principalmente qualquer forma de desordem mental sutil, claramente bloqueará o processo de interiorização e a apatia (sty?na), ou falta de interesse, devido à ausência de uma firmeza de propósitos (v?rya), faz com que se desista de empreender qualquer trabalho interno mais prolongado. A mente logo se distrai e volta-se ao exterior, devido ao próprio hábito da mente de voltar-se sempre ao exterior. Já a falta de uma fé inabalável (?raddh?), em momentos de dificuldades, naturalmente gera a dúvida (sa??aya) que, quando invade os pensamentos do aspirante, o distrai mesmo a despeito de uma firmeza de propósitos: ‘será que existe um Eu? Será que eu vou conseguir alcançá-lo?’ Sa??aya é o habitual e persistente sentimento de incerteza.

A pressa, ou displicência (pram?da), e a falta de entusiasmo, ou preguiça (alasya), também são obstáculos óbvios, pois relaxam a mente e causam desconcentração, principalmente se já houver uma tendência grande a considerar e buscar o externo (avirati) com o qual estamos habituados. E, enfim, os três últimos obstáculos (bhr?nti-dar?ana, alabdhabh?mikatva e anavasthitatva) surgem durante o evoluir da ampliação da consciência na prática de sam?dhi.

Esses obstáculos causam distrações mentais que bloqueiam a serenidade mental e impossibilitam toda a prática introspectiva (pratyakcetan?). Essas distrações, fontes de novos pensamentos, podem ocasionar os seguintes sintomas: sofrimento mental (du?kha), podendo levar à frustração ou desânimo (daurmanasya) e a tremores involuntários devido ao nervosismo (a?gamejayatva), perturbando a profundidade e a sutileza dos movimentos respiratórios (?v?sa-pra?v?s?) YS 1:31. Faz-se mister, nesse momento, que se faça algo para obter novamente a serenização mental (citta-pras?danam).

 

BIBLIOGRAFIA

  • As referências bibliográficas acham-se assim indicadas: xx:yy, onde ‘xx’ é o número da referência contido na BIBLIOGRAFIA (no final do livro) e ‘yy’ é a página onde se encontra.

  • Quando precedendo ‘xx’ estiver escrito YS, a obra referenciada é o Yoga S?tra de Pat?ñjal?, BG quando for Bhagavad G?t?, VC quando for o Viveka Ch?d?mani, TB quando for o Tattvabodha? e SS quando a obra referenciada for o ?iva S?tra (obra de referência no ?ivaísmo de Cachemira). Nesses casos ‘xx’ é o capítulo e ‘yy’ é o s?tra.

 

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