Niyamas


Sv?dhy?ya

Enquanto membro de kriy?-yoga?, vimos que sv?dhy?ya significa perceber a si mesmo numa perspectiva mais ampla: uma busca pela consciência do Eu através da auto-observação. Já aqui, enquanto membro de niyamas, significa se aproximar de si mesmo, estudar por intermédio de si mesmo e estudar a si mesmo. Do sânscrito, ‘sva’ é um prefixo que denota o nosso interior (‘si mesmo’) e adhyaya significa estudo (também se refere a um capítulo ou sessão de uma Escritura Sagrada). Assim, sv?dhy?ya é uma palavra que traz o sentido de conhecer-se através da própria Escritura Sagrada interior.

Todo o aprendizado, reflexão e contato que ajude a aprender mais sobre si mesmo é sv?dhy?ya, e isso pode incluir desde a leitura de escrituras sagradas, reflexões e métodos de concentração (dh?ra??) até a meditação (dhy?na) como método de acesso direto ao conhecimento: sv?dhy?ya é todo método que aproxime a mente inferior (aha?k?ra) introspectiva da inteligência superior (buddhi) intuitiva.

É claro que o primeiro passo para isso é a busca pelo conhecimento externo das Escrituras para se ter uma base suficiente de conhecimento que não nos deixe cair nas armadilhas do caminho e não nos deixe simplificar a interpretação das nuances da prática. A partir de então começa um estágio mais avançado que inclui uma reflexão mais séria, cuidadosa e persistente (vic?ra) YS I:17 acerca dos inúmeros fatos apreendidos durante o estudo e, por fim, inicia-se o desenvolver do intelecto superior (buddhi), nossa inteligência intuicional com sua clareza de conhecimento.

Com buddhi desperto, nossa vida interna começa a ativar-se pela sintonia que se faz entre ele e nossa mente inferior (aha?k?ra), começamos a ver as coisas verdadeiramente e o processo de autotransformação se processa naturalmente. Assim, sv?dhy?ya engloba tanto o conhecimento de fonte externa (conhecimento inferior ou apar? vidy?), através de um exame minucioso do mundo que vivemos, à luz do que os grandes Mestres da humanidade disseram e das investigações científicas atuais, quanto o advindo de fonte interna (sabedoria ou par? vidy?), à luz de nossa experiência e nossa razão: o conhecimento do Conhecedor.

É uma forma de mergulho interior num exercício meditativo, fruto de um intenso desejo de saber e conhecer, cuja conseqüência inevitável é a gradual interiorização (pratyakcetan?) YS I-29 até que se chegue ao saber e conhecer na total absorção no objeto de busca. Nesse mergulho, às vezes, se faz necessário o uso de técnicas para obter ou manter esse estado de concentração unidirecional de busca de conhecimento, como, por exemplo, o uso da recitação (japa?) de mantras.

Nesse processo de intenso desejo de saber e conhecer, percebemos os inúmeros obstáculos que nos impedem de atingir nossa meta e passamos a conhecer, mais profundamente, a nós mesmos. Conhecer a si mesmo significa a auto-observação no espelho de nossas ações e pensamentos, mas também a percepção de nós mesmos no espelho do outro, em nossas relações. Por isso, a observância de sv?dhy?ya não deve induzir à alienação do mundo exterior, mas uma integração entre este e o interior.

Assim, paulatinamente, passamos a nos conhecer e a conhecer o outro, reconhecer nossas tendências no espelho que é o outro, e com isso passamos a ser capazes de nos colocar no lugar do outro e entendê-lo, afinal todos nós temos os mesmos problemas e as mesmas formas de reagir ao mundo externo. Passa a existir em nosso íntimo um não-julgamento, fruto da compreensão, que inevitavelmente gera a verdadeira compaixão para com o outro (e para comigo mesmo). Surge finalmente o amor incondicional, fruto de sv?dhy?ya. É esse amor, mesclado com nossa mente superior reflexiva, que despertará a Sabedoria em buddhi.

Assim como eu, o outro também está buscando a felicidade. Assim como eu, o outro também está procurando evitar o sofrimento em sua vida. Assim como eu, o outro também conhece a tristeza, o medo, a solidão e o desespero. Assim como eu, o outro apenas está procurando satisfazer as suas necessidades. Assim como eu, o outro também está aprendendo com a vida. Despertou em aha?k?ra a compaixão e surgiu em seu íntimo um senso de paz.

Assim, quanto mais perfeito em sv?dhy?ya o buscador se torna, mais ele entra em comunicação com o seu Eu mais interno. Em outras palavras, estando firmemente estabelecido em sv?dhy?ya, maior é o fluxo de conhecimento, poder e orientação, provindos do aspecto superior de nossa consciência, muitas vezes simbolizada pelo surgimento de visões ou vozes de santos, seres de luz ou ‘deuses’ YS II:44.

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