Independência

O que é independência?

 A nação inteira comemora dia 7 de setembro, o dia em que Dom Pedro I disse não aos mandos da nação portuguesa. Será que estamos independentes? Será que um dia fomos independentes? Ficamos dependentes  de outras nações européias, e hoje o mundo inteiro baixa a cabeça ao poderio econômico e bélico dos Estados Unidos e da Inglaterra. Um poderio alicerçado na exploração impiedosa das nações menos desenvolvidas, numa forma de imperialismo econômico cruel e desumano que exclui e oprime. Muito para poucos e pouco para o restante da humanidade. O mundo materialista, consumista e capitalista elegeu o seu deus: o anti-Cristo monetário (para usar a linguagem cristã).

 

Todas as tradições sapienciais, filosófico-religiosas, falam da vinda de um adversário, da vinda de um Messias, de uma batalha entre eles e da vitória do último. Quem seria o anti-Cristo?? Um demônio com chifres, soltando enxofre pelas narinas e querendo abocanhar indefesas presas humanas? A realidade que se vê é que o materialismo, na sua forma capitalista e consumista, já abocanhou quase toda a humanidade. A busca do “ter” e do “poder” fascina a todos. Ter, ter, ter… E a humanidade compra sem precisar, trabalha para pagar o que não precisa, para manter uma imagem social de status, para comprar um carro novo, ter um apartamento com vista para o mar… Enquanto os oprimidos, sem poder aquisitivo, ficam a sonhar com o , com o carro novo, com o apartamento, com a televisão nova, com a TV a cabo, com o telefone celular novo, com aquele telefone “que não é celular”, com o último lançamento em sandálias, um vestido novo, a saída para o restaurante ou para o bar, para gastar um dinheiro que não se tem, mas fazendo de conta que se tem (pois poderia ser utilizado de outra forma, e não em bebidas e tira-gostos). status

As civilizações sempre fizeram monumentos grandiosos e luxuosos em honra de seus deuses e santos. Templos, Mesquitas, Sinagogas, Catedrais, revestidas dos materiais mais nobres, mármores, quedas d’água, grandes vãos centrais (naves), luzes e reflexos. Todos colocavam suas melhores vestimentas e seus melhores adornos para irem em busca de Deus. Hoje se vê esse cenário nos grandes Shopping Centers, inventados pela grande máquina consumista, que nos faz aceitar que temos falta daquilo que não nos faz falta. Coleções de bonés, de sapatos, de bolsas e de figuras (cards), nova versão do programa X, nova marca de videogame, novo cartucho de jogo, novo chip de computador, Home Theater, etc..

E seguimos escravos do “adversário”, dominados sob as suas regras. Guerras, corrupção, terrorismo, ganância, assassinatos, tráficos, prostituição. Procure o que os motiva: o dinheiro. O homem procura a sua felicidade na aquisição do dinheiro. Esqueceu-se de Deus, aliás, para muitos Ele nem existe. A ciência materialista, guiada pelo anti-Cristo, “matou” Deus. Mas a mesma ciência, hoje, considera com bastante cuidado a afirmação de que Algo existe. No mínimo admite que não consegue provar a Sua inexistência. São omissos. Quem cala consente? E nessa doutrina escravagista, o consumismo engrandece seu grande aliado em nós: nosso ego.

É o nosso ego, ansioso por poder e por ter e ser, que se infla, bate no peito e diz: eu posso, eu quero o poder, eu tenho o poder, eu sou o maior. Uma busca desenfreada para preencher o vazio interior deixado pela ausência de Deus. Em sua busca pela infinitude, para preencher o espaço do “deus morto”, o ego humano (o homem é o único ser vivo conhecido a ter a noção abstrata de infinito) conseguiu ser, de alguma forma, onipotente, onisciente e onipresente no planeta, procurando controlar e dominar a Natureza. Com o seu livre-arbítrio, o homem se utiliza desses atributos tanto para o bem estar do planeta como para a sua destruição, brincando de ser deus. Criou um outro mundo através da ciência e da tecnologia, interferindo no planeta, mas demonstrou não ter responsabilidade política e nem ética para ser o “deus do planeta”.

A verdadeira independência é a nossa independência dos mandos de nosso ego. É quando se reconhece a ilusão que é esse mundo material consumista, e se descobre a verdadeira paz no interior de si mesmo que se obtém a verdadeira independência. Independentes de nossas sensações, que nos fazem buscar os prazeres do corpo, livres de nossos pensamentos, que nos aprisionam a hábitos e padrões repetitivos, nos fazendo autômatos repetidores e imitadores, é que alcançamos a verdadeira independência. Ficamos livres e prontos para receber a Luz Divina… Mas esse processo é gradual e não admite que se pulem etapas.

Pela constatação da insuficiência do prazer e do sucesso em saciar as suas ânsias mais íntimas, enfim pela constatação de que são fúteis, o ego obtém a verdadeira renúncia aos prazeres dos sentidos e à busca de poder e sucesso. Começa a nascer então a verdadeira religião, a transformação consciente da vontade de obter em vontade de dar, da vontade de ser servido e reconhecido em vontade de servir e reconhecer. Nasce uma nova busca, a busca do dever como forma de obter respeito e gratidão dos semelhantes e principalmente o respeito próprio pelo dever cumprido.

Mas com o tempo o ego percebe que ainda isso não é tudo. Ele percebe que na realidade ele quer existir, quer conhecer e quer se sentir alegre, mas infinitamente. Percebe então que ele anseia pelo infinito, anseia por se libertar de todas as finitudes da existência, da consciência e da alegria mundana. Então inicia a busca da libertação (o moksha dos budistas). Enfim entende que sua verdadeira busca é a busca pelo Infinito. Somos os únicos animais que conseguimos conceber a infinitude. O Infinito é o Absoluto, inicia-se o trilhar pela verdadeira busca, a busca da união ou unicidade com o Infinito.

  Desejo que hoje você decrete a sua independência de seu ego inferior, que você o ensine e o comande. Desejo que você descubra a verdadeira função de seu ego: usar toda a sua força de vontade, seu livre-arbítrio e seu poder na direção correta. Essa direção é o Infinito, que alguns chamam de Deus, outros de Energia Cósmica, outros de Vazio, outros deParabrahman, outros de…

 

 

 

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