LIVROS SAGRADOS
Os cinco livros da Revelação, ou Pentateuco (Torah), e os textos de “Os profetas” (Nebim) são escritos antes do exílio na Babilônia. Os livros dos profetas menores, os livros poéticos e outros textos escritos (Ketubim) são redigidos depois de 538 a.C., quando surge a imagem do anjo ao modo persa. Acontecia portanto, já no curso do Antigo Testamento, uma espécie de Novo Testamento, em função às inovações introduzidas pelos profetas. Esses escritos sagrados hebreus são conhecidos como a “Tenakh”.
Os saduceus, peculiarmente tradicionais, admitiam apenas os livros da Lei. Os livros dos Profetas são do elenco mais moderno, aceito pelos fariseus, zelotas, essênios e cristãos. Quando Jesus se referiu à Lei e aos Profetas (Mt 5:17), provavelmente tenha se situado em um contexto claramente não saduceu, por conseguinte mais próximo dos fariseus, zelotas e essênios.
Uma versão grega da Bíblia hebraica foi iniciada sob o reinado de Ptolomeu II, Philadelphus (285-247 a.C.), na primeira metade do século III a.C., e terminada por volta do final do século II a.C.. Realizada por 72 tradutores, seis de cada tribo, enviados a Alexandria pelo sacerdote Eleazar, substituiu vários antropomorfismos da Divindade por circunlóquios. Essa versão foi conhecida como a Bíblia dos Setenta, ou Septuaginta, confeccionada em 70 dias para compor a grande biblioteca de Alexandria. Esta informação se infere de uma narrativa que consta na Carta de Aristeas, do século II a.C., hoje considerada espúria. Pode-se contudo aceitar o conteúdo no que afirma de mais genérico, e é citada pelo judeu Flavius Josephus (37-100), em suas “Antigüidades judaicas” XII, 2, e pelo cristão Eusébio de Cesaréia (263-339) em sua “Preparação Evangélica”, III, 2-5.
A Septuaginta se fez conhecida também como “versão grega” ou ainda como Vulgata. Depois que São Jerônimo (347-420) traduziu a Bíblia para o latim, passou a ser mais conhecida como Vulgata a versão latina. Mas esta melhor se diz Vulgata latina. A grande validade da Septuaginta, sobretudo na antigüidade, foi ter servido para melhor compreensão do texto em hebraico, porquanto os próprios judeus já não o falavam.
A Bíblia hebraica é finalmente fixada no final do século I d.C., no sínodo de Yabnéh – hoje Yebnah. Os trabalhos de fixação do texto, retomados no século VI, terminaram no século X no estabelecimento de um texto oficial que abrangia um sistema de pontos vocálicos, para não alterar o texto original. O texto recebeu o nome de Massorá (tradicional) e seus autores ficaram conhecidos como massoretas, sendo destruídos todos os textos que não estavam segundo essa regra. Até a descoberta dos Manuscritos de Qumran o texto em hebraico mais antigo estava datado de 895 d.C.. A Bíblia hebraica foi revisada, por eruditos judeus, no Sínodo de Jamnia, na década de 1.990, ficando constituída por 24 livros, divididos na Torah, Nebim e Ketubim.
Após a diáspora, findo o domínio saduceu, a lei oral dos fariseus, com seus comentários e comentários dos comentários (o Talmud), tornou-se a peça central da religião, sendo, por volta da Idade Média, considerado mais importante que a própria Bíblia.
Na Espanha da Idade Média, as comunidades judaicas produzem textos de grande importância, como Sefer Ha-Mitswot (Livro dos mandamentos), uma síntese do judaísmo com o aristotelismo, do filósofo e médico Moisés MaimônidesSefer Ha-Zohar (Livro do esplendor), atribuído a Shimon ben Yohai, um rabino do século II. O Zohar, assumido pelo movimento místico-esotérico Kabbalah (ou “tradição”, derivado da raiz GBL, “receber”), também é chamado de “Bíblia cabalística”. (1.135-1.204), e o