O Maniqueísmo

Fundado pelo persa Mani (Manes ou Maniqueu (215-274)), no século III, foi o último grande movimento religioso do oriente antes do islamismo. Mani se dizia o último de uma sucessão de profetas, que começara com Adão e incluía Buda, Zoroastro e Jesus. Sua doutrina queria fundir o zoroastrismo, o budismo e o cristianismo.

 

Pregava que a Terra era o reino das trevas infinitas, criado pelo demônio, sendo o homem uma partícula de luz aprisionada pelo corpo. Dessa forma rejeitavam a procriação como um ato diabólico que aprisionava mais centelhas de luz na matéria criada pelo demônio e também negavam todo o Antigo Testamento, por esse vincular a criação a um Deus bom.

O conhecimento salvador da verdadeira natureza e do destino da humanidade, de Deus e do Universo é expresso no maniqueísmo por uma mitologia, segundo a qual a alma, enredada pela matéria maligna, se liberta pelo espírito. No passado, quando estavam radicalmente separadas as duas substâncias, que são espírito e matéria, bem e mal, luz e trevas, seguiu-se um período intermediário (que corresponde ao presente) no qual as duas substâncias se misturaram. Haveria um período futuro no qual a dualidade original se restabeleceria. Na morte, a alma do homem que houvesse superado a matéria iria para o paraíso, e a do que continuasse ligado à matéria pelos pecados da carne seria condenada a renascer em novos corpos.

A ética maniqueísta justifica a gradação hierárquica da comunidade religiosa, uma vez que varia o grau de compreensão da verdade entre os homens, fato inerente à fase de interpenetração entre luz e trevas. Distinguiam-se os eleitos, ou perfeitos, que levavam vida ascética em conformidade com os mais estritos princípios da doutrina. Os demais fiéis, chamados ouvintes, contribuíam com trabalho e doações. Por rejeitar tudo o que era material, o maniqueísmo não admitia nenhum tipo de rito nem símbolos materiais externos. Os elementos essenciais do culto eram o conhecimento, o jejum, a oração, a confissão, os hinos espirituais e a esmola.

Dedicaram-se a intensa atividade missionária, expandindo-se rapidamente pelo Império Romano. Do Egito, disseminou-se pelo norte da África, onde atraiu um jovem pagão que mais tarde, convertido ao cristianismo, seria doutor da igreja cristã e inimigo ferrenho da doutrina maniqueísta: Santo Agostinho (354-430). Enquanto Maniqueu foi vivo, o maniqueísmo se expandiu para as províncias ocidentais do império persa. Na Pérsia, apesar da intensa perseguição, a comunidade maniqueísta se manteve coesa até a repressão dos muçulmanos, no século X, que levou à transferência da sede do culto para Samarcanda. Missionários maniqueístas chegaram, no fim do século VII, à China, onde foram reconhecidos oficialmente até o século IX. Depois foram perseguidos, mas persistiram comunidades de adeptos no país até o século XIV. No Turquestão oriental, o maniqueísmo foi reconhecido como religião oficial durante o reino Uighur (séculos VIII e IX) e perdurou até a invasão dos mongóis, no século XIII.

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