Princípios Básicos

 

4.       Prana

Para os gregos, Prometeu descera do céu com o fogo para dar vida ao corpo humano, que ele fizera de argila. Esse fogo de Prometeu, vindo do céu, seria o princípio vital, a luz, a energia da vida, o sopro de vida (nephesh) dado por Deus para animar o corpo humano feito de matéria física densa (como em Gn 1:20s, 1:24, 1:30, 2:7, 19:17 e 37:21, em Lv 24:17-18 e em Tg 2:26), fazendo do homem uma alma vivente. Corre junto com o sangue (Gn 9:4s) e anima também todas as formas vivas (Gn 1:20s, 1:24, 1:30, 2:19, 9:10-16). Os espíritas o chamam de perispírito, “o laço que prende a alma à matéria”, responsável por imprimir no corpo físico as necessidades morais evolutivas ditadas pela alma, através dos genes e de outros mecanismos ocultos, como o recém-descoberto mecanismo epigenético.

Conhecido também como fluido universal (os chineses o chamam de Ch’i, os japoneses de Ki e os tibetanos de Srog-lung 21:100), seria o agente do qual a nossa natureza espiritual se utilizaria como intermediário entre ela e a matéria densa. O termo fluido conota o sentido de um elemento muito sutil existente na Natureza e que antigamente era denominado éter. Alguns espíritas propõem que esse elemento seja composto de “psi-átomos”, elementos atômicos mais complicados e sutis que difeririam nos diversos planos espirituais existentes. Seria o componente necessário para que a matéria perca a sua vacuidade e adquira as propriedades que a gravidade demonstra. Talvez o próprio campo quântico de energia.

Para os chineses o Ch’i seria composto de duas forças complementares Yin e Yang, que, quando desequilibradas, seriam a causa das doenças físicas. Coincidentemente, os índios guaranis do Brasil falam de Cy como uma força sagrada primordial, a energia-mãe que se divide em duas polaridades: wak’mie (energia Yang) e kat’mie (energia Yin). Em geral, um excesso de Yang aumenta a atividade orgânica e um excesso de Yin acarreta um funcionamento orgânico insuficiente.

Para o Candomblé brasileiro, essa energia tem o nome de Axé, algo poderoso e misterioso que dá a vida, que está presente em tudo e que sem ele nada existiria. Da mesma forma, os polinésios a chamam de mana, os sufis de baraka, os judeus cabalistas de yesod (a luz astral), os iroqueses de orendam, os havaianos o conhecem como (o alento) e os pigmeus Ituraca de megbe 74:99.

Segundo a filosofia hindu, seria o verdadeiro alimento que nos mantém vivo, presente, em alguma quantidade, em todos os alimentos comuns e, inesgotavelmente, em Deus. Daí as palavras de Cristo: “Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4:4). A palavra proveniente de Deus seria esse fluido universal, proveniente da vibração cósmica que foi originada no momento da criação (ou a originou). O Big-Bang dos físicos, ao qual eles simbolizam pelo som “AUM”.

 

“Quem aprende e pratica os métodos metafísicos de viver pelo poder da vontade e pela canalização consciente da inesgotável fonte de energia vital, fica livre de muitas limitações corporais” 100:57.

Paramahansa Yogananda (1.893-1.952)

 

Segundo Paramahansa Yogananda, o Prana provém da Fonte Cósmica, da Vida Una, na forma de “centelhas de energia inteligentes, os vitátrons, mais sutis que as centelhas/partículas atômicas” 100:482. Desses vitátrons emana uma luz sutil, essência que estrutura o mundo astral, conhecida como luz astral, a qual pode ser percebida por algumas pessoas em estados alterados de consciência, como o estado meditativo 100:24. Vemos assim que o Prana entra na constituição tanto do corpo astral quanto do corpo etérico.

É essa vibração inteligente que forma, compõe, dá vida e mantém todo o Universo, como energia vibratória cósmica. É a sutil estrutura do Universo. A maior fonte dessa energia, para o homem, é a luz solar. Além da luz solar, o ar inspirado e os alimentos também são fontes dessa energia vital. Essa energia, vinda da luz, se propaga pelo corpo etérico do homem através de canais sutis (Nadis), atingindo centros específicos de energia e informação (Chakras), e entra no corpo físico, principalmente, a partir do bulbo raquidiano (Cf. em SNC) e de um Chakra localizado próximo ao baço. Daí se dissemina através do sistema nervoso e circulatório, respectivamente. Após ser separado em alguns componentes no baço, o Prana flui no organismo através do sistema circulatório, permeando-o e sustentando-o por meio de cinco funções: circulação, metabolização, assimilação, cristalização e eliminação (Cf. em “OS CHAKRAS E NADIS ETÉRICOS”), e a partir do sistema nervoso central, flui até chegar nos órgãos e nervos periféricos. Quando vem do ar e dos alimentos, penetra no corpo físico diretamente através dos pulmões e do sistema digestivo, respectivamente. Na verdade seria o verdadeiro alimento, responsável pela nossa nutrição e vitalidade.

 

O médico alemão Franz Anton Mesmer (1.734-1.815), defendia a existência de energias sutis em nosso organismo, às quais, quando em desarmonia, seriam as causas das doenças físicas. Para redistribuí-las, Mesmer utilizou-se inicialmente de pequenos imãs para depois descobrir que conseguia o mesmo resultado com a imposição das mãos: uma espécie de passe que ficou conhecido como mesmerismo. O matemático Helmont, concordando com Mesmer, afirmava que esse fluido era universal e, impregnando toda a natureza, podia ser transmitido entre corpos materiais, causando influências de uns sobre os outros 11:54.

Os primeiros trabalhos de pesquisa sistemática, sobre a existência de “corpos sutis”, ocorreram de 1.904 a 1.912, com um brasileiro, o Padre Roberto Landell de Moura (1.861-1.928), que inventou uma máquina fotográfica que registrava em chapas fotográficas um halo luminoso em volta do corpo humano, de animais, plantas, e até objetos e minerais. Nos registros fotográficos, que ele denominou bioeletrografias, ele chamou de perianto ao halo visto em seres humanos. Mas toda a pesquisa e a máquina foram confiscadas pela Igreja Católica. Esse conhecimento científico ficou perdido por pouco tempo, pois em 1.939 o eletrotécnico russo Semyon Davidovitch Kirlian (1.898-1.978) observou o mesmo halo, que chamou de aura, em chapas fotográficas, e as popularizou, ficando conhecidas como fotos Kirlian.

Atualmente, conhecido como bioeletrografia, é considerado um fato científico reconhecido pela ONU/UNESCO e como um método complementar de diagnóstico na Rússia. Embora extensamente pesquisado ainda não está amplamente explicado. A explicação corrente para o halo, que envolveria a ionização de gases e líquidos excretados pela pele, não explica o registro bioeletrográfico do halo observado em minerais e objetos, como uma simples ficha telefônica. Um tipo de energia, ainda não conhecido, mas denominado pelo Dr. Hideo Uchida (Japão) de “Campo Elétrico Não Faradáico”, semelhante ao campo eletromagnético, parece estar envolvido no efeito.

Outras experiências do fenômeno bioelétrico, realizadas em folhas recém-colhidas, mostram que o padrão muda com o passar do tempo, até ficar semelhante ao padrão observado nos objetos “mortos”. Pacientes que mantém o prana de membros recém amputados como um “fantasma” aderido ao corpo, pois a sua mente se nega a aceitar a perda do membro, podem ter a dor conhecida na medicina como “dor do membro fantasma”, de causa ainda não explicada satisfatoriamente, ou reter o sentimento de ainda possuírem os referidos membros.

O médico inglês Dr. William Joseph Kilner, do Hospital St. Thomas em Londres, em 1.912 desenvolveu o filtro de Kilner, composto por duas peças de vidro entre as quais se prensa uma solução de diacinina, uma tintura de cor índigo-violeta, fazendo com que o olho perceba o ultravioleta. Com o emprego dele pode-se distinguir, numa relativa obscuridade, três zonas de emanações emitidas pelo corpo humano em estado de saúde ou doença 11:55:

 

1. O corpo físico é circundado por uma emanação ovalada e formada por diferentes faixas de energia que se estende por cerca de 6mm. A faixa mais interior segue o contorno do corpo como uma zona sombria ou rosa à qual ele deu o nome de duplo-etérico.

2. Além dela encontra-se uma faixa de substância mais sutil (vaporosa), justaposta ao duplo-etérico, se estendendo por cerca de 25mm e que parece estar em contato com o corpo, fluindo perpendicularmente a ele: é a “aura interna”.

3. E, por fim, uma terceira zona que consiste numa espécie de nuvem amorfa, muito variável em dimensão, de limites indefinidos, com cerca de 15cm de espessura, e que constitui a aura externa.

 

O médico psiquiatra alemão Dr. Wilhelm Reich (1.897-1.957), assistente de Freud, chamava essa energia, que é universal, de orgone. Ele estudou os distúrbios do fluxo energético de orgone no corpo humano e sua relação com doenças psicológicas. Criou uma forma de psicoterapia em que, usando a atividade física para liberar o fluxo de orgone no corpo, aclarava estados mentais e psicológicos alterados 11:56.

Desde a década de 1.950, o Dr. Victor Inyushin, da Universidade de Kazakh, na Rússia, pesquisa o campo de energia humana com aparelhos sensíveis à luz. Ele consegue fotografar os pontos de acupuntura, mostrando os seus estados, usando uma técnica própria. Um equipamento faz com que a pele do paciente seja percorrida por uma corrente de alta voltagem e freqüência, mas com baixa amperagem, numa técnica chamada de fotografia de descarga da coroa 10:38.

Hoje, cientistas como John White e o parapsicólogo Stanley Krippner enumeram muitas propriedades desse “Campo de Energia Universal” (CEU), que, impregnando todo o espaço e todas as coisas, flui entre objetos e obedece, segundo a física e pesquisadora da NASA Barbara Ann Brennan, “às leis de indutância harmônica e da ressonância simpática” (fenômeno que ocorre quando um diapasão “imita” a vibração de outro colocado perto dele) 11:65. Com propriedades sinérgicas capazes de construir formas, o CEU existiria em mais de três dimensões e seria o responsável pela sintropia (organização, ao contrário de entropia) que possibilita aos sistemas auto-organizados de H. Haken e Ilya Prigogine (1.917-2.003) driblarem a Segunda Lei da Termodinâmica (Cf. no Volume 1).

Recentemente, o biólogo inglês Rupert Sheldrake (Ph.D. em bioquímica), baseado no conceito quântico de que fatos podem acontecer de uma forma sincrônica e instantânea, independente do tempo e espaço (Cf. em “O NASCIMENTO DA VIDA”), postulou a existência do que chamou de “campo morfogênico”. Para ele, todos os corpos têm uma “extensão invisível e indetectável, que determina sua forma e comportamento” e atravessa o continuum quadridimensional de Einstein, interconectando tudo entre si através do tempo e do espaço, num processo que ele denominou ressonância mórfica (SOPHIA 1:35). Na opinião de Jack Sarfatti, tudo deve estar interligado por algo não físico 33:126 11:51.

 

“Todos os seres têm um tipo de aura que os liga ao mundo circundante”.

Rupert Sheldrake

 

A tese de Sheldrake descreve perfeitamente os componentes sutis do corpo humano descritos até agora. A teoria da existência de um fluido universal sempre foi muito conhecida das correntes esotéricas tradicionais. É o mesmo que o Akasha hindu, a força vital de São Tomás de Aquino (1.225-1.274), o Lahul Mafuz islâmico, o “fogo gerador” de Heráclito (540-480 a.C.), o “fogo vivo” de Zoroastro, a luz astral da escola de Martinez de Pascalis, a radiação humana, entre outros (espírito de vida, éter, fluido elementar ou fluido primitivo). Para os sufis, no Lahul Mafuz (Tábua Preservada) estão gravados os princípios básicos da criação: suas leis físicas, biológicas, psicológicas e espirituais.

Para William A. Tiller, cientista e explorador da física da consciência, o universo consiste de sete dimensões, estando seis dimensões espaciais contidas no domínio do Espírito 98:134. Postula a existência de uma dimensão etérica, onde o espaço/tempo seria negativo e uma dimensão mental, domínio de freqüências primárias. Nessa dimensão mental, os padrões formados interagiriam com a dimensão etérica, mudando-a, à qual a dimensão física se amoldaria, como uma sombra.

Isso explica também porque algumas pessoas adquirem uma consciência pré-cognitiva, pois de alguma forma podem perceber os padrões que vêm da dimensão etérica. A essa forma de visão, os espiritualistas chamam de visão pelo terceiro olho, ou olho espiritual, o qual Paramahansa Yogananda (1.893-1.952), assim como as escrituras hindus, afirma se localizar no ponto entre as sobrancelhas 100:480. Esse modelo físico multidimensional de Tiller, publicado em 1.976, racionaliza todos os fenômenos de PES (percepção extra-sensorial), materialização/desmaterialização, existências múltiplas e simultâneas 98:136, a ressurreição, o Tulku (Cf. no Capítulo IV), etc..

Barbara Ann Brennan não cita três, mas sete níveis energéticos da aura, relacionados com cada um dos sete Chakras principais (Cf. no próximo capítulo) 11:70. A aura nada mais é, então, do que radiações energéticas provenientes da conjunção de forças físico-químicas do corpo físico (bioelétricas), do corpo etérico, do astral e, mais importante, radiações mentais do Espírito. Portanto, tem características individuais e expressam o estado evolutivo, moral e intelectual, da alma. Cada camada da aura, consistindo de níveis de vibração diferentes, interpenetra-se e cada nível mais sutil penetra todas as camadas mais densas, como uma “versão mais dilatada” do corpo físico. Eles ocupam todos o mesmo espaço ao mesmo tempo, cada um sendo mais extenso que o outro. Esse “homem inferior”, o homem energético, será descrito mais pormenorizadamente no próximo capítulo.

 Cf. também: Princípios Superiores

                        Alma e Espírito

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