Você sabe quem Descende do Povo Escolhido da Bíblia?

Não existe uma história Judaica

É um fato estabelecido que entre o século 1 e o início do século 19 não se escreveu sequer um único texto histórico Judaico. O fato de que o Judaísmo se baseia em um mito histórico religioso pode ter algo a ver com isto. A tradição Rabínica nunca se preocupou em investigar adequadamente o passado Judaico. É provável que uma das razões seja a ausência de necessidade em empreender tal esforço metódico. Para os Judeus que viviam na Antiguidade e na Idade Média, a Bíblia era suficiente para responder às perguntas mais relevantes para a vida diária, o significado e o destino Judaico. Como assinala Shlomo Sand, “o tempo cronológico laico era alheio ao 'tempo da Diáspora', determinado pela espera da chegada do Messias”.

No entanto, à luz da laicidade, da urbanização e da emancipação alemãs, e devido à redução da autoridade dos líderes Rabínicos, surgiu a necessidade de uma causa alternativa entre a nascente intelectualidade Judaica. O Judeu emancipado se perguntava quem era de onde vinha. Também começou a especular sobre seu papel numa sociedade Européia cada vez mais aberta.

Em 1820, o historiador Judeu alemão Isaak Markus Jost (1793 – 1860) publicou a primeira obra histórica séria sobre os Judeus, intitulada “The History of the Israelites”. Jost evitou os tempos Bíblicos, e preferiu iniciar sua viagem com o Reino da Judéia, e também coletou uma narrativa histórica para as diversas comunidades Judaicas no mundo. Jost percebeu que os Judeus de sua época não formavam uma continuidade étnica. Viu que os Israelitas de diversos lugares eram diferentes. Então achou Daí que não haveria nada que pudesse impedir a total assimilação dos Judeus. Jost acreditava que conforme os princípios do Iluminismo, tanto os alemães como os Judeus dariam as costas à opressiva instituição religiosa e formariam uma saudável nação baseada num crescente sentido de pertinência orientado geograficamente.

Embora Jost soubesse da evolução do nacionalismo Europeu, seus discípulos Judeus ficaram bastante descontentes com sua otimista leitura liberal do futuro Judaico. “A partir do historiador Henrich Graetz, os historiadores Judeus começaram a mostrar a história do Judaísmo como a de uma nação que havia sido um 'reino', expulsa para o 'exílio', que se converteu em um povo errante e finalmente regressavam a sua terra natal” [9].

Para o falecido Moses Hess o que definiria a forma de Europa seria uma luta racial e não uma luta de classes. Então, os Judeus deveriam refletir sobre sua herança cultural e sua origem étnica. Para Hess, o conflito entre Judeus e gentios era o produto da diferenciação racial, ou seja, algo inevitável.

O caminho ideológico que vai da orientação racista pseudo-científica de Hess até o historicismo Sionista é bastante óbvio. Se os Judeus formam uma entidade racial diferente (como acreditavam Hess, Jabotinsky e outros), devem então buscar sua pátria natural, e esta não é outra que Eretz Yizrael. É claro que o raciocínio de Hess sobre uma continuidade não era aprovado cientificamente. A fim de manter o nascente discurso imaginário, era necessário erguer um mecanismo de negação bem orquestrado a fim de assegurar que alguns fatos embaraçosos não interferissem com a emergente criação nacional.

Sand sugere que o mecanismo de negação foi algo orquestrado e muito bem planejado. A decisão da Universidade Hebraica, nos anos trinta, de separar História Judaica da História Geral, em dois departamentos diferentes, foi mais que uma questão de conveniência. O princípio na base desta divisão é realçar a auto-realização Judaica. Para os acadêmicos Judeus, a condição e a psique Judaicas eram algo único que deveria ser estudado separadamente. Aparentemente, mesmo no interior do meio acadêmico Judaico, os Judeus, sua história e a percepção de si mesmos têm um status supremo. Como Sand assinala de forma perspicaz, nos departamentos de Estudos Judeus o pesquisador fica disperso entre o mitológico e o científico, enquanto o mito mantém sua primazia. Mas freqüentemente acaba em um dilema provocado por “pequenos fatos tortuosos”.

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