As profecias não são sentenças de prêmios ou castigos divinos

Muita gente pensa, erroneamente, que as profecias são uma espécie de sentenças de prêmios ou castigos de Deus para nós, no futuro.

Deus tem espíritos evoluídos que trabalham em seu projeto (Hebreus 1,14). Ao nosso mundo, ora eles vêm encarnados, ora desencarnados, trazendo-nos conhecimentos morais, éticos e de progressos, inspirando-nos e intuindo-nos. Jesus desempenhou e desempenha a maior missão em nosso planeta, vindo aqui encarnado e ainda também como desencarnado, quando apareceu, por várias vezes, ao apóstolo Paulo e a muitas outras pessoas. E, de fato, o Mestre continua o seu trabalho de espírito desencarnado, assistindo-nos na busca da nossa perfeição semelhante à divina. Aliás, Ele prometeu que onde houvesse dois ou mais indivíduos reunidos em seu nome, Ele estaria no meio deles, obviamente invisível, exceto para quem é médium vidente de espíritos (psicovidência).

Kardec criou a palavra médium, dizendo que ela significa o que, na Bíblia, é profeta. E há três tipos de profetas nela, ou mais precisamente no judaísmo do Velho Testamento. Ei-los em hebraico: os do tipo “Rôéh”, que veem com os olhos carnais; os “Ôzéh”, que veem com os olhos da alma, ou seja, o vidente (1 Samuel 9,9); e os “Nâbi” ou “Nâvi”, aqueles que recebem um espírito (1 João 4,1). Então, quando eles falam, escrevem e gesticulam, não são eles que o fazem, mas espíritos que estão neles. A “Septuaginta”, tradução do hebraico para o grego (250 anos, mais ou menos, a. C.), só usou para profeta a palavra grega “profetis”, sem os detalhes.

Essa tradução da “Septuaginta” não é aceita pelos judeus e os protestantes, por ela não existir no original hebraico do Velho Testamento. Nessa questão, os espíritas seguem mais os judeus e os protestantes (para saber mais, nosso livro “A Face Oculta das Religiões”, página 128, Ed. EBM, SP).

Quando o espírito fala pela boca do profeta ou médium incorporado ou imantado, o fenômeno é chamado de “psicofonia”, e psicografia, quando escreve. Destarte, esse profeta do tipo “Nâbi” ou “Nâvi” é o profeta (médium) mais profeta, se é que se pode dizer assim. Mas é também importante o do tipo “Ôzéh”, que vê com os olhos do seu próprio espírito ou alma (animismo), pois ele é um vidente, que sabe das coisas passadas e futuras que acontecem de acordo com as leis divinas. E dessas leis faz parte a inexorável lei de causa e efeito ou cármica de que colhemos o que semeamos. Se o espírito que fala por meio de um profeta ou médium “Nâbi” for evoluído, e que diz, pois, verdades de acordo com o Evangelho de Jesus, trata-se de um verdadeiro profeta, ou falso profeta, se ele contradiz o ensino evangélico. Isso vale também para o profeta ou médium vidente (animismo) do tipo “Ozéh”, que pode ser também um verdadeiro ou falso profeta, daí João recomendar que examinemos os espíritos (1 João 4,1), inclusive o do médium.

Destarte, as profecias são simplesmente frases de espíritos, que falam pelos profetas (médiuns) ou frases destes mesmos, e não sentenças de prêmios ou castigos de Deus no futuro. Mas devemos precaver-nos, pois há falsos profetas. E quem pense que só possa haver os profetas bíblicos, eis o que diz Paulo (1 Coríntios 14,39): “Portanto, meus irmãos, procurai com zelo o dom de profetizar…” Essa prática caiu em desuso nas igrejas cristãs, mas é revivida nas casas espíritas!

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