Escatologia

Da aparente contradição sobre o início e o fim do Universo, vista em algumas religiões, a ciência já formula teorias conciliatórias (Multiverso atemporal). Enquanto a maioria das religiões acredita numa origem e manutenção guiadas por Algo existente fora do Universo, uma minoria (baseada em ensinamentos budistas) acredita que ele nunca teve um início e nunca terá fim. Já quanto ao fim dos tempos, todas têm algo em comum.

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A crença na vinda ou retorno de Deus encarnado, que virá destruir definitivamente as forças do mal e iniciar uma nova era, está presente em todas as religiões. Os escandinavos aguardavam a volta de Balder, os cristãos aguardam o retorno de Jesus Cristo (Hb 9:28), os judeus esperam-no como o Messias, Rama se retirou com seus “irmãos” para uma montanha, para de lá velar por todos, e reaparecer como juiz e temível vingador se o mal aparecer na Terra. Zoroastro (628-521 a.C.) profetizou a vinda de Sháh Bahram (ou Saoshyant), o salvador do mundo, o grande mensageiro da paz que viria no final dos tempos “resgatar os bons”. O hinduísmo espera a vinda do último Avatar de Vishnu, Kalki, o próprio Deus em forma humana, o implacável destruidor do mal. Os budistas esperam o Buddha Maitreya (que surgiria 2.500 anos após Sidarta Gautama) para restaurar o Dharma e presidir a terra pura conhecida como Tushita, em sânscrito (ou em tibetano – que significa “Terra da Alegria”) e os muçulmanos drusos esperam-no como Ganden Iman Mahdi ou “o Messias”.

O Corão afirma que haverá um “dia do julgamento” (11:105-108). No dia do julgamento, todos os mortos ressuscitarão (69:13-36), e os condenados irão para um local conhecido como Geena, entre gemidos e soluços, para permanecer enquanto permanecerem os céus e a Terra. Os outros permanecerão o mesmo tempo num “jardim onde correm os rios”, recebidos pelos anjos de Alá (16:31-32).

Na Bíblia cristã figuram diversas mensagens proféticas sobre o “dia de Jeová” ou “o fim dos tempos” (Jl 2:1s, 2:10s e 3:1-4, Am 5:18ss e 8:9s, Dn 8:13-20 e 8:23-26, 11:36, 11:40ss e 12:7-12, Jr 4:20-28, Is 13:1-20, 24:1-6 e 24:17-20, Mt 24:6-9, 24:21s e 24:29s, Lc 21:25-36, II Ts 2:1-5 e o livro do Apocalipse). Nesse tempo, com a volta do Cristo, Deus faria recair sobre a humanidade pecadora toda a sua ira, e, após a purificação do mundo, implantaria finalmente a era da paz onde o homem seria reconduzido ao Paraíso em um novo corpo, dito espiritual (I Cor 15:44). Esta ira divina, segundo os profetas, se manifestaria sob a forma de guerras (e suas conseqüentes fome e pestes) causada por um Anticristo (que alguns nomeiam de Gog), assim como sob a forma de sinais cósmicos e sísmicos (terremotos, escurecimento do Sol e da Lua, e estrelas caindo sobre a Terra).

Sobre o Dia do Juízo (o Ragnarok escandinavo), há uma severa admoestação sobre uma “porta estreita” pela qual uns poucos passarão. Esses estarão a salvo, ou libertos (Jo 8:36, Gl 5:1 I Cor 9:1 e Rm 8:2). Já o cristianismo ortodoxo atual crê na interpretação de Orígenes de que todas as pessoas serão salvas no final, até mesmo Satã e seus anjos. Essa doutrina da “redenção de todas as coisas” é conhecida como apocatástase.

As Testemunhas de Jeová, grupo religioso cristão, surgido por volta de 1.870 na Pensilvânia, a partir de ensinamentos de Charles Russel, acreditam que, de acordo com o livro do Apocalipse, 144 mil pessoas serão salvas e estarão ao lado de Jeová quando o dia do Juízo chegar. O restante da humanidade terá uma chance de viver em um paraíso aqui mesmo na Terra, mas os que não seguirem as leis de Jeová morrerão definitivamente. Aqueles que morreram antes do julgamento ressuscitarão e viverão, junto com os eleitos, no paraíso terrestre.

Os Adventistas do Sétimo Dia, uma seita protestante com mais de 9 milhões de adeptos, marcadamente escatológica e vegetariana, interpreta a Bíblia Sagrada de uma forma profética. Com base em trechos bíblicos (Nm 14:34, Ez 4:6, Dn 7:25, Ap 12:6, 12:14 e 13:5) formula uma base de correspondência, em anos terrestres, dos termos usados na Bíblia: um ano bíblico (ou um tempo bíblico) seriam 360 dias bíblicos, um mês bíblico equivaleria a 30 dias bíblicos e um dia bíblico seria um ano terrestre.

Afirmam que a segunda vinda de Cristo será no novo milênio que hora se inicia, após o que um período de mil anos bíblicos sobrevirá, em que o “anjo caído” será aprisionado e todos os ímpios serão mortos e julgados. Após os mil anos o anjo caído será solto e definitivamente derrotado, os ímpios serão ressuscitados e destruídos, e um novo céu e uma nova Terra surgirão com a descida à Terra da Jerusalém celeste.

Outros textos apócrifos também relatam o dia do juízo: o Apocalipse de Pedro, o Apocalipse de Paulo e o Apocalipse de Tomé. Diversos profetas mais atuais, como São Malaquias (1.138), Dom Bosco (1.815-1.888), Nostradamus (1.503-1.566), o russo Rasputin (1872), irmã Lúcia (os três segredos de Fátima em 1.917), Edgar Cayce (1.877-1.945), Ramatis (1.948), Pietro Ubaldi (1.886-1.972), Jeane Dixon (1.953) concordam que tempos difíceis virão, em que catástrofes, guerras e fome assolarão a Terra.

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