Nutrição Preventiva

Comer para se manter saudável talvez não seja tão fácil quanto parece…

 

De fato, um estudo científico mostra que até pessoas que vivem em países industrializados comumente falham ao obter o mínimo de micronutrientes (vitaminas e minerais) recomendado por dia. Em vez disso, abusam de refeições altamente calóricas e de uma infinita variedade de comidas.

No entanto, mais preocupante ainda é o caso das dietas de subsistência presente em vários países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, que falha quanto ao fornecimento de macronutrientes adequados (carboidratos, gorduras e proteínas) e também de micronutrientes necessários para uma nutrição básica.

 

Além dos macronutrientes, as 13 vitaminas e os 17 minerais essenciaIs à saúde humana, compostos naturais encontrados em plantas (fitoquímicos) vêm recebendo cada vez mais atenção de pesquisadores, que procuram fazer a ligação entre a dieta alimentar e algumas doenças.

Os fitoquímicos (do grego, fito = planta) não são iguais às vitaminas e aos minerais, uma vez que não possuem valor nutricional algum. Alguns fitoquímicos, como a dedaleira (extraída da erva-dedal) e a quinina, têm sido usados por centenas de anos como remédio no tratamento de algumas doenças. Apresentam, ainda, outras funções, como a de antioxidante, por exemplo, protegendo as células dos efeitos da oxidação e dos radicais livres.

Recentemente, estes fitoquímicos foram reconheci os como poderosos agentes, que podem oferecer defesa contra doenças e outras condições, de alguns tipos de câncer até o processo de envelhecimento.

Sabemos há muito tempo que a escolha certa dos alimentos pode melhorar a saúde e diminuir os riscos de certas doenças. No caso dos vegetais, a afirmação se torna ainda mais verdadeira. O que é mais emocionante é que nós estamos compreendendo que estes alimentos são ricos em elementos que intensificam a saúde, e estamos descobrindo como podem ser utilizados nas células.

E isso tudo traz um novo sentido à afirmação “Você é o que você come”.

 

OS FITOQUÍMICOS

 

Família

Maiores fontes de alimento

Sulfeto de alilo

Cebola, alho, alho-poró e cebolinha

Indol

Vegetais crucíferos (brócolis, couve, couve-flor e repolho)

Isoflavinas

Produtos de soja (tofú e leite de soja)

Ácido Fenólico

Tomate, frutas cítricas, cenouras, grãos integrais e amêndoas

Polifenóis

Chá verde, uva e vinho tinto

Saponinas

Feijão e legumes

Terpenos

Cereja e casca de frutas cítricas

 

A RELAÇÃO ENTRE O CÂNCER, AS FRUTAS E OS VEGETAIS

Desde 1970, pesquisadores do mundo todo vêm mostrando que pessoas que têm uma dieta alimentar com muitas frutas e vegetais apresentam menor probabilidade de adquirir alguns tipos de câncer. Outros estudiosos descobriram os efeitos protetores de alguns alimentos vegetais, como amêndoas, grãos e sementes.

Mas a evidência mais forte mostra que comer muitas frutas e vegetais pode reduzir o risco de desenvolver alguns tipos de câncer. Por exemplo, pesquisadores descobriram que o álcool de perililo, encontrado em cerejas e alfazema, encolhem tumores pancreáticos de animais de laboratório.

E o limoneno, contido na casca de frutas cítricas, interrompe o desenvolvimento do câncer de mama, além de encolher alguns tumores existentes em cobaias. Recentes ligações entre os fitoquímicos e a redução do risco de câncer inclui:

 

– Um estudo de Harvard que comprova que o alto consumo de vegetais crucíferos, como brócolis e couve, pode reduzir o risco de câncer na bexiga em homens.

– Outro estudo de Harvard que mostra que comer cinco ou mais porções de frutas e vegetais por dia diminui o risco de câncer de mama entre mulheres na pré-menopausa com histórico deste tipo de câncer ou que bebem com moderação.

– Uma matéria publicada pelo National Cancer Institute que informou a redução do risco de uma variedade de câncer entre aqueles que comem tomates ou derivados com freqüência.

– Pesquisa supervisionada pelo World Cancer Research Fund e publicada pela revista britânica British Medical Journal descobriu que dietas ricas em frutas e vegetais e pobres em carne protegem contra o câncer de mama, de próstata e de intestino, entre outros.

 

Embora já estejam identificando um número significativo de compostos vegetais e seus papéis no combate a algumas doenças, há um crescente consenso afirmando que há uma grande variedade de alimentos integrais – e não suplementos – que deveriam ser fonte de fotoquímicos e de outros compostos importantes para saúde.

 

OS FITOQUÍMICOS E A SAÚDE CARDIOVASCULAR

Os fitoquímicos presentes em frutas e vegetais podem ajudar o coração também.
Estudos epidemiológicos recentes sugerem que uma dieta alimentar rica em frutas e vegetais resulta na redução do risco de doenças cardiovasculares, que não pode ser atribuída a macronutrientes ou vitaminas e minerais conhecidos.

De acordo com uma matéria baseada numa pesquisa feita pelo American Heart Association, três classes de compostos encontrados em frutas e vegetais – esterol vegetal, flavonóides e enxofre – podem ser importantes na redução do risco da aterosclerose (estreitamento das artérias).

Os esteróis são um grupo de lipídios (substâncias parecidas com gordura) encontradas no corpo. O lipídio mais comum encontrado em tecidos animais e vegetais é o colesterol, essencial na formação das membranas celulares. É muito importante, principalmente para os neurônios, que o organismo tenha a sua própria reserva de esteróis.

O colesterol circula pelo sangue em partículas chamadas lipoproteínas. Pesquisadores estabeleceram uma ligação entre alguns tipos destas partículas e a aterosclerose, doença causadora de ataques cardíacos e infartos. A aterosclerose pode causar, ainda, hipertensão e impotência.

Os esteróis vegetais (fitoesteróis) e o colesterol, provenientes da carne vermelha, entre outras fontes, competem pela absorção durante a digestão. Grandes quantidades de esteróis vegetais diminuem a quantidade de colesterol absorvido, desempenhando, assim, papel de proteção.

Os flavonóides possuem estruturas químicas variadas e são encontrados em frutas, vegetais, amêndoas e sementes. Alguns deles possuem efeito antioxidante, protegendo as células dos radicais livres. Outros se mostram eficientes em tornar as células sanguíneas menos pegajosas ao limitarem a ação das plaquetas.

Estas substâncias podem ser encontradas em vinhos tinto e produtos de soja (isoflavonas). Compostos de enxofre que surgem naturalmente podem reduzir a taxa de colesterol sangüínea e, conseqüentemente, diminuir a incidência da aterosclerose. Encontrados no alho, cebola e alho-poró, estes compostos têm sido usados como remédio há muito tempo. Óleo e dentes de alho têm sido apresentados como redutores da pressão sangüínea e de lipídios em humanos.

 

A OBESIDADE E A DIABETES

A obesidade é um fator de risco para alguns tipos de câncer, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2, comumente chamada de diabetes mellitus, mais comum em adultos e independentemente da taxa de insulina.

As altas taxas de açúcar no sangue por conta da diabetes (hiperglicemia), com o tempo podem causar complicações em todo organismo. A diabetes incontrolada pode vir a causar cegueira, doenças de rim, problemas nos nervos, aterosclerose, hipertensão e infarto.

Pesquisadores descobriram que certos carotenóides – compostos vegetais com propriedades antioxidantes – podem impedir o desenvolvimento da diabetes tipo 2. Estudos também mostram que manter um peso saudável, com uma dieta calórica limitada e composta por bastante frutas e vegetais, pode reduzir o risco de desenvolver a doença.

 

RECOMENDAÇÕES GERAIS

Recomendações efetivas na prevenção de trombose coronária, câncer, obesidade e diabetes:

* balanceie a quantidade de comida ingerida com a prática de exercícios físicos – mantenha ou melhore seu peso
* escolha uma dieta alimentar com muitos grãos, vegetais e frutas
* escolha uma dieta alimentar com pouca gordura, gordura saturada e colesterol
* escolha uma dieta alimentar moderada em açúcares
* escolha uma dieta alimentar moderada em sal e sódio
* se você ingere bebidas alcoólicas, faça-o com moderação
Fonte: www.catho.com.br

 


* Escritora e editora médica, com especialização em Projetos de Educação Médica Continuada.
É presidente da Latin-Med Editora Médica, editora médica da Conexão Médica, diretora do departamento de Educação Médica para Leigos da Associação Paulista de Medicina e atua em vários sites médicos.
e-mail ceoelisabete@latinmed.com.br

 

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