Seguindo a linha Avatamsaka (da escola Mahayana) vimos o surgimento, no Japão, da escola Kegon e da linha Vajrayana o surgimento da escola Shingon (palavra verdadeira) e Tendai (plataforma celestial).
Em 804, o monge japonês Saichô (ou Dengyô Daishi, 767-822) fundou a escola Tendai, com base nos ensinamentos da escola T’ien-t’ai chinesa. Esta escola afirma que, como todos os fenômenos condicionados são vazios, então todos eles são uma expressão da Mente Única, do Absoluto. Isto é explicado através de três verdades:
- Verdade do vazio: todos os fenômenos são destituídos de uma realidade independente e portanto são vazios;
- Verdade da limitação temporal: cada fenômeno possui uma existência aparente e limitada pelo tempo, podendo ser percebido pelos sentidos; e
- Verdade do meio: é a síntese das duas primeiras verdades; a essência (do sânscrito: tathata) não pode ser encontrada fora do fenômeno ou do absoluto.
Posteriormente, a escola Tendai se dividiu em três sub-escolas: Sanmon, Jimon e Shinsei. Além disso, ela deu origem ao movimento Sanno Ichijitsu Shingô, um sincretismo com a religião xintoísta do Japão.
O monge japonês Kobo-daishi, conhecido como Kûkai (774-835), que além de educador, escritor, pintor, escultor e engenheiro foi grande pesquisador das religiões de sua época (budismo, confucionismo, taoísmo e xintoísmo), escreveu um estudo comparativo chamado Sangô no Shiki. Segundo ele, os ensinamentos da escola Shingon, que ele fundara, representam a verdade absoluta do Buddha (Maha-) Vairochana (em japonês, Dainichi-nyorai), que se manifesta na harmonia dos seis elementos – terra, água, fogo, ar, espaço e consciência. Deste modo, ele sintetizou estes ensinamentos nos Dez Estágios da Consciência Religiosa:
- os animais que vivem sem religião;
- confucionismo, que ensina a virtude mundana;
- taoísmo, que ensina algumas práticas de meditação;
- “Hinayana” dos ouvintes;
- “Hinayana” dos realizadores solitários;
- a escola Hossô;
- a escola Sanron;
- a escola Tendai;
- a escola Kegon;
- a escola Shingon.
Na escola Shingon, através das práticas dos três segredos (triguhya), seus praticantes procuram realizar uma união (yoga) mística com os budas que estão sendo invocados, até que se alcance a iluminação – “eu no Buda, o Buda em mim”. O triguhya consiste em gestos, posturas e implementos esotéricos usados para invocar treze budas (jûsan-butsu), expressando o “segredo do corpo” iluminado, na recitação de mantras, e dharanis representando o “segredo da fala” iluminada e todas as cinco sabedorias (os Dhyani-buddhas) constituindo o “segredo da mente” iluminada.
Seus treze budas são: Fudo-myo-o, Shaka Nyorai (Buddha Shakyamuni), Monju-bosatsu (Bodhisattva Manjushri), Fugen-bosatsu (Bodhisattva Samantabhadra), Jizo-bosatsu (Bodhisattva Kshitigarbha), Miroku-bosatsu (Bodhisattva Maitreya), Yakushi-nyorai (Buddha Bhaisajyaguru), Kanzeon-bosatsu (Bodhisattva Avalokiteshvara), Seishi-bosatsu (Bodhisattva Mahastamaprapta), Amida-nyorai (Dhyani-buddha Amitabha), Ashuku-nyorai (Dhyani-buddha Akshobhya), Dainishi-nyorai (Dhyani-buddha Maha Vairochana) e Kokuzo-bosatsu (Bodhisattva Akashagarbha).