O Cristianismo (Catolicismo) – cont.

DOUTRINAS CONSIDERADAS HERÉTICAS À IGREJA CATÓLICA ROMANA

1. Ateísmo

Relacionado com o eclipse de Deus, em uma série de fenômenos negativos como a indiferença religiosa, a difusa ausência do sentido transcendente da vida humana, um clima de secularismo e relativismo ético, a negação do direito à vida da criança não nascida e a indiferença perante o grito dos pobres. Foi pormenorizada quando se falou dos cismas do cristianismo.

 

2. Adopcionismo

Cristo seria Filho adotivo e não por natureza. Propagado em Roma no século II negava a divindade do Verbo, 2a Pessoa da Santíssima Trindade cristã. No século VIII, na Espanha, os bispos Elipando de Toledo e Félix de Urgeu o renovaram, admitindo a divindade do Verbo, Filho de Deus segundo a natureza divina, mas Cristo, em sua natureza humana, deveria ser chamado Filho adotivo de Deus.

 

3. Albigensianismo

Renovou a doutrina dos maniqueus, segundo a qual a criação seria obra de dois princípios opostos, uma divindade boa e outra má, tendo esta criado o mundo material e aquela o espiritual. Rejeitavam o batismo das crianças, dizendo-o inútil, e negavam o casamento e a procriação. Tinham seu próprio clero, celibatário. Negavam a transubstanciação, a Trindade, o nascimento virginal, o inferno e o purgatório. Condenado pelo Concílio de Albi, só foi controlado após uma Cruzada que findou em 1.227. Veja Catarismo.

 

4. Anglicanismo

Cisma da Inglaterra, adotada por Henrique VIII, introduziu um novo ritual, proscrevendo o Missal e o Breviário. Aceitam a Trindade, Encarnação e a Redenção, negam o purgatório, reduzem os sacramentos a dois e pregam a justificação pela fé.

 

5. Anabaptismo

Provindo do Luteranismo, exigia um novo batismo, para os batizados na infância. Criado por volta de 1.521, na Saxônia, ensinava a igualdade completa de todos os homens e uma distribuição utópica de todos os bens materiais.

 

6. Arianismo

Vindo de Ário, sacerdote de Alexandria, se refere à natureza da divindade de Jesus Cristo, que não seria co-eterno e da mesma substância do Pai, mas que foi gerado ou criado por Ele não sendo homousios, mas apenas homoiousios, não tendo existência anterior. O Filho tem um começo mas Deus não. Rejeitada em 325 em Nicéia, propagou-se, sendo condenada novamente em 381 em Constantinopla, o que não impediu que continuasse a ter adeptos: germânicos ostrogodos, visigodos e burgúndios.

 

7. Batistas

Seita protestante segundo a qual só os adultos crentes podem ser batizados e por imersão completa, originada na Inglaterra, por volta de 1.600 como ramo do Calvinismo.

 

8. Bogomilos

Seita que negava os sacramentos, a Santíssima Trindade, o culto a Maria e aos santos, e afirmava que o mundo visível e material tinha sido criado pelo demônio. Surgidos na Trácia e nos Balcãs do século X ao XV.

 

9. Calvinismo

Ensinava que a natureza humana, após o pecado original, está totalmente desviada do bem e é odiada e abominável a Deus. A vontade do homem não é livre e a graça de Deus é irresistível, portanto estamos destinados à salvação ou à condenação, não porque Deus prevê nossos méritos ou deméritos, mas somente porque assim quer sua vontade. Somente a fé justifica e os sacramentos são canais de graça somente para os eleitos. O sacerdócio hierárquico é rejeitado.

 

10. Catarismo

Revivescência medieval da heresia dualista dos maniqueus – um princípio bom e outro mau. Um grupo de cátaros cria que os dois eram iguais, dos quais se originaram os albigenses (1.175), e outro afirmava que o princípio bom era superior. Afirmavam o matrimônio como um mal, repudiavam a procriação, defendendo a anticoncepção, afirmavam a migração das almas, negavam a autoridade estatal e defendiam a liceidade do suicídio. Condenado em 1.179 no Concílio de Latrão III.

 

11. Congregacionalismo

Seita protestante fundada por Robert Browne (1.550-1.630), dissidente anglicano. Ensinava a independência de cada congregação ou igreja local. Os evangelhos são aceitos como regra única de fé, sendo um calvinismo modificado.

 

12. Donatismo

Desencadeado no século IV pelo bispo Donato de Cartago, foi um movimento africano que acusou o cristianismo romano de ser uma religião dos detentores do poder e da riqueza.

 

13. Gnosticismo

Seu princípio fundamental é que nas religiões há uma crença comum, patrimônio dos fiéis, e um conhecimento mais alto, apanágio de uns pouco instruídos. Esse conhecimento superior dá uma explicação filosófica da crença comum do povo (veja anteriormente na religiosidade grega).

 

14. Hussismo

Defendida pelo pregador Jan Hus (1.373-1.415), checo, que questionava a autoridade papal. Principal antecedente da Reforma protestante na Europa central.

 

15. Iconoclastas

Nome dados aos que condenavam o culto das imagens. Uma proclamação do imperador Leão em 726 precipitou esse movimento e a propagação de sua doutrina. Condenada pelo segundo Concílio de Nicéia.

 

16. Jansenismo

Seria uma falsa interpretação, dada por Cornelius Otto Jansen (1.585-1.638), bispo de Ypres, à doutrina de Santo Agostinho (354-430) sobre a graça, a predestinação e o livre arbítrio. Apareceu em 1.640. Negava o livre arbítrio em aceitar ou rejeitar a graça divina, defendendo que mesmo o justo não pode guardar alguns mandamentos, que a penitência pública era necessária e em seu crucifixo os braços estavam elevados, simbolizando que Cristo não morreu por todos e sim por alguns escolhidos. Seu efeito se exerceu mais fortemente na recepção dos sacramentos, pois requeriam para a confissão e comunhão uma longa e severa preparação, pois a comunhão era mais uma recompensa por uma vida boa do que um auxílio para a prática das virtudes.

 

17. Indiferentismo

Ensina que podemos conseguir a vida eterna em qualquer religião, contanto que nos amoldemos à norma do reto e honesto.

 

18. Liberdade de consciência e de imprensa

Condenada através da Carta Encíclica Mirari Vos, em 1.832, onde diz que a liberdade de imprensa “nunca foi condenada suficientemente, se por ela se entende o direito de trazer à baila toda a espécie de escritos. … há de se lutar com todas as nossas forças… para exterminar a mortífera praga de tais livros, pois o erro sempre procurará onde se fomentar”.

 

19. Luteranismo

Ensinada por Martinho Lutero (1.483-1.546), cujas crenças fundamentais incluíam: a invencibilidade da concupiscência no homem desde a queda de Adão, a salvação se faz só pela fé, sem as obras, a Bíblia é a única fonte de revelação, excluindo a Tradição e o magistério eclesiástico, a consubstanciação (a substância do pão e o vinho coexistem com a substância do corpo e do sangue de Jesus Cristo), em vez da transubstanciação, na Eucaristia e a interpretação privada da Bíblia.

 

20. Materialismo

Sistema filosófico que considera a matéria como a única realidade e todos os acontecimentos como sua evolução. Nega a existência da alma e de Deus. A inteligência humana seria a ação de matéria organizada, e os fenômenos físicos e psíquicos conseqüências da lei da conservação da energia. Admite uma forma de matéria superior (vida, consciência, pensamento) e uma inferior (reações químicas e fenômenos físicos).

 

21. Macedonianismo

Doutrina que negava a divindade do Espírito Santo. Criada por Macedônio, bispo de Constantinopla entre 360 e 364.

 

22. Metodismo

Doutrina de John Wesley (1.703-1.791), ministro anglicano, reagindo contra o racionalismo da época: a fé sozinha é a base da justificação, sendo a Bíblia a única regra de fé, e a graça divina conserta o defeito do pecado original, mas é necessária a colaboração humana. Rejeita a predestinação calvinista, o purgatório e a veneração dos santos. Aceita o Batismo e a Eucaristia.

 

23. Modernismo

Coleção de erros do início do século XX no sentido de amoldar a teologia e a moral às ciências e idéias modernas. Condenada por Pio X consistia nos seguintes pontos: é impossível provar a existência de um Deus distinto do mundo, a “revelação” é apenas um produto natural do subconsciente e “dogma” é apenas uma expressão deste, sujeito a contínua evolução, a Bíblia não é um livro inspirado por Deus, não há necessidade pessoal de reconciliar a ciência e a fé, a divindade de Cristo não foi ensinada nos evangelhos mas é um produto da evolução do pensamento cristão, a idéia do valor redentor de Cristo originou-se com São Paulo, e Cristo não instituiu a Igreja nem o primado de Pedro, sendo esses apenas uma contingência histórica, que poderia mudar completamente. Os modernistas queriam dar às teses tradicionais da doutrina católica um novo significado racional.

 

24. Monofisismo

Doutrina do século V, declarava que só havia em Jesus uma natureza, a humana. Defendida pelos seguidores de Eutiques (378-454) e Dióscoro (falecido em 454), patriarca de Alexandria. Encontrou apoio por ocasião do Concílio ilegal de Éfeso (449). Foi condenada no Concílio de Calcedônia (451). Os monofisistas de hoje são continuadores de Severo de Antioquia (512-518), que afirmava a unidade das pessoas no Cristo sem negar a persistência da humanidade em sua integridade individual.

 

25. Montanismo

Ensinada por Montano da Frígia (160 d.C.), exigia um maior fervor religioso e uma observância ascética mais rigorosa, negando à Igreja o poder de perdoar os pecados. Dizia Montano que havia recebido novas revelações do Espírito Santo, que vinham complementar as trazidas por Cristo, estando a sua volta iminente.

 

26. Monotelismo

Professava haver em Cristo uma única vontade, a divina, que absorvia a humana.

 

27. Mormonismo

Fundada nos Estados Unidos por Joseph Smith Junior, em 1.830, que dizia ter recebido de um espírito celeste a revelação completa feita por Cristo após a sua ressurreição. Essa revelação teria sido escrita por Mórmon, profeta que teria habitado a América antes da chegada de Colombo (o Livro de Mórmon). Acreditam em Deus Pai, em Jesus Cristo Seu Filho, feito expiação por todos os pecados, e no Espírito Santo como pessoas distintas. Criam também na possibilidade dos seguidores atingirem o estado de divindade. Dizia Smith que Deus teria ordenado a re-introdução da poligamia, que foi abandonada em 1.891 por pressão das leis civis. Têm um culto aberto e outro secreto, baseado na maçonaria.

 

28. Naturalismo

Ensina que a perfeição dos governos e o progresso civil exigem imperiosamente que a sociedade humana se constitua e se governe sem se preocupar em nada com a religião, ou pelo menos, sem fazer distinção nenhuma entre a verdadeira e as falsas.

 

29. Nestorianismo

Ensinada por Nestório (380-451), patriarca de Constantinopla, afirmava que em Jesus Cristo havia duas pessoas – a humana e a divina – unidas moralmente; a divina habitando a humana, como num templo. Logo somente a pessoa humana de Jesus Cristo morreu na cruz, e Maria não seria a mãe de Deus, mas da pessoa humana, Jesus. Condenada em Éfeso – 431.

 

30. Panteísmo

Doutrina que remonta à filosofia indiana, em que tudo o que existe ou é parte de Deus ou é o mesmo Deus, negando a diferença infinita entre o Criador e as criaturas. Condenada por Pio IX no Concílio Vaticano I.

 

31. Pelagianismo

Negava a graça, admitindo ser possível ao homem, pelas suas virtudes e forças e sem a graça de Deus, alcançar o Céu pela observância de todas as leis. Negava o pecado original, negando assim a necessidade do Batismo. Afirmava que a concupiscência não era um mal, e que Adão, antes de pecar, não estava isento dela.

 

32. Quietismo

Doutrina mística que propunha a completa inatividade da inteligência e da vontade, permitindo a Deus realizar sua vontade na alma, não sendo necessária a preocupação com atos de virtude, resistência às tentações, com o pecado ou com a própria salvação. Ensinada por Miguel de Molinos (1.640-1.696), foi condenada por Inocêncio XI.

 

33. Quiliasmo

Doutrina segundo a qual Cristo terá um reino temporal durante mil anos antes do fim do mundo, baseada numa interpretação do capítulo 20 do Apocalipse. Foi professada por alguns padres católicos e revivida pelos protestantes adventistas.

 

34. Racionalismo

Afirmava que a razão estava acima da fé e dos dogmas.

 

35. Semipelagianismo

Afirmava que o homem, sem a graça de Deus, podia merecer, certamente, os primeiros começos da fé. Elaborada para tentar corrigir as veementes refutações de Santo Agostinho (354-430) contra o pelagianismo, onde parecera que o livre-arbítrio teria sido subestimado.

 

36. Swedenborgianismo

Chamada de Igreja da Jerusalém Celeste, inspirou-se nos livros de Swendenborg (1.688-1.772), que rejeitava os livros de São Paulo e os Atos como epístolas “sem sentido angélico”, aplicando o capítulo 3 do Apocalipse (a besta) aos demais protestantes e os capítulos 17 e 18 (a meretriz de Babilônia) à Igreja Católica. Rejeitava o pecado original e a ressurreição dos mortos.

 

37. Unitarismo

Rejeita a existência de três pessoas na Trindade, sustenta a unidade pessoal de Deus. Aparece no tempo da Reforma (século XVI). Modernamente dão muita importância ao aspecto doutrinário, pregando uma atitude espiritual resumida nos dois mandamentos de Jesus: amor a Deus e ao próximo.

 

38. Universalismo

Doutrina segundo a qual não há inferno e todos se salvarão.

 

39. Valdensianismo

Reagindo contra o luxo existente no fim do século XII, Pedro de Valdo, de Lion, contratou tradutores e chegou à conclusão que todos os cristãos deviam abster-se da posse de propriedades, como os apóstolos. Recusavam a autoridade do Papa, acreditavam na inexistência do purgatório, na nulidade das indulgências e orações pelos mortos, não acreditavam na transubstanciação, viam todo juramento e toda mentira como pecaminosos, assim como toda guerra e derramamento de sangue humano.

40. Heresia de Wycleff

John Wycleff (1.324-1.384) afirmava que Cristo estava presente apenas sacramentalmente na Hóstia consagrada, que os clérigos perdiam a autoridade espiritual pelo pecado e que a Igreja Romana não tinha autoridade alguma sobre as outras igrejas.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *