O Cristianismo

“Tu nos fizeste para Ti e nosso coração ficará inquieto enquanto não repousar em Ti”.

Santo Agostinho (354-430)

 

 

Foi “fundado” por Jesus de Nazaré, um judeu da Galiléia, que teria nascido em 6 a.C., quando Roma dominava a Palestina e Augusto era o imperador. Embora historiadores contemporâneos a Jesus, como Plínio, o Moço (61-114), que cita João Batista, Herodes e Pilatos, aparentemente nunca tenha ouvido falar dele, ou pelo menos não o tenha considerado digno de menção, Tácito (56-120) faz referência a um homem chamado Cristo, que foi crucificado por Pôncio Pilatos no reinado de Tibério, Suetônio (65-135) cita alguns judeus seguidores de Cresto em sua obra “Os Doze Césares” e Flavius Josephus (37-100) também o cita (Antigüidades Judaicas XVIII, 4), embora alguns autores suspeitem que o parágrafo tenha sido interposto à obra a posteriori. Escritores judeus, como Justo que vivia em Tiberíades próximo a Cafarnaum, ou Fílon de Alexandria (20 a.C. -40 d.C.), um grande entendido em assuntos bíblicos e seitas judaicas, em suas extensas crônicas, nada citam sobre Jesus. Cristo vem do grego Chrestos que significa “ungido com óleo”, mas essa palavra remonta ao sânscrito Krsna que em linguagem coloquial se pronuncia Krishto e que significa “atração”. 

Muitos cultos e seitas disputavam seguidores dentro do quadro geral de grandes expectativas religiosas. Entre os movimentos de maior êxito estavam os cultos orientais de mistérios, de enorme popularidade, favorecidos pela vinda de escravos do Oriente e adotados até mesmo por soldados romanos de ocupação. Entre esses cultos destacam-se os mistérios frígios e báquicos, os mistérios egípcios, os de Cibele e Átis, da Síria, e o de Mithra, da Pérsia. Com a decadência das instituições religiosas estatais, um sem número de instituições privadas, e muitas vezes secretas, floresceu à época, tanto de caráter malévolo como de ensinamentos superiores. Destes destacavam-se as comunidades pitagóricas e as órficas, inúmeras linhas doutrinárias, classificadas em conjunto como gnósticas, os terapeutas citados por Fílon e os essênios de Fílon e  Josephus.

Essas “religiões” favoreceram um notável sincretismo, talvez o maior movimento de amálgama de religiões diversas registrado pela história, que incluiu sínteses de crenças radicalmente opostas. Exemplo disso é a fusão de cultos naturalistas (Dioniso Sabázio, da Frígia, e o Kyrios Sabaoth) com o deus adorado por Israel. Entre o povo se praticava grande número de superstições. Todos os atos da vida, as profissões, as estações do ano e os acontecimentos mais importantes, tinham seus deuses, que futuramente apareceriam transmutados em santos, na história da Igreja cristã e em seu calendário. A astrologia era levada a sério, como uma ciência sagrada, sendo assim até meados do século XIII: “Os corpos celestes são a causa de tudo quanto acontece no mundo sublunar” – Santo Tomás de Aquino (1.225-1.274).

Aos 30 anos, após ser batizado por João Batista, Jesus escolhe os seus apóstolos (Simão Pedro, André, Tiago (filho de Zebedeu), João, Felipe, Bartolomeu, Tomé, Mateus, Tiago (filho de Alfeu), Judas Tadeu, Simão Cananeu e Judas Iscariotes (depois substituído por Matias)), e posteriormente vários discípulos se reúnem a Ele. Começa a anunciar a boa nova (evangelion, em grego), que consistia numa nova aliança com o Senhor e num único mandamento. Para Jesus, Deus é o Pai ao modo familiar, cheio de solicitude e carinho e persuasivo para reconduzir o pecador. Aos bons recompensa com um vasto céu de bem-aventuranças.

Considerado blasfemo, é submetido a um processo religioso e acusado de conspirar contra César. É crucificado quando Tibério é o imperador de Roma e Pôncio Pilatos o procurador da Judéia. Cinqüenta dias após sua morte, durante a festa de Pentecostes, os discípulos anunciam que ele ressuscitara e os enviara a pregar por todo o mundo a boa nova da salvação e do perdão dos pecados. Esse é considerado o início da difusão do Cristianismo.

A fé cristã (hoje com cerca de 2 bilhões de seguidores) professa que o Deus, revelado a Abraão, a Moisés e aos profetas, enviou à Terra Seu Filho como Messias Salvador. Ele nasceu numa família comum, morreu, ressuscitou e enviou o espírito santificador (Espírito Santo) para permanecer no mundo até o fim dos tempos. Daí a importância do judaísmo como primeira religião a professar publicamente o monoteísmo e como precursora da doutrina cristã, necessária para unir o antigo e o novo debaixo de um mesmo Deus e de uma mesma Lei, baseada na Religião Sabedoria.

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