O Nascimento do Universo

I. O NASCIMENTO DO UNIVERSO

“Acho que só Ele pode responder porque o Universo existe…”.

Stephen Hawking

 

A Cosmogênese (do grego kosmos – aparência, véu e genesis – geração) é a teoria da formação do Universo. O conceito grego de Cosmos é o mesmo conceito hindu de Maya (ilusão). Para os hindus, Maya significa o mundo externo e a realidade aparente, ambos ilusórios. A religiosa, parte da vontade de um Deus supremo e Todo Poderoso (embora a opinião budista e hindu seja pela ausência de um início determinado, pois postula que o Universo independe do tempo) e a astrofísica defende hoje a hipótese de múltiplos Big-Bang num “Multiverso” atemporal, recentemente complementada pela dos Agentes Estruturadores (vide adiante), tendo como Agente Supremo um Criador Absoluto, incompatível com a idéia do Deus antropomórfico. 

Big Bang

Em 1.917, Einstein deduziu, a partir da sua teoria da relatividade (restrita), as leis que governam o movimento das galáxias (relatividade geral). Pensando ele que o Universo era uma estrutura estática ilimitada, mas finita, reinterpretou as teorias do campo magnético e gravitacional, dando-lhe o nome de teoria do campo unificado. Baseado em sua teoria, o Universo estava fadado a se contrair até finalmente se reunir em um único ponto, devido à lei da gravidade. Em 1.929, Edwin Powell Hubble (1.889-1.953) e Milton Humason anunciaram que as galáxias não eram estáticas, ao contrário, estavam se afastando uma das outras, ficando claro que o Universo provavelmente tinha tido um início. Provavelmente uma grande explosão, de um ponto de densidade infinita menor do que o átomo, gerando calor, de temperatura também infinita (Big-Bang), teria ocorrido. A prova de que isso realmente ocorrera, surgiu somente em 1.965 quando Arno Allan Penzias e Robert Woodrow Wilson captaram os ruídos, interferências de rádio na freqüência de microondas na forma de radiação a 2,75 graus acima do zero absoluto, remanescentes dessa grande explosão (o Som divino, a Palavra, o Verbo Criador de todas as cosmogonias – vide adiante, quando detalharmos as várias religiões).

Achava-se que o Universo, após sua expansão, iria se contrair, atraído pela força gravitacional dos astros, até retornar à sua origem (Big-Crunch), e então explodiria novamente e um novo ciclo iniciar-se-ia, talvez com novas leis físicas, diferentes das atuais. Desde 1.998, dados observados parecem desmentir essa idéia, inferindo que o Universo está se expandindo a uma velocidade cada vez maior, em virtude de uma força desconhecida (alguns acham que seja a “energia do vácuo”, presente no espaço aparentemente vazio) que está acelerando a sua expansão, e que ele, após crescer indefinidamente, vai se transformar numa espécie de poeira gélida de partículas subatômicas. Esses dados vieram da observação de que galáxias duas vezes mais distantes de uma outra de referência, se afastavam da Via Láctea duas vezes mais rápido que esta última.

 Utilizando cinco técnicas diferentes desenvolvidas em Israel e nos EUA, concluiu-se, por quatro desses métodos, que a idade do Universo é de aproximadamente 14 bilhões de anos, com uma margem de erro de 2 bilhões de anos. Em abril de 2.001 o Telescópio Espacial Hubble conseguiu “enxergar” galáxias no limite do nosso Universo, há 11 bilhões de anos-luz da Terra.

Roger Penrose e Stephen Hawking, em 1.968, foram premiados por um trabalho em que provaram que o espaço/tempo havia realmente tido um início, no Big-Bang ou até 10-51 anos antes dele. A comunidade científica, porém, continua dividida, pois a “incerteza” da teoria quântica (descrita adiante) não explica satisfatoriamente essa certeza do início do tempo e do espaço. Hawking admite hoje que sua teoria é “limitada no passado, e provavelmente no futuro, por regiões onde os efeitos quânticos são importantes”.

 

“A Eternidade do Universo  in toto, como plano sem limites; periodicamente cenário de Universos inumeráveis, manifestando-se e desaparecendo constantemente… O aparecimento e o desaparecimento de Mundos são como o fluxo e o refluxo periódico das marés”.

Helena Petrovna Blavatsky (1.831-1.891)

 

  Michio Kaku, Paul Steinhardt e Andrei Linde defendem, atualmente, a tese de que antes do Big-Bang haveria um estado de efervescência, destituído de matéria, energia, espaço ou tempo, onde periodicamente, nascidos desse nada, surgiriam Universos, como bolhas (o mundo-brana em forma de bolha discutido adiante), que cresceriam por expansão e morreriam por dissolução “nas cinzas da morte térmica”, morte essa baseada na Segunda Lei da Termodinâmica (Lei da Entropia). Dessa forma vemos reunidos, numa teoria só, dois aspectos religiosos aparentemente contraditórios: a visão de que o Universo teria tido um início (visão cristã, islâmica, judaica e da maioria das outras religiões) e a de que ele não teria início ou fim (visão hindu-budista).

De qualquer forma, depois da explosão o Universo ainda era tão denso que não dava espaço para as partículas subatômicas moverem-se, existindo apenas um estado descrito por alguns como “sopa de Quarks”, a Era eletrofraca. Um bilionésimo de segundo após essa explosão, o Universo, com mais de 100 bilhões de graus Celsius, foi então esfriando e formando, a partir daquela “sopa”, as partículas subatômicas tais como as conhecemos (a Era dos hadríons e léptons), até que, com um segundo da explosão, o átomo primordial (o hidrogênio) e o hélio se formaram. Quando atingiu cerca de 4 mil graus Celsius (300 mil anos depois), houve espaço suficiente entre as partículas subatômicas para que os fótons de luz, gerados na explosão, conseguissem escapar sem colidir nelas. Então a luz da explosão surgiu (compare com Gn 1:1s). Matéria e energia finalmente se separaram surgindo a dualidade no nosso mundo. 

Átomos

A propósito daquelas partículas, um pequeno histórico se faz necessário. Durante séculos acreditou-se que os átomos fossem os componentes básicos da matéria, teoria essa proveniente de uma visão materialista do Universo, inaugurada com Demócrito (460-370 a.C.), que via a Suprema Realidade na figura do Indivisível, o Átomo. Após a descoberta dos Raios-X em 1.895 por William Konrad Röntgen (1.845-1.923), físico alemão, logo se viu que ele não era o único emanando dos átomos, existindo outros raios se propagando, daí inferindo-se a natureza composta da estrutura do átomo. Em 1.897 Sir Joseph John Thomson (1.856-1.940) descobriu o elétron, a primeira partícula elementar, que atua nas reações químicas mais comuns. Em 1.911, com o bombardeamento de átomos por partículas alfa emanadas das substâncias radioativas, Ernest Rutherford (1.871-1.937) desenvolveu o modelo clássico de uma nuvem de elétrons ligada por forças elétricas e orbitando um núcleo (que seria composto de prótons e nêutrons); uma estrutura incrivelmente pequena (cerca de um centésimo de milionésimo de milímetro 2:56) onde o núcleo é, aproximadamente, menor cem mil vezes que o átomo e tem cerca de duas mil vezes a massa do elétron (a massa de um elétron é de cerca de 2 x 10-27g = 0,0262g = 0,000000000000000000000000002 g).

Posteriormente verificou-se que a nuvem de elétrons se compunha de diferentes estágios ou níveis de energia. Eles podiam saltar para estágios inferiores energeticamente e emitir energia em forma de pacotes ou quantafótons. Confirmaram-se assim as teorias de Max Carl Ernst Ludwig Plank (1.858-1.947) e Albert Einstein (1.879-1.955) sobre a natureza da luz.

Sobre essa última, James Clerk Maxwell (1.831-1.879) descobrira, no final do século XIX, que a eletricidade e o magnetismo se unem para se transformarem em luz. Dessa forma, a diferença entre os raios gama, Raios-X, ultravioleta, luz visível, infravermelha e as ondas de rádio está apenas em seus comprimentos de onda. Concluiu também que todas essas ondas, em todas as suas freqüências, se deslocam no espaço à velocidade da luz. Mais ainda, que a nossa noção de que “coisas” se tocam e por isso se movem é uma simplificação da noção de campos magnéticos e elétricos variando no tempo que permeia o espaço. Assim, quando seguramos algo, na realidade não há contato, mas cargas elétricas na mão influenciam cargas elétricas no objeto, fazendo-o mover-se. Nada toca em nada!?

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