O Nosso Sistema Solar

Somente em 1.992 a Igreja Católica reconheceu oficialmente que Galileu tinha razão: a Terra realmente gira em torno do Sol!

 

Órion: Filosofia, Religião e Ciência (Volume 1)

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Trezentos mil anos após o Big-Bang a luz surgiu, em meio a uma mistura negra de gases primordiais e imersa em um oceano de matéria invisível. Centenas de milhares de anos depois, o Universo foi lentamente mergulhando em trevas, uma fase desconhecida da formação do Universo conhecida como “Idade das Trevas” que durou quase meio bilhão de anos. Então em meio às camadas de gás (hidrogênio, hélio e pequena quantidade de lítio) houve um acúmulo desses gases em nuvens difusas até que, à medida que se esfriavam, passaram a se concentrar no centro de cada nuvem em aglomerados do tamanho do nosso Sol.

Atraindo cada vez mais gás circundante, cada aglomerado transformou-se em um gigante astro, cerca de 100 vezes maior que o nosso Sol, e a intensa compressão de seus núcleos desencadeou as reações de fusão nuclear do hidrogênio que deram origem às primeiras estrelas do Universo. Com uma vida breve de cerca de alguns milhões de anos, elas se extinguiram em explosões (supernovas), lançando no Universo elementos mais pesados, como o oxigênio e o carbono, sementes de futuras estrelas e planetas.

 Dessa forma, 2 bilhões de anos depois do Big-Bang já tínhamos as primeiras galáxias, com seus buracos negros e quasares, e, 4 bilhões de anos depois, as estrelas em seus vários tipos: supernovas, gigantes vermelhas, gigantes azuis e anãs marrons. A vida, da forma que conhecemos, depende da existência de estrelas, mas sua taxa de nascimento declinou drasticamente desde o Big-Bang. Hoje se sabe que cada galáxia abriga cerca de 200 bilhões de estrelas e que existem bilhões e bilhões de galáxias. Estima-se que em aproximadamente 100 trilhões de anos cintilará a última estrela formada de maneira convencional e uma nova era terá início.

Existem duas maneiras possíveis para a formação dos astros. Na primeira, a nuvem de gás e pó interestelares inicia a sua contração quando o campo magnético que a percorre começa a se reduzir, em virtude de sua difusão para fora dos limites da mesma. A força magnética, assim reduzida, pode chegar a um ponto em que se torna demasiadamente débil para conseguir se opor à força da gravidade da nuvem, a qual, ao contrário, cresce com o aumento da densidade durante o colapso. A este tipo de formação estelar dá-se o nome de espontânea, em oposição ao nascimento de estrelas “induzido” por acontecimentos exteriores como, por exemplo, os ventos solares, a pressão da radiação, ou ainda, as ondas de choque.

Qual a situação que corresponde ao nosso Sol e ao seu cortejo estelar? Ter-se-á formado espontaneamente, fato ocorrido há cerca de 4,5 a 5 bilhões de anos atrás, ou foi o resultado de um agente exterior? E, neste caso, qual teria sido o agente “indutor” da sua formação?

O estudo dos cometas e de certos meteoritos muito raros, os condritos carbonáceos, nos dá indícios de como foram os primeiros dias de nosso Sistema Solar. Estes meteoritos são, hoje em dia, considerados como os mais primitivos, aqueles cujo material se transformou menos ao longo dos anos decorridos desde a formação do Sistema Solar, podendo conter informações relativas às suas origens e à sua infância. Essas informações se encontrariam num estado de conservação tal que permitiria a sua identificação e decifração. Essa conservação se deve ao fato de que eles tiveram a sorte de escapar a todo o aquecimento importante e, mais genericamente, a toda a transformação físico-química profunda devido às suas reduzidas dimensões e ao seu afastamento do Sol.

O primeiro espécime foi encontrado em 1976, quando investigadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos, analisaram diversos materiais provenientes do meteorito Allende encontrado no México. Descobriram uma possibilidade real de ter havido um agente exterior, quando notaram uma mistura de isótopos de magnésio diferente da que se encontra presente na maioria da matéria constituinte do Sistema Solar, o Mg26, resultado da desintegração beta (um tipo de desintegração radioativa) do Al26 (alumínio). Este, com meia-vida inferior ao milhão de anos, antes de ter tempo de se desintegrar foi agarrado por certos materiais em formação, sendo hoje encontrado meros sinais deste radionuclídeo “extinto” na forma de uma superabundância relativa do produto resultante da sua desintegração, o Mg26. Toda a comunidade científica compreendeu rapidamente o alcance desta descoberta: a Nebulosa Solar tinha sido “contaminada” por matéria proveniente de um outro lugar. Logo não teria sido uma formação espontânea e sim induzida. Os astrofísicos tinham apenas começado a analisar esta questão da origem do Al26 quando constataram outras anomalias também devidas à desintegração in situ de outros radionuclídeos de meia-vida curta, entre os 100 mil e os 100 milhões de anos.

Até hoje foram identificados três tipos básicos de estrelas como candidatas à produção de radionuclídeos: as gigantes vermelhas, as estrelas Wolf-Rayet (estrelas muito quentes cujo espectro de radiação apresenta características particulares) e a explosão em forma de supernova de estrelas maciças, eventualmente do tipo Wolf-Rayet. Até o momento, todos as opções se mantêm como válidas. É possível que os contaminadores sejam os progenitores do Sistema Solar. Em resumo, o nosso Sistema Solar pode ter nascido de um disco protoplanetário, devido à ação do vento estelar ou da explosão de uma estrela maciça próxima. Ou pode ser que a herança preservada no interior dos meteoritos primitivos nos tenha sido legada por uma família inteira de estrelas maciças que terminaram a sua vida numa espécie de fogos de artifício cósmicos de supernovas.

Será que conseguiremos identificar algum dia as estrelas responsáveis por este tumulto, mesmo sabendo que o Sol está atualmente mais afastado do centro da Via Láctea do que estava no momento do seu nascimento? Em tais condições, não existe nenhum rastro que nos permita identificar de onde, nem como, terá surgido o Sistema Solar. Será que novamente deixaremos ao acaso o motivo de toda essa ordenação obtida após o tumulto. Não será possível que haja uma Consciência Cósmica diretora desses fatos? A palavra ordenação implica a existência de “ordem”. Ordem faz pressupor a existência de Algo ou Alguém que ordene. Algo ou Alguém ordena e a criação se faz, semelhante à cosmogênese religiosa que se dá através da palavra, do Verbo, da vibração, do som.

Durante os seus primeiros 100 milhões de anos, o gás e a poeira que giravam no disco protoplanetário ao redor do Sol foram se aglomerando, até que há cerca de 4,6 bilhões de anos começou a história de nosso planeta. Em geral, planetas como a Terra são formados durante dezenas de milhões de anos, mas recentemente pesquisadores da Espanha, Alemanha e EUA fotografaram pela primeira vez 18 corpos celestes na constelação de Órion que parecem ser planetas “flutuantes”, pois não orbitam nenhuma estrela. Esses astros detectados teriam sido formados num curto espaço de tempo (a constelação tem “apenas” 5 milhões de anos), graças ao colapso gravitacional de partes de uma nuvem molecular, também composta por gases e poeira. Atualmente eles são bolas gigantes de gás, com massa entre 8 e 15 vezes maior que a de Júpiter.

Contudo, esses “aglomerados” não ficaram grandes o suficiente para iniciarem as reações de fusão nuclear típicas de estrelas (queima de hidrogênio) ou de anãs marrons (estrelas pequenas que queimam deutério, um dos isótopos mais frágeis do hidrogênio). Por definição, um planeta tem até 13 Mj (Massa de Júpiter), e uma anã marrom, entre 13 e 75 Mj. Acima de 75 Mj, há energia suficiente para o início da fusão nuclear, a fornalha que alimenta as estrelas e as faz emitir uma luz mais intensa. No núcleo dessas estrelas, os prótons colidem entre si e um deles se transforma em nêutron convertendo o átomo de hidrogênio em hélio e liberando um fóton. Na migração para a superfície o fóton de luz vai colidindo com os átomos de hidrogênio e hélio, gerando calor, e empurrando-os para fora contra a força gravitacional da estrela que os puxa para o centro. Estima-se que cada fóton, produzido no nosso Sol, demore 1 milhão de anos para sair dele.

Observando mais de 150 estrelas consideradas jovens, com menos de 10 milhões de anos (se parece muito, basta lembrar que o Sol, atualmente em sua meia-idade, já tem 5 bilhões de anos), na constelação de Órion, o berçário estelar da Via Láctea, e buscando sinais de poeira envolvendo essas estrelas, demonstrou-se que grande parte desse material já não era detectável nas estrelas mais velhas do grupo, sugerindo que a formação planetária ocorra geralmente durante os primeiros 10 milhões de anos de vida da estrela, dando mais tempo para que candidatos a Júpiter possam surgir.

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