O Yoga e o Tantra

O TANTRA

Introduzido na Índia por Sadashiva, há cerca de 7 mil anos, é uma ciência global de vida, não se restringindo apenas à meditação subjetiva, mas se estendendo pela literatura, arte, dança e medicina, numa abordagem, designada hoje, holística do ser (vide adiante em “A NOVA ESPIRITUALIDADE”). Pode-se dizer que as diversas ramificações da prática iogue são facetas, especializações advindas do Tantra hindu.

Derivado do shaktismo ou shivaísmo, visa alcançar o mesmo objetivo iogue de união divina, pelas mesmas práticas, mas por um caminho ideativo totalmente diferente. O Yoga visa a supressão consciente enquanto o Tantra visa a entrega consciente. É um viver a própria realidade, sem lutar com ela, mas transmutando-a, aceitando-se como se é. Ensina a transcender aos desejos, pela observação consciente, e não a lutar contra eles, meditando nos opostos. Nega que tenhamos que excluir o terreno, o mundano para alcançar a realização espiritual.

A diferença básica é conceitual, pois enquanto o Yoga vê o mundo como dual (existe o sagrado e o profano) o Tantra vê tudo como sagrado. Ele diz para você ser indulgente consigo mesmo, mas conscientemente, desse modo encara a raiva, por exemplo, como semente da compaixão, o sexo como semente do amor divino, etc.. As energias precisam ser transformadas, a semente pode ser feia, mas ela embute em si flores maravilhosas, não aceitando a repressão delas, sejam quais forem. A união entre o finito e o infinito, entre o indivíduo e o Cosmos, entre o mundano e o espiritual é a meta final da filosofia tântrica. Tanto a realização individual quanto a espiritual são necessárias e complementares, para o verdadeiro significado da vida.

Tantra significa literalmente “aquilo que libera da escuridão”. Suas práticas espirituais, que também se centram na meditação, visam liberar o potencial ilimitado da mente humana, que se acha envolta na adoração ao ego. Na realidade, o Yoga é indicado àquelas pessoas cujos desejos mundanos já se tornaram inexistentes ou considerados inúteis e o Tantra para aquelas que conscientemente desejam transcender aos seus desejos. Mas o que ocorre é que os que escolhem o Yoga o fazem porque os seus desejos são ainda muito significativos, não estão caindo por si mesmos e vêem uma necessidade de forçá-los – se tornou o caminho do guerreiro. De modo análogo, os que escolhem o Tantra o fazem como um meio de justificar suas tendências e não de transformá-las. Assim ambos se tornaram caminhos árduos que levam poucos ao caminho e o Tantra viu, muitas vezes, a sua filosofia transformada em cultos eróticos e práticas para obtenção de poderes.

O Tantrismo é, então, uma senda onde todos os desejos devem ser transmutados, e não bloqueados, para que ocorra uma união com Deus. Um caminho passivo e receptivo. Dessa forma a noção de pecado se altera: “Pecado é não ser quem realmente somos, em nossas emoções, sentimentos e ações”. Reconhece ser necessário conhecer a nossa natureza inferior, o nosso “lado sombra”, para que possamos transcendê-lo.

 

“As dificuldades não podem ser maiores que sua capacidade de vencê-las” 68:87.

Sri Sri A’nandamu’rti

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *