Casoba, foi ao meu ambulatório hoje à guisa de uma visita o meu grande amigo e médico de branco Edson Almeida. Estava deveras preocupado contigo. Disse haver te encontrado pouco antes nos corredores do HGF. Achou-te muito abatido, não no semblante mas no espírito.
Creio que não conhece o fato de como te sentes mal e deprimido ao adentrar o HGF. Ali te formaste médico, conheceste ícones da medicina, fizeste grandes e bons amigos. Ali foste respeitado e admirado por teus aprendizes. Ali desenvolveste as habilidades de grande médico que és. E, por fim, ali foste vítima da mais alta das traições e vilipêndios.
Tua alma não simpatiza com a soberba, com a truculência, com a maldade. A exaltação própria foi a origem de todo o mal no Universo, segundo os textos Sagrados, e foi a exaltação própria que fez e continua fazer vítimas inocentes em todo o mundo e em particular naquela casa de saúde. Ora, o meio médico é um agar para o crescimento da exaltação própria. Por conhecedor dos meandros da vida, da doença, da morte, o médico tem duas alternativas: ou se humilha ou se exalta. Mil anos antes de Cristo Salomão dizia: “Vaidade de vaidades! é tudo vaidade.” Quem se humilha?Quem reconhece nada saber? Quem aflige o coração? Empáfia, eis a verdade.
Confesso que não pude explicar ao querido Edson tais e quais detalhes. Fui aos fatos. Contei-lhe, em ordem cronológica, os acontecimentos, incluindo aí fatos de tua vida pessoal que contribuíram ou ainda contribuem para teu estado de espírito. Sugeriu-me almoçar-mos juntos, os três, tomar um chop, e tal. E, na frente de duas de suas pacientes, atirou: -“E vou levar três raparigas, uma pra cada um!” As pobres caíram na risada, Casoba. Topas?