Todas as mensagens dos Mestres vêm da Mesma Fonte?

Raul Branco[1]

raul@solar.com.br

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Conheço várias pessoas adoráveis, sinceramente engajadas na busca espiritual. Algumas participam de vários grupos de estudo, cura e meditação, e dedicam de uma a duas horas por dia a seus ‘decretos’ e práticas espirituais ditadas pelos “Mestres Ascensos.” Tocado pela dedicação e candor dessas pessoas, comecei a pesquisar a respeito dessas doutrinas e práticas que, obviamente, parecem estar fazendo bem a elas. Com todo o respeito e carinho, gostaria de oferecer as observações e considerações a seguir a essas pessoas queridas e a milhares de outros irmãos devotos dos Mestres. Procurei enfocar a questão de forma objetiva, apresentando considerações e sugestões que poderiam ser investigadas por esses sinceros buscadores da verdade.

CONHECIMENTO DOS MESTRES

Até meados do século XIX muito pouco era conhecido no Ocidente sobre os Grandes Seres, chamados no Oriente de Mahatmas, ou Mestres de Sabedoria. No Oriente, principalmente na Índia, os Mestres já eram conhecidos há milênios nos meios dos devotos e iogues. No Ocidente, no entanto, somente uns poucos discípulos aceitos conheciam seus Mestres, guardando essa informação de forma reservada, por respeito a estes Santos Seres e para a proteção deles.

Foi somente a partir do final do século XIX, com a fundação da Sociedade Teosófica e posteriormente com a divulgação dos escritos de H. P. Blavatsky, que o conhecimento da existência dos Mestres se espalhou nos meios esotéricos e filosóficos na Europa e nas Américas. Alguns colaboradores de Blavatsky foram contrários a essa divulgação, em virtude da tradicional reserva observada pelos discípulos com relação a comentários públicos sobre a existência de seus instrutores. Mas os tempos eram outros e os próprios Mestres contribuíram indiretamente para que sua existência fosse amplamente divulgada no Ocidente.

AS CARTAS DOS MESTRES

O principal meio de divulgação da existência e do trabalho dos Mestres foi a publicação, no início do século XX, de uma longa série de cartas escritas pelos Mestres,[2] entre 1880 a 1886, a dois ingleses, A. O. Hume e A. P. Sinnett, sendo a maior parte dirigida a esse último. Sinnett, mais tarde, utilizou o material contido nas cartas para escrever dois livros muito comentados na época: Budismo Esotérico e[3] Mundo Oculto. Os Mestres também enviaram cartas, em menor número, a outros colaboradores seus, sendo muitas destas coligidas e publicadas por C. Jinarajadasa, com o título de Cartas dos Mestres de Sabedoria.

Essas cartas são marcos para o estabelecimento de parâmetros sobre os ensinamentos desses Grandes Seres e para o conhecimento de seus métodos de comunicação com aqueles poucos aspirantes que apesar de não terem sido treinados no caminho ocultista, de alguma forma mereceram recebê-las. Seu valor especial está no fato de serem reconhecidas por quase todos os estudiosos como sendo de autoria dos Mestres. Algumas foram recebidas pouco tempo depois de terem sido escritas por Sinnett, no próprio verso do papel em que as perguntas tinham sido feitas. É importante frisar que a maioria das cartas foi precipitada. O Mahatma K.H. respondendo a Sinnett sobre esse processo disse: “Devo pensar bem, fotografando cuidadosamente cada palavra e frase no meu cérebro antes que possa ser repetida por ‘precipitação’.”[4] Blavatsky comentou sobre esse processo que: “O trabalho de escrever as cartas em questão é efetuado por um tipo de telegrafia psíquica; os Mahatmas raramente escrevem suas cartas da forma usual. Uma conexão eletro-magnética, por assim dizer, existe no plano psíquico entre um Mahatma e seus chelas, um dos quais age como seu secretário.”[5] O curioso é que, não importa qual chela venha a escrever manualmente a carta, a letra será sempre exatamente a do Mestre. Um fato que ainda não foi explicado pela ciência moderna é como a tinta foi colocada, não na superfície do papel, mas no seu interior. Permanece inexplicável, também, como estrias, feitas com a mesma tinta com que a carta foi escrita, foram incorporadas a espaços regulares no papel. Esses e muitos outros detalhes técnicos foram estudados em profundidade por um dos maiores especialistas em grafologia e falsificações, Vernon Harrison,[6] gerente de pesquisas da Thomas De La Rue (equivalente à Casa da Moeda Britânica). Essas cartas encontram-se no Museu Britânico.

A Summit Lighthouse, uma das principais fontes de canalização de mensagens atribuídas aos Mestres Ascensos, confirma a existência e autenticidade destas cartas: “a fundação da Sociedade Teosófica deve-se aos Mestres Morya e Koot Hoomi, que a utilizaram para difundir seus ensinamentos para o Ocidente, em parte por meio de cartas pessoais dirigidas a um punhado de alunos teosóficos.”[7]

Apesar do interesse de Sinnett em tornar-se um discípulo aceito do Mestre Koot Hoomi, geralmente referido como K.H., seu principal correspondente, foi-lhe dito que ele não tinha os requisitos para ser um discípulo, ou chela, como são conhecidos na Índia. Seus hábitos de vida e, principalmente, seus condicionamentos mentais, militavam contra a simplicidade e disciplina necessárias à vida de um chela. Sem essa disciplina e reorientação de vida, seria impossível para ele passar nos duros testes a que todos os discípulos são submetidos.[8] Noutra ocasião, explicando a natureza do treinamento dos discípulos e como eles deviam arcar com as conseqüências de seu carma, disse: “Não guiamos nunca nossos chelas (mesmo os mais avançados) nem os advertimos previamente, deixando que os efeitos produzidos pelas causas que eles próprios criaram, lhe ensinem pela melhor experiência.”[9] Ao solicitar uma comunicação direta com o Mestre sem comprometer-se a nenhuma mudança em sua vida, recebeu como resposta: “Aquele que quiser erguer alto a bandeira do misticismo e proclamar que o seu reino está próximo tem que dar o exemplo aos outros. Ele deve ser o primeiro a mudar os seus próprios modos de vida.”[10]

OUTRAS FONTES DE INFORMAÇÕES SOBRE OS MESTRES

A partir de então, a literatura esotérica em geral e a teosófica em particular, passou a referir-se extensamente aos Mestres. Informações esparsas divulgadas por alguns de seus discípulos eram repetidas nos círculos esotéricos, nem sempre com a exatidão devida, contribuindo para a criação de certas lendas e imagens distorcidas sobre esses Grandes Seres. Esta situação foi amenizada a partir de 1925, com a publicação do livro, Os Mestres e a Senda. Seu autor, C. W. Leadbeater, era discípulo do Mestre K.H. Leadbeater conhecia pessoalmente seu Mestre bem como alguns outros membros da Grande Hierarquia Branca, como a Fraternidade destes Grandes Seres é geralmente conhecida. A obra ajudou a colocar muitos fatos em perspectiva. Leadbeater, era um vidente avançado, conseguindo comunicar-se com vários Mestres, tanto no plano físico como em outros planos. Por ser um discípulo Iniciado, teve acesso direto a um grande número de informações até então desconhecidas no Ocidente. Dentre as revelações de seu livro vale a pena mencionar a estrutura da hierarquia dos Mahatmas, seu modo de operação no mundo e seu processo de treinamento de discípulos.

Por outro lado, várias entidades do astral começaram a enviar mensagens atribuídas aos Mestres. Essas comunicações geralmente oferecem mensagens calcadas em palavras de solidariedade humana e amor ao próximo. Muitas chamam a atenção para uma eminente crise que deverá se abater sobre nosso planeta se os homens não se regenerarem e atenderem aos apelos dos Mestres para uma mudança de vida. Para aqueles que conhecem a literatura espírita, essas comunicações atribuídas aos Mestres guardam um estreito paralelo com as comunicações de entidades desencarnadas, os “espíritos”, que desde o século XIX vêm sendo recebidas por intermédio de médiuns em diversos países.

Em virtude do teor aparentemente benéfico dessas comunicações, muitas pessoas poderiam questionar, por que nos preocuparmos com a autoria dessas mensagens. Se elas estão estimulando as pessoas para uma vida mais ética e amorosa, o que importa se essa atribuição aos Mestres é correta ou não? Devemos nos lembrar que o objetivo da vida espiritual é o conhecimento da verdade, objetivo esse indicado por Jesus quando nos disse: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” (Jo 8:32) Mas não é só isso. Apesar do teor adocicado das mensagens em pauta, elas trazem em seu bojo três grandes perigos de distorção: sobre a maneira como os Mestres atuam no mundo, a natureza do progresso espiritual dos discípulos e alguns aspectos da vida oculta.

RELACIONAMENTO E COMUNICAÇÃO ENTRE MESTRE E DISCÍPULO

Em primeiro lugar, a atribuição dessas mensagens aos Mestres cria uma idéia errônea sobre o método de operação dos Mahatmas no mundo. Provavelmente ainda são válidas as palavras do Mestre K.H. enviadas a Sinnett e aos teosofistas europeus no século XIX: “Nenhum de vocês jamais conseguiu formar uma idéia acurada dos ‘Mestres’ ou das leis do Ocultismo pelas quais eles são guiados.”[11] Os Mestres sempre indicaram que sua latitude para ação no mundo material é consideravelmente limitada e que agem, via de regra, por meio de seus discípulos no mundo e não por meio de comunicações bombásticas ou de fenômenos para-normais, geralmente chamados de milagres.

Isso ficou claro no caso clássico de Sinnett que, ao longo de sua extensa correspondência, instou os Mestres a demonstrarem cabalmente ao mundo sua existência por meio de algum fenômeno incontestável, como a materialização de um exemplar do jornal The Pioneer em Londres, no mesmo dia de sua publicação na Índia, e do Times em Simla, na Índia, no mesmo dia de sua publicação em Londres, o que, em virtude dos meios de transporte da época, esse feito seria um verdadeiro “milagre.” O Mestre K.H. pacientemente explicou a Sinnett: “Justamente porque o teste com o jornal de Londres fecharia a boca dos céticos – ele é impensável… A verdade é que nós trabalhamos usando leis e meios naturais e não sobrenaturais… Você diz que metade de Londres seria convertida se você pudesse entregar ao público de lá o jornal Pioneer no mesmo dia da sua publicação. Permita-me dizer que, se as pessoas acreditassem que a coisa era verdadeira, elas o matariam antes que pudesse dar uma volta no Hyde Park, e se elas não acreditassem, o mínimo que poderia acontecer seria a perda da sua reputação e de seu bom nome, por propagar tais idéias[12].” O Mestre continuou a carta por várias páginas, apresentando seus argumentos com extrema sabedoria e lucidez, provando a Sinnett que a experiência milenar da Fraternidade comprova que a humanidade sempre resiste aos fenômenos que não consegue explicar, endeusando ou matando aqueles que os apresentam.

 Os Mestres, portanto, agem no mundo através de seus discípulos. Projetos, mensagens ou ações que desejam realizar para a humanidade são efetuados por seus colaboradores no mundo material, sendo atribuídos a esses colaboradores. Esse é um ponto básico, como podemos verificar com obras ‘inspiradas’ como Luz no Caminho, A Doutrina Secreta e tantas outras, que são sempre publicadas em nome do discípulo. O Mestre solicita ou inspira seu discípulo a agir da forma desejada. Mas, deve ficar claro aqui, que o Mestre quando muito solicita, sem jamais atropelar ou forçar o livre arbítrio do ser humano. Os irmãos das trevas agem de forma diferente, manipulando, hipnotizando ou forçando as pessoas, de uma forma ou outra, sem respeitar sua vontade própria.[13] Para os agentes das trevas os fins justificam os meios, para os Seres de Luz isso seria inadmissível.

Dentro desses parâmetros, e levando em conta a experiência dos membros da Fraternidade, acumulada ao longo de inúmeros milênios de atuação no mundo, os Mestres sabem exatamente o que pode ser feito e o que deve ser feito para ajudar cada indivíduo no seu estágio atual de evolução. Jamais agem baseados em personalismos e preferências, mas sempre de acordo com os méritos das pessoas, de suas condições cármicas e das oportunidades para estender o maior benefício ao maior número possível de pessoas, por meio das ações a serem realizadas por seus colaboradores no mundo.

Quando estudamos o maravilhoso trabalho dos Mestres, podemos imaginar que o mundo seria totalmente diferente se uma grande parte da humanidade conhecesse esses Grandes Seres. Isso nos levaria a pensar que um movimento de conscientização popular do trabalho dos Mestres poderia ser um grande facilitador para a evolução. Somos informados, porém, que justamente o contrário é verdadeiro. A última carta escrita pelo Mestre K.H, em 1900, a Annie Besant, então Presidente da Sociedade Teosófica, urgia ação muito específica a esse respeito: “Muito poucos são aqueles que podem saber qualquer coisa a nosso respeito… O falatório acerca dos ‘Mestres’ deve ser silenciosa mas firmemente eliminado. Que a devoção e o serviço sejam somente para aquele Supremo Espírito, do qual cada um é uma parte. Nós trabalhamos anônima e silenciosamente, e a contínua referência a nós mesmos e a repetição de nossos nomes gera uma aura confusa que atrapalha nosso trabalho.”[14]

MÉTODOS DE COMUNICAÇÃO DOS MESTRES

Convém esclarecer os métodos conhecidos pelos quais os Mestres capacitam seus discípulos a transmitir informações e ensinamentos ao mundo. A tradição esotérica sugere que os Mestres geralmente usam dois métodos para transmitir informações que gostariam de divulgar à humanidade. No caso de uma obra que no atual estágio evolutivo da humanidade pode agora ser divulgada, mas que deve ser transmitida absolutamente sem erros, geralmente imprimem telepaticamente o texto na mente do discípulo para que esse, por sua vez, possa escrevê-lo de forma correta. Esse parece ter sido o caso da obra Luz no Caminho, escrita por Mabel Collins no século XIX. De acordo com Leadbeater, em casos excepcionais, os Mestres podem até ditar a mensagem a ser transmitida: “Há casos, em que uma incumbência de grande importância é ditada palavra por palavra, e anotada no plano físico, na hora, pelo recipiendário, mas tais casos são sumamente raros.”[15]

O outro método, geralmente usado com discípulos mais avançados, é a transmissão telepática de informações, conceitos e idéias, deixando por conta do discípulo a formulação do texto final de acordo com seus dons intelectuais e literários. Essas transmissões geralmente ocorrem no plano mental abstrato ou no búdico (intuitivo). Lembramos que nos planos superiores, as comunicações não são realizadas por palavras, como em nosso mundo. Os conceitos são expressos de uma forma simbólica sintética, e devem ser “decodificados” ou “traduzidos” em palavras, pela mente concreta, para serem inteligíveis em nosso plano.

Um exemplo clássico das comunicações por meio de discípulos avançados é o conhecido trabalho de Blavatsky A Doutrina Secreta. Ela era capaz de recolher informações dos registros akáshicos, ler à distância textos que se encontravam em outros lugares (como na biblioteca secreta do Vaticano) e receber comunicações de diferentes Mestres colaborando na obra. Porém, a tarefa não era meramente a de receber um ditado, mas sim a de compor, com suas próprias palavras o texto a ser produzido. A Condessa de Wachtmeister, sua companheira constante durante o período em que escreveu A Doutrina Secreta, relata que, um dia: “… ao entrar no gabinete de Blavatsky, encontrei o chão coberto de folhas manuscritas. Perguntei a razão desse aspecto de confusão e ela respondeu: – Sim, tentei doze vezes escrever esta página corretamente e toda vez o Mestre diz que está errado. Acho que vou ficar louca, escrevendo-a tantas vezes; mas deixe-me sozinha; não descansarei enquanto não o conseguir, ainda que tenha de ficar aqui a noite toda. Uma hora mais tarde ouvi sua voz me chamando e, ao entrar, verifiquei que havia, finalmente, concluído o trecho e de maneira satisfatória.”[16]

COMUNICAÇÕES CANALIZADAS ATRIBUÍDAS AOS MESTRES

A principal consideração que nos levou a alertar os estudantes de ocultismo para o perigo dessas comunicações, apesar de seu caráter aparentemente beneficente, é o fato delas conterem muitas distorções e, até mesmo, erros factuais e conceituais. Isso sugere que a grande maioria, se não a quase totalidade dessas mensagens provavelmente não é de autoria dos Mestres. Numa de suas cartas, K.H. disse a Sinnett que não era possível a comunicação com ele por meio de médiuns. “Você quer saber por que é considerado extremamente difícil, se não completamente impossível para os Espíritos puros desencarnados se comunicarem com os homens através de médiuns ou Fantasmasofia. Eu digo que é: (a) devido às atmosferas antagônicas que envolvem respectivamente esses mundos; (b) por causa da diferença extrema que há entre as condições fisiológicas e espirituais; e (c) porque essa cadeia de mundos sobre a qual falei a você não é somente um epiciclóide, mas uma órbita elíptica de existências, tendo como toda elipse não um, mas dois pontos, dois focos, que nunca podem se aproximar um do outro. O homem está em um dos focos, e o Espírito puro no outro.”[17]

Em outras palavras, as entidades do astral não são confiáveis como instrutores. Com exceção dos pouquíssimos Nirmanakayas[18] que atuam no astral para o benefício daqueles que estão de passagem naquele plano, a grande maioria dos habitantes do astral que enviam mensagens para pessoas encarnadas por intermédio de médiuns, já perderam seus princípios superiores e estão em processo de decomposição. No entanto, devido às características especiais daquele plano, essas entidades, melhor conhecidas como cascões, ou cadáveres astrais, retêm parte de sua memória passada e podem, além disso, entrar em sintonia com as emoções e pensamentos das pessoas envolvidas na sessão mediúnica. Por essa razão podem enviar mensagens baseadas em sua memória do passado bem como no conhecimento atual dos encarnados que participam da sessão. Por isso, as mensagens tendem a refletir a expectativa dos recipiendários, sendo geralmente aceitas, apesar de não acrescentarem nada de novo em termos de ensinamentos.

O Mestre K.H., respondendo a uma pergunta de Sinnett, que sempre mostrou grande interesse pelos processos mediúnicos, alertou: “Naquele mundo (o astral), meu bom amigo, nós só encontramos máquinas ex-humanas, inconscientes e autômatas; almas em estado de transição, cujas faculdades e individualidades adormecidas estão como uma borboleta em sua crisálida; e os Espíritas esperam que elas falem com sensatez! Colhidas em certas ocasiões pelo vórtice da corrente anormal “mediúnica”, elas se tornam ecos inconscientes de pensamentos e idéias cristalizadas em volta dos que estão presentes.”[19]

Em inúmeras ocasiões os Mestres alertaram seus correspondentes sobre os perigos das comunicações mediúnicas em geral, e da virtual impossibilidade deste meio ser utilizado pelos Adeptos para suas comunicações com seus colaboradores. Porém, deixaram claro que muitas comunicações espúrias do astral seriam atribuídas a eles. “Pode ocorrer que em função de objetivos próprios nossos, médiuns e seus fantasmas sejam deixados à vontade e livres não só para personificar os “Irmãos”, mas até mesmo para forjar nossa letra manuscrita.”[20] Esse ponto deve ser levado em consideração nas mensagens atribuídas aos Mestres. Todos os grandes reformadores espirituais alertam para esse fato. Jesus, por exemplo, disse: “Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos ferozes” (Mt 7:15).

Apesar de todos os alertas dos Mestres sobre comunicações mediúnicas, o escritor inglês W. Oxley enviou um artigo para publicação no Theosophist, alegando ter recebido instruções do Mestre K.H., em forma astral, em três ocasiões. A situação tornou-se tão confusa que o Mestre Djwal Khul (D.K.), no impedimento de seu Mestre K.H., resolveu esclarecer a questão escrevendo a Sinnett que não era verdade que a entidade comunicando-se com Oxley era o Mestre K.H. E, para evitar a repetição desses tipos de impostura, informa que um procedimento de segurança passará a ser adotado: “De agora em diante qualquer médium ou vidente que se sentir inclinado a alegar que foi visitado por, ou teve uma conversa com, ou viu meu Mestre, terá que comprovar a alegação antecedendo sua afirmativa com TRÊS PALAVRAS SECRETAS, que ele, meu Instrutor, comunicará e deixará sob a guarda do sr. Hume e do sr. Sinnett… Meu Mestre lamenta ser forçado a tomar esta medida, já que infelizmente, no período recente, tais auto-ilusões têm-se tornado bastante freqüentes, e requerem uma pronta providência.”[21]

Clara Codd, uma profunda estudiosa do ocultismo, escrevendo em meados do século XX sobre comunicações mediúnicas, diz: “Este é um assunto importante a ser pensado nestes dias quando tantos médiuns e clarividentes estão transmitindo mensagens e diretrizes em nome de muitos membros da comunidade dos Adeptos. É realmente extraordinário o rápido crescimento de tais ilusões. No curso de minhas viagens tenho pessoalmente encontrado muitos dos assim chamados adeptos, iniciados, muitos dos quais declarando-se adeptos de alto grau.”[22]

Os sensitivos também estão sujeitos a enganos em suas visões. “Há muitos clarividentes sinceros mas não treinados, que transmitem mensagens e ensinamentos supostamente vindos dos Mestres de Sabedoria. Uma sensitiva nata que eu conheci bem na África do Sul – e que, ao mesmo tempo, é dotada de considerável força de caráter e bom-senso, disse-me várias vezes ter, em sua própria experiência, descoberto que quase todas as aparições astrais são ‘mentirosas’. O plano astral é o que H.P.B. chama ‘o mundo da grande ilusão’.”[23] Para que o sensitivo possa ‘ver’ sem distorções no plano astral deve submeter-se a um treinamento rigoroso. Comentando a respeito das visões enganosas que podem ser observadas no astral, o Mestre K.H. escreve: “Há aqueles que são voluntariamente cegos e outros o são involuntariamente. Os médiuns pertencem aos primeiros, os sensitivos aos últimos. A menos que tenham sido adequadamente iniciados e treinados, no que se refere à visão espiritual das coisas e às supostas revelações feitas à humanidade em todas as épocas, desde Sócrates até Swedenborg e ‘Fern’ – nenhum vidente ou clariaudiente treinado por si mesmo viu ou ouviu alguma vez com completa exatidão.”[24]

Examinemos, agora, algumas das distorções e erros apresentados em certas comunicações atribuídas aos Mestres. Uma das mais citadas e que provocou considerável impacto nos meios esotéricos foram as obras de Alice A. Bailey. Ao longo de quase trinta anos (1922 a 1949), Alice Bailey produziu 24 obras, sendo 18 delas atribuídas a uma entidade, por muito tempo referida simplesmente como “O Tibetano”. Nos últimos anos de suas atividades literárias Bailey deixou escapar, ou deu a conhecer, os fatos não são muito claros, que “O Tibetano” era o Mestre Djwal Khul, que havia ajudado o Mestre K.H. no trabalho da Sociedade Teosófica no século XIX. Alice Bailey tinha uma mente brilhante e destacou-se rapidamente nos meios teosóficos, chegando a atuar como coordenadora da sessão esotérica da Sociedade Teosófica nos Estados Unidos. Acabou deixando a S.T. para fundar sua Escola Arcana, que ministrava por correspondência ensinamentos esotéricos, baseados nas instruções atribuídas ao Tibetano.

Suas obras, escritas num estilo literário um tanto convoluto, que tornava os assuntos tratados muito mais complicados e aparentemente mais profundos, exerceram grande influência nos meios esotéricos, sendo muito citadas. Com a repetição das citações as informações apresentadas em suas obras foram adquirindo uma aura de respeitabilidade inquestionável. Os estudantes de esoterismo que são submetidos a esse bombardeio de informações de fontes aparentemente fidedignas, depois de certo tempo, têm dificuldade para separar o joio do trigo.

O autor deste ensaio pode falar sobre esta questão com conhecimento de causa, pois foi estudante da Escola Arcana por cerca de cinco anos, recebendo o material de instrução diretamente da sede da Escola em Nova Iorque. Se por um lado o material era atraente em vista da profusão de informações de cunho esotérico, continha vários pontos que pareciam questionáveis.

Só consegui livrar-me do terrível emaranhado de dúvidas e questionamentos em que estava enredado, quando vim a saber que Alice Bailey somente teria tido inspiração do Mestre Djwal Khul para suas três primeiras obras: Cartas sobre Meditação Ocultista, Iniciação Humana e Solar, e Tratado sobre Fogo Cósmico. A ajuda e inspiração interior do Mestre Djwal Khul lhe teria sido retirada pelo fato de usar aquelas obras e as atividades da Escola Arcana para propagar suas idéias e preconceitos religiosos adquiridos na infância e durante os anos em que trabalhou como evangelizadora da Igreja Anglicana na Inglaterra, Irlanda e Índia[25].

Bailey acreditava literalmente no retorno de Cristo para o estabelecimento de Seu Reino na Terra por mil anos. Esse foi o principal ponto que teria provocado a ruptura com seu Instrutor, a insistência em seus livros e palestras de que toda a Hierarquia estava engajada no trabalho de preparação para o “iminente retorno do Cristo”. Apesar de aproximadamente oitenta anos terem se passado desde que começou a pregar sobre o “iminente” retorno, a chegada de Cristo em nosso sofrido planeta ainda é uma promessa a ser cumprida, pelo menos no sentido em que sempre foi entendida pelos fundamentalistas, ou seja, de forma corpórea e com toda Sua glória externa. Com a retirada da inspiração do Mestre Djwal Khul, não se sabe que entidade apareceu para ocupar o vazio criado na comunicação psíquica de Alice Bailey, mas seus livros subseqüentes indicam uma certa mudança de estilo e passaram a apresentar cada vez mais detalhes curiosos sobre a vida esotérica e o trabalho da Hierarquia.

OS MESTRES “ASCENSOS”

A partir da década de trinta, do século XX, começou a aparecer um tipo especial de comunicação canalizada, dessa vez referindo-se aos Mestres “Ascensos”. Ao que tudo indica, essas comunicações começaram com as mensagens transmitidas por intermédio de Guy Ballard. As comunicações de Ballard começam com os detalhes do que teria sido seu primeiro encontro com o Mestre Saint Germain, no Monte Shasta, na California. Informou que de lá foi levado em seu corpo sutil, pelo Mestre, ao retiro de Monte Teton, escondido dentro daquela montanha em Wyoming, EUA. A partir de então suas experiências foram relatadas em diversos livros, como: Mistérios Desvelados, A Presença Mágica, Os Discursos EU SOU, Instruções de um Mestre Ascenso e O Amado Saint Germain Fala. Por ocasião de sua morte, no Retiro de Royal Teton, teria finalmente ascendido, passando a ser conhecido como o amado Mestre Ascenso Godfre.

O trabalho de Ballard parece ter aberto a caixa de Pandora de onde saíram uma infinidade de outras comunicações atribuídas aos Mestres Ascensos. Uma busca na internet revelará a variedade de materiais existentes sobre esse assunto. Essas comunicações foram “canalizadas” não só por sensitivos americanos, mas também de outros países, inclusive do Brasil. Seria impossível, dentro do escopo deste ensaio, tentar apresentar algo do trabalho de todos esses sensitivos ou mesmo dos mais representativos. Procuraremos, no entanto, apresentar as linhas gerais dos ensinamentos transmitidos por esses diferentes canais, pois guardam considerável semelhança.

Antes, seria útil mencionar alguns dos grupos ou movimentos criados em função dessas comunicações. Os mais conhecidos são:

·         O Movimento EU SOU

·         Ponte para a Liberdade

·         Vahali

·         Fraternidade Pax Universal

·         Centro Lusitano de Unificação Cultural

·         Fraternidade dos Guardiões da Chama

·         A Fundação Saint Germain

·         O Templo da Presença

·         Fundação para o Ensinamento do Mestre Ascenso

·         The Summit Lighthouse.

Vale mencionar que, após as comunicações de Ballard, talvez os movimentos com maior repercussão tenham sido a Ponte para a Liberdade e a Summit Lighthouse (Farol do Cume), ambos fundados nos Estados Unidos, passando a atuar em vários países, inclusive no Brasil. Parte das informações sobre esses grupos apresentadas a seguir, em forma resumida, foi retirada de folhetos, páginas da net e livros da Summit Lighthouse do Brasil.

Em primeiro lugar, o que é um Mestre Ascenso? Um Mestre Ascenso seria um iniciado que alcançou a Sexta Iniciação que, para esses grupos, é tida como a Iniciação equivalente na tradição cristã à Ascensão de Cristo aos Céus para ficar à direita do Pai. De acordo com essa linha, a Primeira Iniciação seria simbolizada pelo Nascimento do Cristo, a Segunda pelo Seu Batismo, a Terceira pela Transfiguração, a Quarta pela Crucificação, a Quinta pela Ressurreição e a Sexta pela Ascensão. Parece ter havido uma certa confusão nesta codificação das iniciações. Até a Terceira, as Iniciações como simbolizadas pela vida de Cristo conferem com a visão de outros autores.[26] As diferenças aparecem a partir da Quarta Iniciação, já que os eventos da Crucificação e da Ressurreição, que para a linha dos Mestres Ascensos constituiriam iniciações separadas, sempre foram considerados pelos estudiosos do Cristianismo Esotérico como dois aspectos da mesma iniciação. “Na simbologia cristã a Quarta Iniciação está representada pelas angústias sofridas no horto de Gethsêmane, a crucificação e ressurreição de Cristo.”[27] A crucificação e a ressurreição representariam, assim, os dois lados da mesma moeda, ou seja, a morte do homem velho e o nascimento do homem novo de que fala Paulo. A tradição dos Mistérios egípcios descrevia essa Iniciação ocorrendo numa cripta. Nela, o candidato era atado sobre uma cruz de madeira, induzido a um transe profundo, equivalente à morte, descendo então aos mundos inferiores em seus corpos sutis, para finalmente ser desperto, ou “ressuscitado” pelo Hierofante no terceiro dia.

A Quinta Iniciação, de acordo com a tradição esotérica, constituiria a última iniciação do ciclo humano. A partir de então, os Adeptos passam a trilhar uma nova Senda, incompreensível para a nossa experiência humana. Nas palavras de Leadbeater, “O Adepto realizou o propósito através daquilo que o fez homem, e assim dá agora o passo final que o torna Super-homem – Ashekha, como o chamam os budistas, pois ele nada mais tem a aprender e exauriu as possibilidades do reino humano da natureza… No simbolismo cristão, a Quinta Iniciação é representada pela Ascensão de Cristo e a vinda do Espírito Santo em línguas de fogo, que corresponde à entrada no Adeptado, porque o Adepto ascende a uma esfera superior à humanidade e muito além da terra.”[28]

As comunicações dos Mestres Ascensos contêm incontáveis detalhes sobre a vida dos Mestres, suas encarnações anteriores, os retiros onde vivem, os projetos em que estão engajados, e os dons e poderes divinos que operam em prol da realização do grande plano divino. O estudante de esoterismo não cessa de se maravilhar com as informações de caráter oculto oferecidas. As mudanças na estrutura da Hierarquia são relatadas em todos seus detalhes. Somos informados que Sanat Kumara, o Senhor do Mundo, foi convencido a deixar seu posto supremo na Hierarquia, em favor do Senhor Buda. Com isso várias mudanças ocorreram na estrutura hierárquica.

“Em 1º de janeiro de 1956, numa cerimônia realizada no Retiro de Royal Teton (de forma surpreendente nos Estados Unidos e não em seu tradicional reduto nas regiões trans-Himalaias), Gautama sucedeu a Sanat Kumara no cargo de Senhor do Mundo e Maitreya sucedeu a Gautama nos cargos de Cristo Cósmico e Buda Planetário, passando o manto de Instrutor do Mundo aos candidatos a esse cargo, Jesus Cristo e Kuthumi.” Parece estranho que agora existam dois Instrutores do Mundo, sendo um, o Mestre Jesus, do Sexto Raio, apesar desse cargo ser sempre ocupado por um Mestre do Segundo Raio, pois esse reflete a energia divina utilizada nessa função. Com isso outros espaços teriam sido abertos nos cargos de Chohans dos Raios. O Mestre Ascenso Lanto teria assumido o cargo de Chohan do Segundo Raio. Somos informados que Lanto “alcançou sua mestria quando estudava sob a orientação do Senhor Himalaia, Manu da Quarta Raça Raiz, cujo Retiro do Lótus Azul está escondido nas montanhas que levam o seu nome.” Outra promoção relatada é a da Mestre Ascensa Nada, que assumiu o Sexto Raio, com a transferência de Jesus, conjuntamente com Koot Hoomi, para o cargo de Instrutor do Mundo.

Ao que parece, a Hierarquia passou, no século XX, a refletir nos planos espirituais os anseios de melhor representatividade de sexos e raças da era atual. Além da Mestra Ascensa Nada, somos informados que a Mestra Ascensa Kwan Yin, que teria precedido o Mestre Ascenso Saint Germain como Chohan do Sétimo Raio, tornou-se um dos sete Mestres Ascensos que atuam no Conselho do Carma, trazendo assim um melhor equilíbrio para a polaridade negativa na dispensação da misericórdia e justiça divina. Até a minoria negra (nas Américas, onde foram feitas essas revelações), obteve uma fatia do poder. “O Mestre Ascenso Afra tornou-se o primeiro Mestre Ascenso da África, passando a ser o patrono da África e da raça negra.” Por outro lado, o caráter predominante anglo-saxão da Hierarquia fica patente pelos cabelos louros dos Mestres nas fotografias que são apresentadas  no livro: Senhores dos Sete Raios de Mark e Elizabeth Prophet, e nas páginas da WEB da Summit Lighthouse do Brasil. Aparecem com cabelos louros: Jesus, Paulo Veneziano, Saint Germain, Nada e Maria mãe de Jesus. Uma última curiosidade: provavelmente refletindo o axioma hermético de que o que está em baixo é como o que está em cima, encontramos na Hierarquia um misterioso ser descrito como K-17, que seria o Diretor do Serviço Secreto Cósmico.[29]

Com a entrada da Era de Aquário, os Mestres teriam informado que uma aceleração estaria ocorrendo no processo evolutivo da humanidade. Para ajudar nessa aceleração a Mestre Ascensa Nada teria concedido a dispensação da Ciência da Palavra Falada e o Mestre Ascenso Saint Germain o poder para toda a humanidade transmutar seu carma negativo por meio da Chama Violeta. Os procedimentos para a utilização desse novo instrumental são explicados exaustivamente em inúmeras comunicações de diferentes Mestres. A ajuda parece ser tão poderosa que o discípulo que proceder de acordo com as instruções ministradas, poderia “ascender” numa só vida.

É dito que um discípulo inteiramente dedicado pode passar da Terceira Iniciação para a Ascensão (Sexta) em seis anos de vida rigorosamente de acordo com a nova dispensação. A razão pela qual o Caminho tornou-se tão mais fácil, comparado com o das antigas tradições, é que com a nova dispensação, “Um Mestre Ascenso precisaria transmutar ao menos 51 por cento de seu carma e receber as iniciações do Raio Rubi no ritual da Ascensão.”

Os Mestres Ascensos conferem grande atenção à Ciência da Palavra Falada. Essa ciência ter-se-ia originado no momento da manifestação do Universo, pois, no princípio “Deus disse: ‘Haja luz’ e houve luz” (Gn 1:3). Para esse ato criador Deus não pensou nem meditou, mas sim disse, ‘haja luz’. O poder do Verbo é a energia mais poderosa de toda a manifestação. Os Mestres Ascensos ajudaram o homem moderno a “resgatar a Ciência da Palavra Falada, utilizada há 12 mil anos atrás nos templos sagrados da Lemúria e da Atlântida.”[30]

A Ciência da Palavra Falada é operacionalizada por meio de decretos. O homem, a quem Deus outorgou o poder de ser também um criador, deve ordenar por decreto às hierarquias criadoras, presididas pelos anjos e arcanjos, especificamente o que deseja realizar. O decreto é, portanto, “o poder do Verbo na solução de problemas e elevação da alma.” Foi revelado que: “o decreto é a mais poderosa das petições à Divindade. É uma ordem, proferida pelo filho ou filha de Deus em nome da Presença do EU SOU e do Cristo, para que a vontade do Todo-Poderoso seja manifestada, assim em baixo como no alto. É o meio pelo qual o reino de Deus se torna realidade aqui e agora, usando o poder da Palavra Falada.”[31]

Somos informados que o ser humano deve ter fé no poder dos decretos, pois “A lei cósmica afirma que as idéias expressas em palavras tornam-se obrigatoriamente realidade quando são proferidas em nome de Deus e pela autoridade da chama de Cristo.”[32] Para aumentar o incentivo ao uso da Ciência da Palavra Falada, o Senhor Maitreya teria anunciado por ocasião de uma conferência, realizada em Washington, D.C., em 01/07/1961, que: “De hoje em diante, todo decreto que proferirdes será multiplicado pelo poder de dez mil-vezes-dez mil”[33], ou seja, será cem milhões de vezes mais forte.

O outro instrumento utilizado pelos Mestres Ascensos para acelerar a evolução da humanidade é a utilização da poderosa energia da chama violeta para a transmutação das negatividades. A esse respeito os Mestres teriam declarado: “A dispensação permitindo que a chama violeta fosse posta à disposição dos discípulos neste século foi concedida pelos Senhores do Carma porque Saint Germain compareceu perante esse augusto conselho para advogar, como defensor da humanidade, a causa da liberdade.” “A chama violeta perdoa à medida que liberta, consome à medida que transmuta, elimina os registros do carma do passado (saldando assim as vossas dívidas para com a vida), uniformiza o fluxo de energias entre vós e os outros, e impele-vos para os braços do Deus vivente.” “Venho esta noite, em nome de Deus, para declarar a todos os homens que a vida eterna é mantida pelo poder da chama violeta! Compreendeis o que isso significa, amados? Significa que o uso da chama violeta e do fogo sagrado dá a todos os homens o passaporte para a vida eterna, e não há outro meio de obterem a liberdade.”[34]

Numa série de comunicações mais recentes, a Mestra Ascensa Kwan Yin teria concedido à humanidade sofredora um poderoso método de cura, que veio a ser conhecido como Magnified Healing (Cura Magnificada). Essa modalidade de cura seria antiqüíssima, sendo que antes de 1983 só era usada nas dimensões superiores pelos Mestres Ascensos. Em 1992, pela intervenção direta da Mestra Kwan Yin, a Cura Magnificada do Deus Supremo do Universo teria sido facultada em sua forma expandida para o avanço espiritual da humanidade e da Terra. Com a disseminação desse processo de cura, já existem mais de 21 000 iniciados neste método em 52 países.

Magnified Healing foi dispensada originalmente a duas co-originadoras americanas: Kathryn Anderson e Gisèle King. Kathryn é uma Ministra Ordenada e mestre em Reiki, sendo uma Instrutora de instrutores. Gisèle é uma curadora, Ministra-Diretora do Movimento da Fraternidade Universal e mestre em Reiki.

Kathryn e Gisèle teriam recebido as Chaves finais da Ascensão aceitando o manto de Instrutoras-Mestras de Magnified Healing do Deus Supremo do Universo, por meio da Mestra Kwan Yin. A 3ª Fase do método de Cura da Luz ter-lhes-ia sido dada pelo Arcanjo Melchizedek, no final do ano de 1996.

AVALIAÇÃO DAS DOUTRINAS E PRÁTICAS

Avaliação é uma coisa séria. Para minimizar os perigos de possíveis erros de apreciação das práticas e conceitos apresentados na literatura canalizada sobre os Mestres Ascensos, procurarei ater-me aos fatos mais relevantes, sobre os quais as informações disponíveis permitem um nível aceitável de segurança nessa avaliação.

Em primeiro lugar, os seguidores dos Mestres Ascensos enfatizam práticas exteriores em detrimento da interiorização. Para entendermos o perigo dessa distorção devemos recordar que os dois esteios da vida espiritual são a autotransformação e a sintonia crescente com Deus. Para isso é indispensável a introspecção, ou seja, a mudança de foco do exterior para o interior. A auto-análise e a meditação são as práticas mais usadas para esses fins. Os seguidores dos Mestres Ascensos, no entanto, devotam horas às práticas externas sobrando pouco tempo, entusiasmo e convicção para as práticas internas, principalmente a meditação. Leadbeater, em suas considerações sobre o caminho iniciático, indica que um dos três obstáculos para a Segunda Iniciação é a superstição, que “inclui todas as espécies de crenças irracionais e errôneas, entre elas a de que os ritos e cerimônias externas são necessários para a purificação do coração. O Iniciado verifica que todos os métodos que nos são oferecidos pelas grandes religiões, tais como orações, sacramentos, peregrinações, jejuns e a observância de múltiplos ritos e cerimônias, não passam de meios auxiliares, e o homem prudente adotará disso o que ele achar útil para si, porém jamais considerará qualquer deles como suficiente para alcançar a salvação. Ele sabe definitivamente que tem de buscar a libertação em seu interior.”[35]

A Ciência da Palavra Falada é a principal prática espiritual dos seguidores desse movimento. Realmente o Som, também referido como o Verbo, o Logos e a Palavra, é a energia mais poderosa do Universo. No entanto, o Som primordial, que deu início à manifestação do Universo, não pode ser tomado como uma palavra pronunciada por Deus, no sentido em que nós humanos a utilizamos no plano físico. Na realidade, Deus não é uma pessoa com boca e cordas vocais que pronuncia essa ou aquela palavra. Portanto, quando é mencionado em Gênesis que Deus disse: “Haja luz”, algo simbólico está sendo comunicado a nós seres humanos, incapazes que somos de alcançar com nossa limitada mente concreta o que ocorreu no Imanifestado ao gerar o mais elevado plano espiritual da manifestação. Naquele momento, a ordem divina “ecoou” numa dimensão do espaço inteiramente diferente do nosso mundo, fazendo com que a vibração repercutisse de uma forma tal, que nós só poderíamos concebê-la, em termos de nossa experiência, chamando-a de Palavra de Deus. Reiteramos que quando tomamos as passagens da Bíblia em seu sentido literal estamos sujeitos a tirar conclusões inteiramente errôneas. Todas as escrituras sagradas são coletâneas de ensinamentos profundos velados pela linguagem da alegoria e do símbolo.[36]

Em alguns casos encontramos distorções sutis, como na mensagem a seguir, atribuída ao Senhor Maitreya: “Vários sistemas de meditação ióguica oferecem métodos para acalmar a mente do homem e produzir uma maior sintonia com o Divino. Alguns desses métodos tornaram-se arriscados quando aplicados pelo homem ocidental, pois exigem do praticante uma grande disciplina mental e espiritual. Os decretos, por outro lado, são relativamente simples de dominar uma vez compreendidos os princípios básicos, e muito mais eficazes.”

Os métodos ióguicos “arriscados” são aqueles que envolvem a movimentação de energias, como o pranayama, o laya ioga, o kundalini ioga e o tantra ioga. No entanto, a sabedoria milenar, conhecendo esses perigos, estabeleceu a tradição de só transmitir a totalidade da prática por meio de um guru devidamente capacitado, que acompanha os primeiros exercícios de seu discípulo para assegurar que eles sejam realizados de forma correta e em segurança. Ainda que alguns livros pareçam ensinar algumas dessas práticas, ficam faltando sempre alguns passos fundamentais que só são transmitidos de boca a ouvido.

Também não nos parece correta a afirmação de que o decreto seja a forma mais elevada de comunicação com Deus, como sugerido na seguinte passagem: “Essa ciência milenar (a Ciência da Palavra Falada) combina oração, meditação e visualização com decretos poderosos – e é um avanço em relação a todas as formas de oração usadas no Oriente e no Ocidente.” Os verdadeiros iogues e os místicos de todas as tradições sabem, por experiência própria, que justamente o oposto é correto. A oração falada sempre foi considerada a mais simples de todas as preces. A mais poderosa é a oração do silêncio, ou contemplação, em que o silêncio se estende até mesmo à mente. Os místicos conseguem por meio da contemplação alcançar a união com O Bem Amado, como descrito na obra clássica Castelo Interior ou Moradas, de Teresa de Ávila.[37] Esse também é o propósito central do ioga, a aquietação dos processos mentais, descrita na celebrada obra Ioga Sutras de Patanjali,[38] para que o iogue alcance o samadhi, ou união com Atma. “Deus é silêncio em vez de discurso. A coisa mais bela que o homem pode dizer de Deus é que, conhecendo Suas riquezas interiores ele torna-se silencioso. Portanto, não seja tagarela com Deus.”[39]

Muitos cristãos surpreendem-se ao saber que a “oração do silêncio” foi ensinada por Jesus, há dois mil anos, como atesta a passagem: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora ao teu Pai que está lá, no segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará” (Mt 6:6). Como a linguagem da Bíblia é simbólica, a seguinte interpretação é sugerida: entrar em nosso quarto, significa entrar em consciência na câmara secreta do coração. Fechar a porta, significa desligar-se dos ruídos do mundo e da mente. Orar ao Pai que lá se encontra, significa nos sintonizarmos com a Presença de EU SOU em nosso coração. Orar em segredo, significa aquietar a mente e permitir que no silêncio que se segue, possamos ouvir a Deus, e não nossas próprias palavras e pensamentos. Finalmente, a recompensa prometida, é sermos admitidos à Sua Presença.

Quanto à prática de repetição de decretos em voz alta, talvez outra orientação de Jesus apresentada no Sermão da Montanha seja pertinente: “Nas vossas orações não useis de vãs repetições, como os gentios, porque imaginam que é pelo palavreado excessivo que serão ouvidos. Não sejais como eles, porque o vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes de lho pedirdes.” (Mt 6:7-8).

As várias mudanças na Hierarquia anunciadas nas comunicações atribuídas aos Mestres Ascensos poderiam ser questionadas, a começar pela suposta renúncia de Sanat Kumara de seu posto de Senhor do Mundo. A tradição sabedoria ensina que esse grande Ser, que veio para a Terra há seis e meio milhões de anos, comprometeu-se a guiar a humanidade por todo o período de manifestação de nosso Planeta, como chefe da hierarquia espiritual e Iniciador Único. Encontramos em A Doutrina Secreta[40] que esse augusto Ser “não deixará o seu posto senão no último dia deste Ciclo de Vida.”

É importante lembrar que o Senhor do Mundo expressa o aspecto poder (Primeiro Raio) do Logos em nosso Planeta, e o Senhor Buda o aspecto sabedoria (Segundo Raio). Se, porventura, o Senhor do Mundo deixasse seu cargo seu sucessor seria um Adepto do Primeiro Raio e não o Senhor Buda.  Como todas as outras mudanças anunciadas na estrutura da Hierarquia dependem da veracidade da renúncia de Sanat Kumara a seu posto, achamos mais pertinente não tecermos argumentos sobre as outras mudanças subseqüentes, apesar de existirem claros indícios de que as coisas permanecem na Hierarquia como eram há um século atrás. Mudanças na Hierarquia são muito raras, especialmente nos mais altos níveis, onde um Grande Ser pode ocupar um posto por muitos milênios. Essa questão, não só é difícil de resolver com provas cabais, como é ainda, de certa forma, irrelevante para a vida espiritual. Nosso progresso espiritual não depende em absoluto de nos mantermos atualizados sobre as supostas novidades em Shambala.[41]

O aspirante deve se concentrar na autotransformação e em dar o passo seguinte na Senda, e não em gastar o precioso tempo que a Providência Divina lhe concedeu em especulações sobre a vida dos Grandes Seres. Vale a pena lembrarmos mais uma vez a recomendação do Mestre K.H., em sua última carta escrita em 1900: “O falatório acerca dos ‘Mestres’ deve ser silenciosa mas firmemente eliminado. Nós trabalhamos anônima e silenciosamente, e a contínua referência a nós mesmos e a repetição de nossos nomes gera uma aura confusa que atrapalha nosso trabalho.”[42] Encontramos na tradição judaico-cristã um paralelo nos mandamentos apresentados por Moisés: “Não pronunciarás em vão o nome de Iahweh teu Deus” (Ex 20:7).

Talvez seja pertinente, porém, algumas observações sobre alguns membros da Hierarquia, mencionados na literatura dos Mestres Ascensos. Os novos Chohans que teriam assumido o Segundo e o Sexto Raio, os Mestres Ascensos Lanto e Nada, não são conhecidos na literatura esotérica tradicional, sendo mencionados pela primeira vez nas canalizações atribuídas aos Mestres Ascensos. No caso de Saint Germain e Kwan Yin os questionamentos são de outra natureza. É dito que Kwan Yin precedeu a Saint Germain como Chohan do Sétimo Raio e que essa transferência de cargo deu-se em 1954.[43]Os Mestres e a Senda, publicada pela primeira vez em 1925, é dito: “O Chefe do Sétimo Raio é o Mestre Conde de Saint Germain, personagem histórico do século XVIII, também conhecido como o Mestre Rakoczi.”[44] Portanto, de acordo com a tradição oriental, o Conde de Saint Germain já era o Chohan do Sétimo Raio, bem antes de 1954, quando, de acordo com a literatura dos Mestres Ascensos, ele teria supostamente assumido essa alta função. No entanto, na obra

Com relação à Mestre Ascensa Kwan Yin, o problema é a personificação antropomórfica de um princípio impessoal. Kwan-Shi-Yin e Kwan-Yin, são nomes chinêses para os aspectos masculino e feminino de Avalokiteshvara. De acordo com A Doutrina Secreta: “Kwan-Shi-Yin é Avalokiteshvara, e ambos são formas do Sétimo Princípio Universal; enquanto que em seu caráter metafísico mais elevado, essa Divindade é a agregação sintética de todos os Espíritos Planetários, os Dhyan-Chohans. Ele é o ‘Manifestado por Si Mesmo’; numa palavra, o ‘Filho do Pai’.”[45] Não podemos descartar a possibilidade de que tenha existido um Grande Ser, coincidentemente na China, chamada de Kwan Yin, que tenha se tornado um Mestre de Sabedoria. No entanto, em nenhuma parte da literatura esotérica, antes do aparecimento das revelações atribuídas aos Mestres Ascensos, qualquer referência foi feita a essa personagem. Ao contrário, Kwan Yin sempre representou um princípio e não uma pessoa.

A outra prática central atribuída aos Mestres Ascensos é a transmutação do carma por meio da chama violeta, de acordo com o ministério do Mestre Ascenso Saint Germain. Muitos decretos e rituais de cura estão voltados para esse fim. Em primeiro lugar, convém investigarmos o método pelo qual esse procedimento teria se tornado possível. Numa citação anterior, de material canalizado pela Summit Lighthouse, foi dito: “A dispensação permitindo que a chama violeta fosse posta à disposição dos discípulos neste século foi concedida pelos Senhores do Carma porque Saint Germain compareceu perante esse augusto conselho para advogar, como defensor da humanidade, a causa da liberdade.” Em primeiro lugar, os Senhores do Carma, ou Lipikas, os “escribas” que registram todas as palavras e ações dos homens nesta Terra, como são conhecidos na literatura esotérica, “são os agentes do carma”[46] e não membros de um suposto conselho do carma. O carma sendo a lei fundamental e inexorável da operação da manifestação do universo não está sujeito a “deliberações” de um conselho. Tampouco os Mestres agem como políticos, de forma emotiva visando o impacto popular, procurando modificar uma lei irrevogável “advogando, como defensores da humanidade, a causa da liberdade.”

A transmutação, porém, é uma realidade conhecida da alquimia. Como Saint Germain foi o maior alquimista conhecido, é natural que os rituais de transmutação sejam sempre referidos a Ele, principalmente quando é utilizada a chama violeta, instrumento de trabalho notório do Sétimo Raio. No entanto, existe uma grande diferença entre transmutar as negatividades de um indivíduo e transmutar seu carma. Quando falamos de transmutar negatividades, estamos nos referindo às tendências da natureza inferior da pessoa. Essas tendências, skandas de acordo com os budistas ou samskaras de acordo com os hinduístas, são os tiranos que escravizam os homens numa roda viva de repetições de atos, palavras e pensamentos negativos, que necessariamente resultam em sofrimento.

Mas transmutação de carma é outro departamento. O carma é uma das leis fundamentais do universo e, como tal, é imutável. Imaginemos, por exemplo, outra lei do universo, a da gravitação. O que iria ocorrer se um Grande Ser decidisse alterar um pouco a gravitação do planeta Terra, para que ele ficasse mais perto do Astro Rei, o Sol? Ou ainda acelerar ou retardar um pouco a rotação da Terra ao redor de seu eixo? Por pouco que fosse a alteração, o resultado seria uma catástrofe indescritível. Uma lei divina universal é, por definição, tautologicamente, universal e eterna. Não pode ser alterada.

Uma das muitas dádivas preciosas à humanidade legadas por Blavatsky foi o conhecimento das condições preliminares para aspirantes, contidas no lendário tratado de Kiu-te, do qual foram também tiradas as Estâncias de Dzian, a fundamentação para A Doutrina Secreta. A quarta dessas condições é de especial relevância para este ensaio: “Fé verdadeira e invariável na Lei do Carma, independentemente da intervenção de qualquer poder da Natureza – uma lei cujo curso não deve ser obstruído por qualquer ação, nem se deve tentar desviar por prece ou cerimônias exotéricas propiciatórias.”[47]

Uma das jóias mais preciosas da literatura esotérica, conhecida como A Voz do Silêncio, descreve a verdadeira tortura interior do Arhat, ao constatar a extensão do sofrimento da humanidade em face à sua incapacidade de alterar o curso dos eventos cármicos. O Arhat passa por “indizíveis aflições mentais; aflições pelos mortos vivos, e impotente compaixão pelos homens das tristezas kármicas; os frutos do Karma os Sábios não ousam deter. Pois está escrito: ‘Ensina a evitar todas as causas; aos ondulantes efeitos, como às grandes vagas da maré, deixarás seguirem o seu curso’.”[48]

Blavatsky afirma categoricamente que: “Os Mahatmas são os servos, não os árbitros da Lei do Carma.”[49] Vemos nas Cartas dos Mahatmas várias passagens indicando a imutabilidade do carma: “A justiça absoluta não vê diferença entre os muitos e os poucos… Em nossa Fraternidade todas as personalidades submergem em uma idéia – o direito abstrato e a justiça prática absoluta para todos.”[50] “Não podemos alterar o Carma, meu ‘bom amigo’, de outro modo nós dissiparíamos a nuvem atual que há sobre seu caminho. Mas fazemos tudo o que é possível nestas questões materiais.”[51] “A vida e a luta pelo Adeptado seriam muito fáceis, se tivéssemos sempre varredores atrás de nós a limpar os efeitos por nós gerados em nossa inconsideração e presunção.”[52] “Tendes especialmente de conservar em mente que a mais leve causa produzida, embora inconscientemente, e seja qual for seu motivo, não pode ser desfeita nem os efeitos detidos em seu progresso, nem mesmo por um milhão de Deuses, demônios e homens combinados.”[53] Podemos em sã consciência imaginar que os sábios membros dessa Fraternidade, tendo afirmado de forma tão contundente a imutabilidade do carma, iriam mudar de idéia alguns anos mais tarde e passar a ‘varrer atrás de seus devotos os efeitos gerados por seu carma?’, ou ‘transmutar as causas produzidas e seus efeitos, que nem mesmo um milhão de Deuses, demônios e homens combinados podiam desfazer?’

Jesus também pregou a imutabilidade do carma. Algumas passagens da Bíblia atestam esse fato, na linguagem simbólica que lhe é usual: “Porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra, não será omitido nem um só i, uma só vírgula da Lei (do carma), sem que tudo seja realizado” (Mt 5:18). “Assume logo uma atitude conciliadora com o teu adversário, enquanto estás com ele no caminho, para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o juiz, ao oficial de justiça, e, assim, sejas lançado na prisão (da roda de renascimentos). Em verdade te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo” (Mt 5:25-26). “Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, pois esta é a lei e os (ensinamentos dos) profetas” (Mt 7:12). Paulo também reiterou esse ponto fundamental da vida espiritual em várias passagens, sendo a mais direta: “Não vos iludais: de Deus não se zomba. O que o homem semear, isso colherá” (Gl 6:7).

A imutabilidade do carma coloca em cheque todas as reivindicações de práticas que prometem a transmutação parcial ou total do carma. A repetição de decretos e o processo de cura de Magnified Healing enquadram-se nessa categoria. Magnified Healing é certamente uma poderosa energia de cura. Tendo recebido algumas aplicações dessa energia, posso afirmar que senti a energia atuando em meu corpo. Tudo leva a crer que Magnified Healing poderia ser considerado um “super-Reiki” ou “Reiki magnificado.” Essa hipótese ganha força quando verificamos que as duas americanas disseminadoras originais do processo já eram mestras de Reiki por muitos anos. Ainda que Magnified Healing seja comprovadamente uma poderosa energia de cura, atuando sobre os corpos sutis do ser humano, as considerações expostas acima, sobre a imutabilidade do carma como uma lei universal, põem em questionamento a reivindicação de que a dimensão espiritual dessa energia também poderia transmutar o carma do “paciente.” É interessante notar que a aplicação dessa energia, dispensada pelo ‘Deus Supremo do Universo,’ pode ser cobrada dos “pacientes,” em contraste com a antiga lei oculta de que as energias espirituais não podem ser objeto de comercio. Nesse particular nossos irmãos espíritas são mais coerentes: os ‘passes’, a participação em rituais de cura e até mesmo as operações espirituais não são cobradas, ainda que os beneficiários possam contribuir de livre e espontânea vontade para a manutenção da obra. O estudante de esoterismo teria muito a aprender sobre essa questão em Palmelo, cidade goiana onde existem dezenas de indivíduos e instituições voltados para a cura espiritual.

Voltando ao carma, a Lei divina estabelece que a semeadura é opcional, mas a colheita é obrigatória. Toda e qualquer ação, palavra e pensamento de um indivíduo cria como que ondas no mar da substância universal que inexoravelmente retornarão a ele. “Mas como cada perturbação se inicia de algum ponto específico, é evidente que o equilíbrio e a harmonia podem somente ser restaurados pela reconvergência para aquele mesmo ponto de todas as forças que a partir dele foram postas em movimento. E aqui nós temos a prova de que as conseqüências dos atos de um homem, de seus pensamentos, etc., precisam necessariamente agir sobre ele mesmo com a mesma força com que foram postas em movimento.”[54] Mesmo os chelas e iniciados estão sujeitos à Lei. Isso nos remete ao ponto seguinte, a suposta aceleração do processo evolutivo, possibilitando a um discípulo tornar-se um Mestre Ascenso transmutando somente 51 por cento de seu carma.

A milenar tradição esotérica postula que, para receber a Quarta Iniciação, o Iniciado tem que quitar todo seu carma pendente. Essa é a razão porque alguns neófitos estranham o fato de certos santos e notórios servidores da humanidade, que ao longo da vida mostraram desprendimento, sabedoria, amor ao próximo e bondade para com todos os seres, sofrerem todo tipo de infortúnio, doenças e até mesmo perseguições. Talvez um ou dois exemplos facilitem o entendimento da Grande Lei. O saudoso Chico Xavier passou a vida fazendo o bem, mas foi várias vezes injuriado e durante toda a sua vida sofreu de uma ou outra doença. Com seu conhecido bom humor, dizia que, apesar de uma vida celibatária, sempre foi assediado por duas senhoras: Glaucoma e Angina, que não lhe deixavam em paz (com terríveis dores nos olhos e no coração).

A indômita Helena Blavatsky renunciou a tudo para viver exclusivamente a serviço do mundo, tendo sido difamada, injuriada e passado por necessidades materiais e enfermidades dolorosas, permanecendo, porém, sempre firme no serviço de seu Mestre. Dois fatos relacionados à imutabilidade do carma aparecem de forma curiosa na vida de Blavastky. Numa batalha pela unificação da Itália, recebeu um tiro, ficando a bala alojada perto da coluna, causando-lhe dores e desconforto. Apesar dos médicos não poderem retirar a bala ela, com seus poderes ocultistas, poderia desmaterializar o projétil. No entanto, não tinha permissão para faze-lo, pois estaria infringindo a lei do carma e usando poderes ocultos em benefício próprio. Num determinado momento em que Blavatsky estava passando por um período difícil devido a acusações de seus detratores, Sinnett pede ao Mestre que a ajude e recebe a seguinte resposta: “Devo dizer que ela está sofrendo muito e não posso ajudá-la, porque tudo isso é o efeito de causas que não podem ser anuladas ocultismo na teosofia.”[55] Tempos depois, enquanto estava trabalhando na sua grande obra, A Doutrina Secreta, seu corpo combalido não dava mais sinais de resistir aos inúmeros problemas de saúde que enfrentava. O médico que a acompanhava já dava como certa a sua morte. Nesse instante, porém, seu Mestre apareceu em corpo físico e perguntou se ela queria por um fim ao seu sofrimento ou preferia continuar a viver para terminar seu trabalho. Blavatsky não hesitou em decidir pela continuação do trabalho. Seu Mestre, então, reanimou seu corpo dando-lhe uma sobrevida, porém, sem curar as doenças que tinha, ou seja, sem mudar seu carma.

A única explicação para essas aparentes incoerências do carma, nos casos de Chico Xavier, Blavatsky e tantos outros servidores da humanidade, é o fato de que esses grandes iniciados estariam resgatando o restante de seu carma ainda pendente de vidas passadas, para capacitá-los à Quarta Iniciação, que os tornariam Arhats, seres que não mais precisam encarnar, se optarem por entrar em Nirvana. A vida de sofrimento dos candidatos à Quarta Iniciação é, certamente, equivalente a uma verdadeira “crucificação” ainda que, no seu devido tempo, as atribulações sejam substituídas pela glória da “ressurreição.”

A possibilidade de uma aceleração no processo evolutivo por meio de certas práticas é, sem dúvida, um grande incentivo para qualquer aspirante. No entanto, o famoso Caminho Acelerado de que trata a tradição esotérica, é o árduo Caminho da Iniciação, para o qual existem regras milenares rígidas seguidas pela Grande Hierarquia. A tradição menciona que o homem passa simbolicamente por 777 encarnações, desde sua individualização como ser humano até tornar-se um super-homem, um Iniciado do Quinto Grau, um Mestre de Sabedoria. As primeiras 700 encarnações simbolizam o longo caminho do homem mundano, materialista, vivendo para a gratificação dos sentidos. As 70 encarnações seguintes simbolizam o considerável período de desenvolvimento intelectual e moral, levando ao despertar espiritual, até tornar-se um discípulo aceito preparando-se para a Primeira Iniciação. As últimas 7 encarnações simbolizam o Caminho Acelerado, o número de encarnações necessárias para aquele que “entrou na corrente” atingir “a outra margem,” ou seja, trilhar o Caminho Iniciático da Primeira à Quinta Iniciação.

Esses números de encarnações, obviamente são simbólicos. Podem ser mais ou menos, dependendo do empenho de cada alma. O que é importante é a ordem de grandeza das três grandes etapas: a etapa das Iniciações representaria um décimo do tempo da etapa de evolução intelectual e moral, e essa um décimo da etapa da vida do homem comum, inteiramente mundana, egoísta e materialista.

Em contraste com essa experiência milenar, a literatura dos Mestres Ascensos acena com uma notável aceleração do processo. Por exemplo, é dito que o discípulo dedicado pode passar da Terceira Iniciação para a Ascensão em seis anos de trabalho intenso. Somos informados, também, que os principais “canais” desses movimentos, chamados de “mensageiros dos Mestres” teriam alcançado a Ascensão, ou seja a Sexta Iniciação, enquanto se supõe que Blavatsky e Chico Xavier não alcançaram mais do que a Quarta Iniciação. Guy Ballard teria se tornado o Mestre Ascenso Godfre e Mark Prophet o Mestre Ascenso Lanello.

Espera-se que um ser que “ascendeu” tenha tido uma longa série de encarnações à serviço da humanidade. Esse parece ter sido o caso dos dois grandes mensageiros dos Mestres Ascensos. Ballard relatou ter-se encarnado anteriormente como George Washington, e os reis da Inglaterra Henrique V e Ricardo I (Ricardo Coração de Leão).  No caso de Mark Prophet, sua viúva informa-nos que em vidas passadas ele teria sido: Noé, Ló, Ikhnaton, Esopo, o discípulo Marcos, Orígenes, Lancelote, Bodhidharma, Saladino, Boaventura, Luís XIV e Longfellow.

Obviamente não nos compete questionar a nobre linhagem desses mensageiros dos Mestres Ascensos, pois não temos credenciais para tanto. No entanto, devemos lembrar que o Noé da Bíblia é um personagem mítico. Ele representa o poder criativo masculino, sendo também a personificação de um dos dez Sephiroth.[56] Nas palavras de Geoffrey Hodson: “Noé é a personificação do ocupante de uma Função (Manu) no Governo Espiritual dos Sistemas Solares, Cadeias, Rondas, Planetas e Raças. Noé representa mais especialmente os Manus Raiz e Semente, cuja vocação é de absorver e preservar dentro de suas auras (arcas), durante os Pralayas (dilúvio), as sementes das coisas vivas e as Mônadas dos homens. Essas eles entregam aos seus sucessores no início do Manvantara seguinte (a dispensação após o dilúvio).”[57]

È provável, portanto, que tenha havido um engano nas informações canalizadas por Elizabeth Prophet. Não é possível que Mark Prophet tenha se encarnado como Noé. É dito que na Hierarquia Terrena, um Manu é um Iniciado do Sétimo Grau.[58] Portanto, se Mark porventura tivesse sido Noé, teria regredido em vez de evoluir, pois, após várias encarnações, teria alcançado no século passado outra vez o nível de um Mestre Ascenso, ou seja a Sexta Iniciação, na terminologia da Summit Lighthouse. Esse fato levanta uma dúvida: erros semelhantes também não poderiam ter ocorrido em outras partes do material canalizado por Elizabeth Prophet e pelos outros mensageiros dos Mestres Ascensos? Nesse caso, que grau de confiança podemos ter no material canalizado?

CONCLUSÕES

É dito que existem tantos Caminhos como existem seres humanos e que as necessidades de cada um mudam com o passar do tempo. Assim como as brincadeiras de criança dão lugar aos esportes e à busca da sensualidade no adolescente, mais tarde aos jogos de poder no adulto e, finalmente, no homem maduro ao anseio espiritual, assim também, o buscador da verdade passa por diferentes etapas em sua jornada. Em cada etapa da vida teremos novos desafios. Assim como a fruta só aparece na estação certa, no ser humano o amadurecimento espiritual virá no seu devido tempo, e a Providência Divina colocará ao nosso alcance as circunstâncias mais favoráveis ao nosso progresso. Cabe a cada um, porém, discernir o que lhe é mais apropriado e tomar as ações devidas para aproveitar as oportunidades ao seu alcance.

Porém, devemos ter sempre em mente que todas as informações, instruções e revelações do exterior, estejam elas contidas nas Sagradas Escrituras, livros inspirados, nas palavras de grandes sábios ou em mensagens canalizadas, são meramente meios para um fim. O objetivo último de toda a vida espiritual é a experiência interior de unidade com o Todo e com todos, ou a união com Deus, como dizem os místicos. Nas palavras de Lama Govinda, “Os instrutores tibetanos sempre enfatizam o fato de que a verdade última não pode ser expressa em palavras, mas somente experimentada em nosso interior. Portanto, nossas crenças não são importantes, mas sim o que nós experimentamos e praticamos, e como isso afeta a nós mesmos e o ambiente que nos cerca.”[59]

Aqueles que se sentem confortáveis em sua tradição ou movimento, nele encontrando tudo o que seu coração pede, devem aproveitar para mergulhar fundo em seus estudos e, principalmente, em suas práticas. Devemos ter em mente, porém, que cada um de nós é um diamante em processo de lapidação. Existem inúmeras facetas dessa pedra preciosa que precisam ser buriladas. Em geral, precisamos mudar de posição ou a direção do movimento, para burilar uma nova faceta. Por isso devemos ter em mente a sabedoria milenar contida na preciosa obra: Luz no Caminho. Nela somos instados a buscar o caminho: “Busca o caminho, retirando-te para o interior. Busca o caminho, avançando resolutamente para o exterior. Busca-o, mas não em uma direção única. Para cada temperamento existe uma via que parece a mais desejável. Porém, só pela devoção não se encontra o caminho, nem pela mera contemplação religiosa, nem pelo ardor de progresso, nem pelo laborioso sacrifício de si mesmo, nem pela estudiosa observação da vida. Nenhuma dessas coisas por si só faz adiantar ao discípulo mais que um passo. Todos os degraus são necessários para subir a escada.”[60]

Por essa razão, convém ao buscador estar sempre atento a outros enfoques, a outras doutrinas, além daquelas professadas por sua religião, movimento ou tradição. É dito que uma das melhores maneiras de entendermos as doutrinas de nossa religião é estudarmos outra religião. Como estaremos começando do princípio e, no caso da “religião dos outros,” não seremos tolhidos por questões de fé doutrinária, torna-se mais fácil estudarmos e questionarmos até entendermos os pontos fundamentais dessa outra religião. Isso invariavelmente nos remeterá a vários pontos paralelos de nossa própria religião, que anteriormente haviam sido aceitos mesmo sem ser entendidos. Como todas as religiões originam-se da mesma fonte e levam ao mesmo objetivo, não é de se estranhar que venhamos a encontrar inúmeras concordâncias ou paralelos em seus aspectos fundamentais. A teosofia, a sabedoria divina, é exatamente a essência esotérica fundamental que está por trás de todas as grandes religiões e tradições.

Para meus queridos irmãos, seguidores dos ensinamentos dos Mestres Ascensos, que ainda estão lendo com pertinácia este ensaio, apesar dos questionamentos levantados, sugiro simplesmente que procurem ler as cartas dos Mestres publicadas originalmente no século passado, e disponíveis agora em português.[61] Algumas pessoas talvez prefiram ler inicialmente o livreto: Meditações. Excertos de Cartas dos Mestres de Sabedoria,[62] que apresenta citações selecionadas, relacionadas com as principais virtudes requeridas na vida espiritual. Com essa leitura terão um termo de comparação entre o estilo e a doutrina ensinada pelos Mestres no final do século XIX e aquela apresentada atualmente pelo material canalizado atribuído aos Mestres Ascensos. Se esse estudo indicar que não existe grande diferença entre as duas fontes, então poderão prosseguir com consciência tranqüila de que estão tomando todos os cuidados possíveis para caminhar sempre em terreno sólido. Se, no entanto, descobrirem que existem diferenças importantes de métodos de instrução e de doutrina, terão então uma oportunidade para desenvolver seu discernimento e testar até que ponto a intuição é capaz de guiar sua vida.

Não há dúvida de que o anseio por receber instrução do Mestre é legítimo. Porém não podemos nos esquecer de duas máximas do ocultismo. A primeira é que: “Quando o discípulo está pronto o Mestre aparece.” Será que realmente estamos prontos para ser instruídos pelos verdadeiros Mestres? Estamos prontos para enfrentar uma disciplina de treinamento mais exigente e rigorosa do que a dos atletas olímpicos, não só por alguns meses ou anos antes da competição, mas por toda nossa vida? Estamos prontos para assumir o compromisso de servir à humanidade, sem nenhuma distinção, por séculos e milênios sem fim, até que o último ser humano seja salvo? Estamos prontos para renunciar ao nosso conforto, aos nossos interesses pessoais e até mesmo aos nossos bens, para executar o trabalho do Mestre? Estamos prontos a continuar a servir, mesmo quando vilipendiados e injuriados? Estamos realmente conscientes de todas as implicações de nossa eventual aceitação como discípulo do Mestre?

A segunda máxima, uma extensão da lei do carma, é de que “Cada um tem o Mestre que merece.” Somente o próprio indivíduo pode avaliar o grau de sua pureza de coração, de seu altruísmo, de sua entrega à Deus, de seu amor incondicional por todos os seres, de sua humildade e de seu discernimento, para saber que tipo de Mestre ele merece.

O livreto apropriadamente intitulado Aos Pés do Mestre, de autoria de Krishnamurti, menciona que existem quatro qualificações para Senda. “A primeira dessas qualificações é o Discernimento, usualmente tomado no sentido da distinção entre o real e o irreal, que conduz o homem a entrar na Senda. É isso; mas é também muito mais, e deve ser praticado não somente no início da Senda, mas a cada passo, todo o dia, até o fim.”[63] Os Grandes Instrutores alertam repetidamente que todo discípulo está se preparando para tornar-se um Mestre e, portanto, deve desenvolver seu intelecto, percepção e discernimento ao ponto de jamais ser enganado pelas ilusões do mundo. Se aspiramos a nos tornar discípulos, devemos também desenvolver o discernimento, investigando todos os ângulos da doutrina que nos for apresentada. Essa era uma recomendação constante do Senhor Buda: submetermos sempre ao crivo da mente e do coração os ensinamentos que nos são passados pelos sábios e pelas Escrituras, incluindo até mesmo a doutrina que ele havia ensinado. A fé cega leva ao fanatismo e à estagnação. A fé consciente, ao contrário, leva ao crescimento e, no seu devido tempo, à iluminação.

Que a Luz Divina ilumine nossas mentes e fortaleça a nossa determinação, para que possamos trilhar o árduo Caminho da Perfeição que leva, no seu devido tempo, aos pés do Mestre.


[1] O autor é um estudante da tradição cristã, tendo publicado os livros: Pistis Sophia, os Mistérios de JesusOs Ensinamentos de Jesus e a Tradição Esotérica Cristã (Pensamento, 1999) (Bertrand Brasil, 1997) e

[2] Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett. Sua 1ª edição foi publicada em inglês em 1923, e publicada em português, em 2001, pela Editora Teosófica.

[3] C. Jinarajadasa, Cartas dos Mestres de Sabedoria, publicada pela primeira vez em inglês em 1919, e em português em 1996, pela Editora Teosófica.

[4] Cartas dos Mahatmas, Vol. I, pg. 85.

[5] Artigo de H.P. Blavatsky sobre Precipitação publicado originalmente no The Theosophist  e reproduzido no livro: Five Years of Theosophy (Londres, Reeves and Turner, 1885), pg. 519.

[6] Vernon Harrison, H.P. Blavatsky and the SPR (The Theosophical University Press, 1997)

[7] Material contido na página da net da Summit Lighthouse do Brasil versando sobre o Mestre Ascenso El Morya Khan.

[8] “Nós deixamos que nossos candidatos sejam tentados de mil maneiras diferentes, de modo que venha para fora a totalidade da sua natureza interna, e deixamos a esta a possibilidade de vencer de uma maneira ou de outra.” Cartas dos Mahatmas, Vol. II, pg. 98

[9] Meditações. Excertos de Cartas dos Mestres de Sabedoria (Editora Teosófica, 2003), pg. 190.

[10] Cartas dos Mahatmas, Vol. I, pg. 43.

[11] The Mahatma Letters to A.P. Sinnett, compiled by A. Trevor Barker, The Theosophical University Press, California, 2nd. Edition, pg. 363.

[12] Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett, Editora Teosófica, vol I, pg. 36.

[13] “Somente os adeptos, isto é, os espíritos encarnados – estão proibidos pelas nossas leis sábias e intransgressíveis de sujeitar completamente uma outra vontade mais fraca – de um homem que nasceu livre. Este último procedimento é o adotado preferencialmente pelos ‘irmãos da sombra’, os feiticeiros, os fantasmas elementais.” Cartas dos Mahatmas, op.cit., Vol. I, pg. 115-116.

[14] C. Jinarajadasa (compilador), Cartas dos Mestres de Sabedoria (Editora Teosófica), pg. 106-7.

[15] C. W. Leadbeater, Os Mestres e a Senda (Editora Pensamento), pg. 114-115.

[16] Condessa Constance Wachtmeister, Reminiscências de H.P. Blavatsky e de A Doutrina Secreta, Editora Pensamento, pg. 25-26.

[17] Cartas dos Mahatmas, Vol. I, pg. 124.

[18] Seres humanos que alcançaram a mais alta iluminação, que os capacita a entrar no estado de inconcebível bem-aventurança conhecido como Nirvana, mas que optam pelo sacrifício de permanecer na esfera terrena, para trabalhar em benefício da humanidade sofredora.

[19] Cartas dos Mahatmas, Vol. I, pg. 125.

[20] Cartas dos Mahatmas, Vol. II, pg. 152.

[21] Cartas dos Mahatmas, Vol. II, pg. 30-31.

[22] Clara Codd, As Escolas de Mistério (Editora Teosófica), pg. 85.

[23] Clara Codd, op.cit., pg. 85-86.

[24] Cartas dos Mahatmas, Vol. I, pg. 169-70.

[25] Vide, Alice Bailey, The Unfinished Autobiography, N.Y., Lucis Publishing Co., 1951.

[26] Vide: Geoffrey Hodson, A Vida do Cristo do Nascimento à Ascensão (Brasília, Editora Teosófica, 1999); Annie Besant, O Cristianismo Esotérico (Editora Pensamento; C.W. Leadbeater, A Gnose Cristã (Brasília, Editora Teosófica); Alice A. Bailey, From Bethlehem to Calvary, The Initiations of Jesus (N.Y., Lucis, 1981); Rudolf Steiner, From Jesus to Crist (Sussex, Rudolf Steiner Press, 1991); e Raul Branco, Os Ensinamentos de Jesus e a Tradição Esotérica Cristã (Editora Pensamento, 1999).

[27] Os Mestres e a Senda, op.cit., pg. 197.

[28] Os Mestres e a Senda, op.cit., pg. 209-210.

[29] Mark e Elizabeth Prophet, A Ciência da Palavra Falada (Summit Lighthouse do Brasil), pg. 127.

[30] A Ciência da Palavra Falada, contracapa.

[31] A Ciência da Palavra Falada, pg. XXIII.

[32] A Ciência da Palavra Falada,  pg. 20.

[33] A Ciência da Palavra Falada, pg. 62.

[34] A Ciência da Palavra Falada, pg. 77, 82 e 117.

[35] Os Mestres e a Senda, op.cit., pg. 188-9.

[36] Vide: Geoffrey Hodson, A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada (no prelo).

[37] Santa Teresa de Jesus, Castelo Interior ou Moradas (Paulus, 1981).

[38] Vide: I. K. Taimni, A Ciência do Ioga (Editora Teosófica).

[39] Pensamentos de Eckhart e Sankara, dois dos maiores místicos do Ocidente e Oriente, citados por Rudolf Otto, “Mysticism East and West,” (The McMillan Co., N.Y., 1932), pg. 31.

[40] H.P. Blavatsky, A Doutrina Secreta, Vol. I, pg. 246.

[41] Cidade mitológica, noutra dimensão, em que é dito residem os Grandes Seres.

[42] Cartas dos Mestres de Sabedoria, op.cit., pg. 107.

[43] Informação apresentada na página da net, versando sobre Magnified Healing e a Mestra Kwan Yin.

[44] C.W. Leadbeater, Os Mestres e a Senda, op.cit, pg. 242-243.

[45] H.P. Blavatsky, A Doutrina Secreta, vol. II, pg. 180.

[46] H.P. Blavatsky, Glossário Teosófico (Editora Teosófica).

[47] H.P. Blavastky, Collected Writings, vol. VIII, pg. 294.

[48] H.P. Blavatsky, A Voz do Silêncio (Editora Pensamento), pg. 70.

[49] “Chelas and Lay Chelas”, artigo originalmente publicado na revista The Theosophist reproduzido em  Five Years of Theosophy (Londres, Reeves and Turner), pg. 55.

[50] Cartas dos Mahatmas para A.P. Sinnett, op.cit., Vol. II, pg. 260.

[51] Op.cit., Vol. II, pg. 318.

[52] Meditações. Excertos de Cartas dos Mestres de Sabedoria (Editora Teosófica, 2003), pg. 136-7.

[53] Meditações. op.cit., pg. 141.

[54] H.P. Blavatsky, Key to Theosophy (The Theosophical Publishing House), pg. 16.

[55] Cartas dos Mahatmas, op.cit., Vol. I, pg. 177.

[56] Geoffrey Hodson, The Hidden Wisdom in the Holy Bible, vol. II, pg. 53. Esta obra será publicada em breve em português.

[57] The Hidden Wisdom in the Holy Bible, op.cit., vol. II, pg. 168.

[58] Vide C. Jinarajadasa, Fundamentos de Teosofia (Pensamento), pg. 209.

[59] Lama Govinda, Insights of a Himalayan Pilgrim (Dharma Press), pg. 38

[60] Mabel Collins, Luz no Caminho (Editora Teosófica)

[61] Cartas dos Mahatmas para A.P. Sinnett, em dois volumes (Editora Teosófica), e Cartas dos Mestres de Sabedoria (Editora Teosófica).

[62] Também publicado pela Editora Teosófica.

[63] Aos Pés do Mestre, op.cit., pg. 14.

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