A Intenção e a Dimensão Hárica

“É a nossa intencionalidade que cria a energia no campo áurico [nossa aura], a qual, então, transmite a verdadeira mensagem” 10:455.

Barbara Ann Brennan

 

Oculto na realidade física da matéria, vimos que a ciência já está descobrindo uma outra dimensão oculta: a dimensão da aura. Nessa dimensão tem origem nossas sensações, sentimentos, emoções e pensamentos, e nessa mesma dimensão eles evoluem e são registrados. Vimos também que é nessa dimensão onde se esconde nosso inconsciente egóico, onde nossa criança, nosso Pai censor e nossa Sombra habitam e agem.

A aura, essa dimensão oculta de nossa personalidade, existe num nível mais “profundo” do que o corpo físico, num nível onde o tempo age de uma forma não linear. Esse nível áurico (a quarta dimensão) se comporta de acordo com a física da luz, onde o tempo relativo é uma realidade palpável (pode-se reviver o passado e viver possíveis futuros com a mesma simplicidade em que vivemos o presente), e de acordo com a física das leis de indutância harmônica e da ressonância simpática. Para observá-lo necessitamos dar um “salto quântico” na nossa percepção.

Da mesma forma, um novo “salto quântico” é necessário para se observar uma outra, e mais oculta, dimensão: a dimensão hárica da intenção. Da mesma forma que nossas emoções e pensamentos alteram a nossa aura, nossa intenção altera nossa dimensão hárica. A dimensão hárica, nosso “corpo causal”, é o alicerce sobre o qual se apóia a dimensão áurica, a nossa aura. Ela corresponde à nossa missão de vida, a nossa meta espiritual mais profunda. É na dimensão hárica onde ficam registradas as nossas intenções. Quando a nossa intenção é clara e bem definida, o alinhamento a nível áurico (pensamentos e emoções) e a nível físico traz prazer a todos os nossos atos.

É a nossa intenção que altera o modo como pensamos e sentimos e, dessa forma, a nossa realidade física se altera. Assim, a intencionalidade é a força criadora no Universo, a base por sobre a qual a dimensão áurica é criada ou modificada. A intenção vem antes do sentimento e do pensamento, e norteia todos os processos deles, fazendo com que eles gravitem em torno da intenção de forma que o milagre da criação surja.

Para que se crie algo é necessária clareza de intenção (propósito definido) e sempre que nossas verdadeiras intenções não estão claras para nós mesmos, o processo natural da criatividade não se desenvolve e a criação do que se almeja não surge. Mais ainda, há um profundo sofrimento simplesmente por não se saber que se tem um propósito na vida. É a intenção quem organiza a nossa própria realização e torna-se muito poderosa quando a consciência consegue alcançar um nível interno de silêncio e vazio (Cf. no próximo capítulo em “MEDITAÇÃO”).

“Precisamos aclarar as nossas verdadeiras intenções para podermos conferir harmonia àquelas que não estão de acordo com aquilo que realmente queremos. O que realmente queremos sempre está em harmonia com os nossos anseios espirituais ou desejos superiores” 10:456.

Barbara Ann Brennan

  Um simples beijo no rosto, dado com a mesma emoção pode esconder um leque de intenções diferentes: demonstrar amor, fazer um pedido, acalmar ou até pedir desculpas por uma falta. Às vezes, a intenção transforma a emoção, embora a atitude física seja a mesma. Isso pode ser exemplificado pelo beijo que esconde o sentimento de raiva, o sentimento de vingança ou até a perspectiva de uma traição. E essas verdadeiras intenções são percebidas em nossa dimensão hárica: sentimos que alguma coisa está errada e que aquela atitude pode esconder uma outra intenção.

Ainda mais, quando o ego comanda a intenção, quando não há submissão ao “mistério do Universo”, quando estamos apegados aos resultados, quando não há comunhão com a Inteligência Universal, quando se usa de ambição, trabalho duro e disciplina severa, geralmente há êxito, mas às custas de hipertensão, cardiopatias, neoplasias, desordens emocionais e mentais. Se os desejos pessoais surgem da dinâmica inversa, livres da ação do ego e guiados pelo Espírito, ou seja, desapegado de tudo, eles são realizados sem ansiedade e com muito mais facilidade.

Desejos desapegados? O verdadeiro desapego não é uma vida sem desejos, mas uma vida desapegada dos resultados. Nesse modo de viver, o ego pessoal é substituído pelo universal e todos os frutos são oferecidos a Deus. Troca-se o pensamento do apego (o que eu ganho?) pelo pensamento altruísta (como posso ajudar?) e continua-se a desejar.

Enquanto a dimensão áurica é uma dimensão prânica (de Prana), com propriedades sinérgicas capazes de construir formas físicas, a dimensão hárica (ou plano causal) é uma dimensão vibracional que nos conecta com o divino e com o material, alinhando-nos. Usando a metáfora do alinhamento, pode-se imaginar essa dimensão como uma linha vertical, que surgindo acima da cabeça (cerca de 1 metro acima) entra pelo seu topo e sai pelo períneo, passando pelo centro do corpo.

Nessa linha, semelhante a um feixe de laser, três estruturas são importantes: um pequeno funil voltado para baixo (que representa a nossa individuação a partir do vazio, o nosso oitavo Chakra, a nossa conexão com a Divindade) na extremidade superior do feixe laser, há cerca de um metro acima da cabeça; uma fonte difusa de luz na região esternal (a sede da alma, onde carregamos nossos anseios espirituais, de 2,5 a 5 cm de diâmetro, que pode chegar a 4,5 metros em momentos de meditação), acima do coração; e uma “bola oca” de energia, com quatro centímetros de diâmetro e situada num ponto cerca de 3,5 centímetros abaixo da cicatriz umbilical, conhecida pelos taoístas como Tan-t’ien inferior e pelos japoneses como saika-no-tanden ou tanden no ichi. Esse centro é o nosso centro de vontade ligado ao desejo de viver num corpo físico. É ele que dá o tom para se manter a nossa manifestação física. Abaixo do Tan-t’ien inferior, a linha sai pelo períneo e se enraíza no solo, nos ligando com a Mãe Terra (o mundo material).

Aquele pequeno funil de energia, nosso ponto de individuação a partir do vazio, é considerado como um oitavo centro energético-informativo (Chakra), relacionado aos domínios invisíveis fora do corpo humano. Um nono centro energético-informativo estaria presente fora da atmosfera terrestre, um décimo centro em algum ponto do sistema solar, um décimo primeiro que seria um centro galáctico e um décimo segundo centro energético-informativo nos daria acesso a todo o Universo.

“A parte superior da alma está no alto da cabeça”  92:77.

Santa Teresa d’Ávila (1.515-1.582)

 

“Dentro do coração, em uma pequena cavidade, repousa o Universo. Um fogo arde aí, irradiando em todas as direções”  50:40.

Mahanarayana Upanishad (XI: 9.10)

 

Tradicionalmente conhecido como o centro de gravidade do corpo físico, o Tan-t’ien inferior é a sede (t’ien) da força espiritual, da nossa intenção, chamada pelos taoístas de tan (o elixir interior). Situado também no centro do intestino delgado, é também o local de produção de energia física para o aquecedor inferior (Cf. no próximo capítulo em “ALIMENTAÇÃO”). Assim a vitalidade física, bem como o potencial espiritual, declinam com a má função intestinal.

Ele é o ponto central de uma região conhecida pelos japoneses como Hara, cujo significado varia de abdômen até “mente-coração” ou alma: é o centro da energia espiritual. O Hara está na parte inferior do abdome, o centro onde se originam nossos movimentos, e o Tan-t’ien inferior, nos praticantes de artes marciais, é visto, clarividentemente, como uma bola brilhante de luz dourada, que pode ocupar todo o Hara. A proeminência abdominal presente na pictografia e esculturas de mestres em artes marciais representa a energia proveniente desse ponto, a energia do poder. É a vibração originária desse ponto, ligado ao centro da Terra, que possibilita a manifestação e a manutenção da dimensão áurica e físico-etérica:

“O Hara existe numa dimensão mais profunda do que o campo áurico. Ele existe no nível da intencionalidade. Trata-se de uma área de poder dentro do corpo físico que contém o Tan-t’ien. Foi com essa nota que você puxou o seu corpo físico a partir da Mãe Terra. É essa nota que torna possível a manifestação física do seu corpo… Quando você mudar essa nota, todo o seu corpo vai mudar. Seu corpo é uma forma gelatinosa que se mantém unida por meio dessa nota. Essa nota é o som que o centro da Terra produz”  10:457.

Heyoan

Aqui devemos ressaltar que esse som é mais que um simples som físico audível, mas um padrão vibratório que dá origem à vida, pela reunião de energia vital (Prana) em torno de si, com o fim de animar uma nova forma astral e físico-etérica. Alinhar nossa dimensão hárica é manter na linha central do corpo toda a linha hárica e, dessa forma, nos sincronizamos com o Propósito (Intenção Universal). O sentimento de alinhamento hárico é libertador, pois nos une com o todo, trazendo energia (divina e terrena), integridade e harmonia. Nessa posição não existe nenhum adversário, mas só companheiros evolutivos.

Nas artes marciais, todos os movimentos começam no Hara e a origem do poder marcial reside na verticalidade. Todo movimento e todo poder deve ser uma manifestação, sem esforço físico, do Hara. Esse centro é o único local do ser que permanece firme e estável. O Hara funciona como uma bomba a vácuo, que suga energia tanto do céu quanto da terra para dentro do corpo, através dos braços e das pernas e de cada poro da pele 39:117. Quando se concentra no Hara, a postura torna-se naturalmente ereta.

A concentração na verticalidade gera uma tensão dinâmica que une verticalmente a energia espiritual do Hara com a energia mental da vontade presente no cérebro, dando origem a um grande poder corpo/mente: pensa-se com o Hara (hara de kangaeru) e age-se a partir do Hara (hara de yaru). O céu (a mente) e a terra (o corpo) se unem pelo espírito (a vontade) 39:33.

Todas as artes marciais japonesas, dignas de possuírem no nome o sufixo “DO” – Caminho, trabalham a dimensão espiritual da intenção, desenvolvendo-a para obter sucesso espiritual e, lógico, defesa pessoal nos planos físico, emocional e mental. Como caminho espiritual, o desenvolvimento pessoal no plano hárico, um domínio onde se vivencia a universalidade, automaticamente torna a intenção menos pessoal e mais universal. Trabalha-se e desenvolve-se o nosso plano real. Real?

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