Por Uma Rede de Holopráxis

A prática do despertar 

O possível seminário, formação ou processo poderia começar como evento pago, com facilitador e supervisor, aberto a interessados de outras partes do país, e mais tarde poderia desembocar em atividade voluntária, em um conjunto de círculos holísticos ou talvez círculos de holopráxis. Mas também podemos começar com um círculo de holopráxis aqui em Brasília, no momento adequado.

Poderíamos pensar em termos ou expressões como “elo interno”, “universidade interior”, “universidade do coração”, “Unipráxis”. Em um pequeno pedaço de papel, Roberto Crema anotou alguns possíveis termos-chave para o processo: “Holopráxis: a prática do despertar. A prática da presença. A prática do silêncio”. Já que a iniciativa se faz dentro do que se pode chamar de tradição iniciativa, no futuro poderemos pensar na criação de um Colégio de Estudos e Investigação Sobre o Caminho Iniciático.

            Um possível título para pequeno evento em curto ou médio prazo – a partir do qual idéias amadureceriam – seria “Holopráxis, autoconhecimento e autolibertação –   uma questão em aberto para a Unipaz”.    

Coerência e integridade, um desafio  

Essa proposta se relaciona com muitas coisas, inclusive com o enfoque de Jean-Yves na abertura do seu livro Introdução aos `Verdadeiros Filósofos'. Ali, Jean-Yves reflete sobre a coerência e a integridade como lições presentes na relação entre a filosofia clássica e o berço do  cristianismo.  E a coerência e a integridade são coisas que têm absolutamente tudo a ver com a holopráxis.

No primeiro parágrafo da sua obra, Jean-Yves escreve palavras que parecem destacar a importância de uma proposta como a que estamos formulando. Ele afirma:           

“Nos primeiros séculos da nossa era, a expressão `verdadeiro filósofo’ designa aquele que se opõe ao sofista – ou seja, aquele que fala bem, mas não age segundo o que diz. O verdadeiro filósofo não procede a especulações, mas transforma-se. Seu objetivo não é ter razão ou mudar o mundo, mas transformar-se a si mesmo; e, por essa transformação, encontrar acesso para outro modo de consciência que lhe permita encarar o mundo de uma forma  diferente, além de colaborar de um modo mais adequado para o seu futuro. É evidente que Buda, Cristo e os grandes sábios do Oriente possuíam tal visão da filosofia; trata-se de agirmos em conformidade com o que dizemos, falarmos em conformidade com o que pensamos e pensarmos em conformidade com o que somos. A distância entre o fazer e o dizer, entre o dizer e o pensamento, é fonte de mal-estar e infelicidade para si mesmo e para o mundo; neste caso, a obra própria do filósofo consiste em diminuir tal distância”.  

            E isso me faz lembrar de um velho trecho dos Upanixades hindus –  Aitareya Upanixade –  que pode funcionar como uma boa oração nos tempos modernos: 

“Que a minha palavra esteja em unidade com a minha mente.E que a minha mente esteja em unidade com a minha palavra. (…) Que eu possa falar a verdade divina. Que eu possa falar a verdade. Que a verdade me proteja. Que a verdade proteja meu Mestre. Om.” 

Brasília, 12 janeiro 2005.

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