Por Uma Rede de Holopráxis

A Importância dos Primeiros Passos  

Como dar forma concreta a uma Rede ou sistema de estímulos à holopráxis individual e coletiva?  

Eis aqui uma questão que não pode ser respondida apressadamente. É um assunto suficientemente importante para ser investigado sem demasiada pressa ou ansiedade. A resposta não poderá surgir de uma só pessoa. Provavelmente emergirá como um processo, uma holopráxis contínua, multidimensional.  É esse o meu convite: o começo de uma investigação aberta ao novo, aberta ao criativo, embora responsável, profunda e fiel aos princípios básicos da Unipaz. 

Exatamente pelo fato de que não é possível ter uma resposta única e rígida à necessidade de autotreinamento ou holopráxis por parte dos que fazem a Unipaz, essa questão não deve ser tratada de modo apressado ou unilateral. É melhor, penso, criar vários fatos breves, ou concisos, nitidamente delimitados, em várias diferentes dimensões e, aos poucos, ir criando uma constante, uma resultante, uma maré montante de autotransformação.  

            Algumas possibilidades práticas: 

*Como um dos primeiros passos, podemos organizar a qualquer momento e em qualquer local reuniões sobre um tema formulado aproximadamente da seguinte maneira: “Estimulando a vivência da luz: como desenvolver um sistema de holopráxis na rede Unipaz”.  Algo assim. E deixar que venham apenas aquelas pessoas que reconhecem, já de início,  a importância do tema.

*Meditações silenciosas, durante cinco ou dez minutos, ao abrir e fechar das reuniões de trabalho em qualquer instância da Unipaz de que participemos.

*Reuniões específicas das instâncias de que participamos para estudar, debater meditativamente e meditar sobre o caminho iniciático, o caminho espiritual, o caminho do autoconhecimento. 

*Organizar uma Formação (com três, cinco, sete ou dez seminários) sobre um tema como autoconhecimento,  holopráxis e autotransformação. Essa Formação serviria como uma experiência-piloto no sentido de uma “escola interna”, de um “esquema de autotreinamento”, um sistema de aprendizagem em que as pessoas terão alguns buscadores mais antigos a quem referir suas dúvidas e experiências.  Essa Formação teria caráter transdisciplinar e trans-religioso: o melhor de cada tradição, religião, filosofia e ciência, seria equanimemente usado de modo transparente e respeitoso para com as fontes. 

*Organizar um curso de ensino à distância (EAD), pela Internet, sobre Holopráxis: Aprendendo a Aprender ou como quisermos chamar esse enfoque. Esse curso, em grande parte realizado à distância, pode começar com um seminário no plano físico, e talvez concluir com outro seminário físico. Ou pode ser uma combinação mais equilibrada de seminários com trabalhos na Internet. 

*Os aprendizes leriam, avaliariam e relacionariam com suas vidas  não só as obras de Jean-Yves Leloup, de Pierre Weil, os livros de Roberto Crema.  Estudariam e discutiriam gente antiga e moderna, como São João da Cruz, São Francisco de Assis, Santa Teresa D'Ávila, Confúcio, Lao-tzu, Hermes Trismegisto, Pitágoras , Epicteto, Sêneca, Musônio Rufo, Porfírio, Platão, Xenofonte, Epicuro, Marco Aurélio, Plutarco, Swami Vivekananda, Paramahansa Yogananda, Paul Brunton, Ramana Maharshi, Lao-Tzu, John Blofeld (excelente autor taoísta), Eva Wong (grande escritora taoísta clássica), Confúcio, Thomas Cleary (autor e compilador do taoísmo filosófico), Patañjali (Ioga Sutras, Raja Ioga), Anthony de Mello, Mohandas Gandhi, Paulo Freire, Jalaludin Rumí, outros autores sufistas, Sigmund Freud, C.G. Jung, Erich Fromm, Graf Dürckheim, H. P. Blavatsky, Madre Teresa de Calcutá, Carlos Castaneda, Albert Einstein, Stephen Hawking, Rupert Sheldrake, David Bohm, Fritjof Capra e muitos outros.  É claro que essa lista, de um lado, deixa de mencionar  nomes  importantes (o objetivo aqui é ilustrar possibilidades e não esgotar o tema). De outro lado, terão que ser definidos com cuidado e com critérios claros os textos, as obras ou trechos de cada pensador.

*Ao mesmo tempo estimularíamos esquemas de “buffet” de holopráxis diária, com livre escolha por parte dos aprendizes, com curtos relatórios mensais, bimestrais ou trimestrais ao facilitador. Eles escolheriam elementos de holopráxis diária a partir de uma lista. O buffet incluiria elementos como:

– meditação diária de 10, de 20, de 30 ou mais minutos;

– tai-chi-chuan ou hatha ioga;

– mantras;

– leitura meditativa;

– estudo da bibliografia recomendada;

– auto-observação;

– prática de estudo e debate em grupo (ao vivo ou online) da bibliografia recomendada;

– prática de meditação em grupo;

– manutenção de um diário de anotações sobre seu aprendizado, suas práticas e sua auto-observação (prática que deveria ser meio central no seminário),

– caminhadas meditativas;

– oração;

– abstenção de alimentação carnívora;

– abstenção de carnes vermelhas;

– jejum;

– abstenção de bebidas alcoólicas;

– abstenção de paixões ou sentimentos desordenados (na terminologia de SJ da Cruz);

– prática de serviço altruísta (trabalho comunitário, trabalho pela Unipaz, etc., com observação e purificação constantes das suas próprias motivações);

– prática do silêncio interior;

– prática da presença divina;  etc.   

Esses esquemas livremente definidos de prática diária poderão  dar lugar a trabalhos escritos ou testemunhos que correspondam, de certo modo, no âmbito da rede de holopráxis, aos trabalhos escritos de anamnese, ou textos-testemunhos, dos candidatos ao CIT. Com a diferença de que seriam regulares e não feitos uma só vez.  

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