Por Uma Rede de Holopráxis

Posição de Roberto Crema

Uma versão inicial desse documento, datada de 05 de dezembro de 2.004, foi submetida a Roberto Crema, vice-reitor da Unipaz e coordenador-geral do Colégio Internacional dos Terapeutas no Brasil. Roberto aprovou a idéia sem reservas, em suas linhas gerais. Levou o tema às reuniões da Reitoria da Unipaz no DF e defendeu a proposta. Em um e-mail de 08 de dezembro de 2004, escreveu: “Na minha escuta, esse projeto é muito premente, prioritário mesmo. É desse espaço iniciático, de cultivo da Presença, que surgirá uma autêntica Prática Fundamental”. Pedi a Roberto que escrevesse mais algumas linhas a respeito. O que ele colocou no papel  merece ser incluído na íntegra nessa segunda versão do Projeto de Holopráxis:  

“Para fazer frente ao desafio da transdisciplinariedade, necessitamos desenvolver uma pedagogia iniciática que, através de caminhos do despertar interior, possa facilitar o desvelamento do Ser, a dimensão do Sujeito. Trata-se de uma via sintética, de investigação da interioridade humana. Ela complementa o caminho analítico, destinado ao estudo do universo exterior. Através do processo analítico, refletimos criticamente e acumulamos conhecimentos e metodologias. Através do processo sintético, nos esvaziamos do passado, do conhecido, abrindo-nos à graça do Instante. Estas são as duas asas que possibilitam o vôo necessário rumo à consciência da Inteireza. Para aprender a Ser, necessitamos exercitar, no cotidiano, a holopráxis: caminhos autênticos de desenvolvimento da inteligência noética , simbólica e contemplativa, advindas das tradições milenares de sabedoria”. 

As inevitáveis resistências a algo que parece novo. Haveria, no entanto, uma dose extraordinariamente grande de ingenuidade da nossa parte se pensássemos que uma tal idéia não gerará resistências, no mínimo inconscientes, em todos nós. As resistências a mudanças são um aspecto importante da vida nos níveis inferiores ou básicos  de consciência. Cumprem um papel saudável, quando não são exageradas e quando não impedem um exame crítico e lúcido das situações. Na tradição hindu, temos um trio de conceitos fundamentais. Os três gunas da realidade, os três grandes componentes de todos os processos vibratórios existentes na natureza são tamas (inércia, estabilidade, rotina, resistência à mudança), rajas (movimento, paixão, entusiasmo, mudança pela mudança), e satwa (ritmo, harmonia, equilíbrio, sabedoria).

É necessário desenvolver sabedoria (satwa) para equilibrar a estabilidade e a mudança. É necessário ter impulso e movimento (rajas) para superar a inércia, a rotina, o fatalismo e a acomodação. E é necessário  utilizar corretamente a energia de  tamas, a estabilidade, para evitar entusiasmos de um dia, mudanças súbitas e superficiais, e incoerência a todos os níveis. A criação de uma rede ou sistema de Holopráxis não necessita ser súbita, pois. Ela deve nascer a partir de uma compreensão correta da sua necessidade. O exemplo deve vir antes do discurso, e os fatos antes da institucionalização. A idéia central é que é necessário produzir paz interior para poder distribuir e ensinar paz a todos os níveis. E também para suportar e vencer os desafios decorrentes da própria ação da Unipaz, que ousa desafiar o hábito do conflito cego e instintivo e outros padrões arraigados de ignorância (coletiva e individual).  

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