Por Uma Rede de Holopráxis

Um  Buffett de Alimentos Espirituais:

Autoconhecimento, Autodisciplina, Autonomia

A imposição coletiva de uma visão única sobre a viagem espiritual, com um esquema referencial uniforme estabelecido de cima para baixo, tem causado profundos desajustes psicológicos em milhões de pessoas há milhares de anos. A necessidade de parecer altruísta para ser aceito e ter prestígio no interior de um movimento religioso ou espiritualista é uma grande armadilha e provoca enorme quantidade de auto-violência subconsciente e conflitos de toda ordem, que freqüentemente terminam em hipocrisia. Por isso há pessoas que alimentam profundos rancores interpessoais e lutas de poder disfarçadas, dentro de organizações que descrevem a si mesmas como sendo profundamente sublimes e inspiradas pelo mundo divino. 

Se preferirmos uma caminhada realista e eficaz, devemos oferecer às pessoas o caminho difícil do autoconhecimento e não a falsa segurança fácil de uma crença cega.  Enquanto caminha, o peregrino deve encontrar opções abertas. Ele deve escolher livremente entre modos e ritmos que irão levar a diversos graus de altruísmo crescente, como parte e como instrumento do seu verdadeiro autoconhecimento.  Mas o que é o verdadeiro autoconhecimento?  Apenas o conhecimento que o eu inferior obtém acerca do seu próprio eu superior ou alma imortal. 

Entre as opções abertas para o peregrino deve estar a possibilidade de deixar para mais tarde o altruísmo intenso (que é desafiador) e avançar, em vez disso, por um caminho preparatório de auto-afirmação correta, respeitosa e eticamente equilibrada. Para muitos, provavelmente para a maior parte das pessoas, o próximo passo evolutivo consiste em ganhar a vida honestamente, desenvolver relações humanas corretas, e refugiar-se na sabedoria eterna nos momentos críticos da vida.

Isso não é pouca coisa. Essas pessoas, ao invés de amofinar-se tentando neuroticamente alcançar a santidade pelo caminho da renúncia, ou pelo menos representar esse papel para que os outros o vejam, serão mais felizes e irradiarão mais felicidade à sua volta se seguirem o seu dharma autêntico, sem grandes complicações filosóficas e espirituais.  Há um tempo para tudo. Ninguém atropela impunemente sua própria evolução natural, tentando adequar-se à força a um ideal estabelecido por propaganda ou ideologia religiosa. O importante é encontrar areté, a virtude intrínseca, o dharma da sua etapa atual. E então segui-lo com respeito sincero pelos outros seres.

A virtude externa, imitada, ideológica, obrigatória, que resulta da propaganda e da pressão de um grupo social ou autoridade, apenas causa grande ilusão. Sem autonomia não há autenticidade. E sem autenticidade não há mais que fantasias, no dia de hoje, e decepções, no dia de amanhã. Quando levamos isso em conta, caminhar juntos e trocar experiências produz cada vez mais estímulos, apoio,  ajuda mútua e calor humano.                                                            

                       (Anexado em 22 de janeiro de 2005)

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