Isto é uma versão revisada de um artigo adaptado por Harris Dienstfrey de uma palestra proferida no Simpósio sobre Consciência e Sobrevivência, patrocinado pelo Instituto de Ciências Noéticas em 25-26 de Outubro, 1985; reimpresso com permissão do Advances, Volume 3, Número 3, Verão 1986, Instituto para o avanço da saúde. Pert participou do painel de onze acadêmicos e cientistas que aplicaram os insights dos resultados de suas pesquisas sobre as relações mente/corpo à questão: A consciência individual sobrevive à morte física?
Nota do editor: Neuropeptídeos são substâncias químicas produzidas e liberadas pelas células cerebrais e determinadas outras células. Pesquisa recente indica que esses neuropeptídeos podem fornecer a chave para um entendimento da química da emoção do corpo. Aparentemente servem como uma recém-descoberta forma de comunicação interna do corpo. Essa é a conclusão da bioquímica Dra. Candace Pert, que descreve a pesquisa que a levou a este ‘insight’ no artigo anexo. Ela também explora as implicações de longo alcance desse novo ‘link’ informacional.
Pert esteve entre os primeiros pesquisadores que demonstraram que drogas opiáticas como a morfina e a heroina se agregam às células ou ‘sites receptores’ no cérebro. Essa descoberta, juntamente com a descoberta de que o corpo produz suas próprias químicas do tipo opiato que se agregam aos mesmos sites receptores, abriu toda uma nova abordagem à investigação do papel da química cerebral e das emoções humanas.
A relação entre os neuropeptídeos e seus sites receptores específicos se assemelha ao da ‘chave com o trinco’. Os neuropeptídeos flutuam através de, praticamente todos os fluidos do corpo e são atraídos apenas a receptores específicos porque de fato, se encaixam em trincos específicos. Isto estabelece um sistema de informações no qual os neuropeptídeos ‘falam’ e os receptores ‘ouvem’. Pert acredita que esse sistema de comunicação é fundamental à bioquímica da emoção. “Quando documentarmos o papel primordial que as emoções, expressas através das moléculas de neuropeptídios, desempenham em afetar o corpo, se tornará claro que as emoções podem ser a chave ao entendimento da doença” diz Pert.
Irei descrever uma variedade de descobertas fascinantes, na maioria recentes, sobre as substâncias químicas no corpo denominadas neuropeptídeos. Baseada nessas descobertas, vou concluir que os neuropeptídeos e seus receptores formam uma rede de informações dentro do corpo. Talvez essa sugestão pareça relativamente inócua, mas suas implicações são de longo alcance.
Eu acredito que os neuropeptídeos e seus receptores são uma chave para entender como a mente e o corpo estão interconectados e como as emoções podem ser manifestadas em todo o corpo. De fato, quanto mais aprendemos sobre os neuropeptídeos, mais difícil se torna pensar nos termos tradicionais sobre a mente e o corpo. Faz cada vez mais sentido falar de uma entidade única, integrada, um ‘corpo-mente’.
A maior parte do que descreverei são descobertas laboratoriais, ‘hard science’(ciências não convencionais). Mas é importante lembrar que o estudo científico da psicologia tradicionalmente foca em aprendizado e cognição animal. Isto significa que se olharmos o índice de livros recentes sobre psicologia, dificilmente encontraremos uma categoria para ‘conciência’, ‘mente’ ou até mesmo ‘emoções’. Esses tópicos basicamente não estão na esfera da psicologia experimental tradicional, que estuda primordialmente o comportamento porque é algo visível e mensurável.