Sa?to?a
Normalmente traduzido como contentamento, modéstia ou auto-suficiência, sa?to?a é sempre ver o lado positivo das coisas que nos afligem, não ter metas impossíveis e sempre estar satisfeito com nossas realizações. Mas não devemos confundir sa?to?a com conformismo. Sa?to?a ensina ao buscador a passar a ver o sofrimento (kle?a) para além da dualidade. Visa capacitá-lo a cultivar a arte de extrair contentamento de todas as situações, diminuindo o surgimento de modificações mentais (citta-v?ttis) e, assim, provendo a semente e o solo aonde um dia florescerá a perfeita equanimidade (upek?? no Yoga ou titik?? no Ved?nta), imprescindível para se atingir o estágio de Yoga YS I-2.
A equanimidade é uma virtude que surge em três estágios, com a prática de três niyamas: sa?to?a ensina a ver o ‘bom’ dentro do ‘ruim’, tapas ensina a saber suportar o ‘ruim’ e sv?dhy?ya faz surgir a verdadeira equanimidade que nasce do discernimento (‘não vejo nada bom nem ruim’). Essa busca pela equanimidade (upek?? m?rga) é o caminho da integração de todas as dualidades na unidade. É perceber sempre o todo (holos) através das dualidades e pluralidades surgidas através da mágica de M?y?.
Assim, quanto mais perfeito em sa?to?a o buscador se torna, mais ele gera correntes magnéticas sutis de satisfação bom humor e alegria ao seu redor. Em outras palavras, estando firmemente estabelecido em sa?to?a, surge uma felicidade insuperável, mantida pela Energia Una YS II:42.
Esse bom humor inclui fazer ‘piadinhas’ de tudo, rindo-se, em geral, das brigas, dos pequenos problemas do dia-a-dia e, até mesmo, dos tempos difíceis, procurando levar a vida de uma forma mais leve. Para a psicossomática, essas pessoas têm uma personalidade tipo B (‘sáttvica’), e são, geralmente, mais saudáveis e capazes de sair de situações de estresse com maior facilidade, diferentemente daquelas extremamente ativas (personalidade tipo A) e daquelas insatisfeitas e introspectivas, que escondem rancores subconscientes (personalidade tipo C).
A observância de sa?to?a não deve induzir à acomodação e à indulgência, daqueles que usam o pretexto do contentamento para não se aperfeiçoar, pois toda forma de auto-indulgência pode embutir em si mesma a expressão de nossas tendências à inércia e à preguiça (tamas). O poder velador de tamas pode fazer surgir a indiferença no lugar da equanimidade, fazendo-nos permanecer repetindo as mesmas situações, os mesmos hábitos, indefinidamente.
Também não deve induzir à passividade ou à resignação, pois toda resignação pode embutir em seu íntimo um ressentimento que é causa de insatisfatoriedade e dor (kle?a). Contentamento é conseguir ver as coisas da forma como elas realmente são, pois somente então teremos um reto ponto de partida, uma base correta para as nossas ações (karmas).
Aqui há uma grande cilada. A insatisfação é uma das grandes máscaras por onde avidy? se manifesta, causando muito complexos psicológicos indesejáveis. Nenhum caminho espiritual é possível se houverem bloqueios energéticos psicológicos, e, por isso, é imprescindível que a insatisfação (consciente ou subconsciente) seja removida.
De fato, normalmente nossas reações, em todas as situações, perturbam-nos a paz mental e impedem a nossa busca, pois geram distrações (vik?epa) que aprisionam nossa mente no mundo externo (par??gacetan?) e a equanimidade é essencial para que voltemos nossa mente para o centro de nosso ser (pratyakcetan?) YS I-29, onde reside oculto o supremo mistério de nosso Eu. Reagir difere de agir, pois onde houver reações existiram hábitos, preconceitos e crenças comandando e impedindo a reta ação.