O Cristianismo

HISTÓRIA

O cristianismo organizou-se como Igreja (do grego ekklesía, comunidade), sob a autoridade dos apóstolos e dos seus sucessores, auxiliado pelos anciões (presbíteros, em grego), admitindo a presença de todos os samaritanos, judeus e pagãos. Nos três primeiros séculos, os cristãos sofrem grandes perseguições, primeiro das autoridades religiosas do judaísmo, com sua fuga à Antioquia, e depois, a partir do século I d.C., dos romanos. Durante o reinado dos imperadores Nero (54-68), Trajano (98-117), Marco Aurélio (161-180) e Deocleciano (284-304), milhares de cristãos são mortos por se recusarem a adorar os deuses do Império e a reconhecer a divindade do imperador.

No século II o termo católico (do grego kata – junto e holos – todos, universal) já era aplicado ao cristianismo por Santo Inácio de Antioquia (35-107), religioso sírio e terceiro bispo de Antioquia – suas cartas constituem importantes documentos sobre a igreja primitiva. Espalham-se pelas regiões do Mediterrâneo, inclusive Roma, e fundam várias comunidades e seitas. Esse cristianismo primitivo, com uma multiplicidade de interpretações acerca dos fatos da vida, gestos e ditos do Mestre Jesus, estava ameaçado de divisão em inúmeras facções. Ammianus Marcelinus, romano, tece o seguinte sobre esta situação: “Nem mesmo animais selvagens, sedentos de sangue, se lançariam uns contra os outros como muitos cristãos o fizeram contra seus irmãos na fé”. São Clemente de Alexandria (150-215), em sua obra Stromata, comenta a situação como um real obstáculo à difusão da fé. Celso, oponente do cristianismo, observa que cada seita queria ter supremacia sobre a outra. Em 187 Irineu (130-203) conta 20 seitas e em 384 Epifânio (315-402) conta 80.

Como seita, os essênios já foram descritos. Havia a seita gnóstica cristã, que, esotérica, via o Cristo de uma forma diferente, chamando-O de Ophis, ou símbolo da Sabedoria divina manifestada na matéria, que descera pelos sete céus até fundir-se com Jesus no momento de seu batismo. Teve grande influência nos primórdios do cristianismo e seu grande expoente foi Valentim, que quase se elegeu Papa. Com sua derrota inúmeros textos gnósticos foram destruídos, quase desaparecendo para sempre. Alguns deles foram recuperados em Nag Hammadi, Egito, escritos em copta. Havia também os ebionitas, que acreditavam que Jesus, filho natural de José e Maria, fora adotado por Deus quando do seu batismo, negando a sua divindade. Já os docetas negavam a existência de Jesus encarnado, e sim que esse seria apenas um espírito, compatível com a doutrina “Tulku” oriental (vide no volume 2). E muitos outros havia.

Uma tradição oral profusa, aos poucos foi sendo escrita em muitos manuscritos, obras confusas que paulatinamente foram sendo mais elaboradas, ao mesmo tempo em que sofriam censuras, manipulações e deformações pelas diferentes seitas existentes então. Entre 138 e 161, Justino escrevera sobre a vida de Jesus, citando como única fonte uma obra dos apóstolos denominada de “Memórias dos Apóstolos”. Eusébio de Cesaréia (265-340), religioso palestino, exegeta e polemista que buscou conciliar a heresia ariana e a teologia oficial da igreja cristã, em sua História Eclesiástica, diz que por volta de 140, Papias de Hierápolis, um seguidor, tentou reunir todos os escritos existentes em um só, mas falhou devido à resistência das diversas comunidades. Só no fim do século II foi que Irineu (130-203), mais do que propriamente teólogo, um homem da tradição, apontou os quatro evangelhos canônicos, sob a ameaça da ira divina. Eles são excertos da vida e obra de Jesus, os chamados Sinóticos.

Para as decisões importantes, principalmente em assuntos doutrinários (avaliar as chamadas heresias, descritas adiante), reuniam-se em assembléias chamadas de Concílios (vide adiante). O primeiro deles é descrito em At 15:1-28, chamado Concílio de Jerusalém.

O cânon cristão da Igreja católica se fixou paulatinamente, sob a influência de Tertuliano (155-220), no princípio, culminando por conter todos os livros da Vulgata Latina de São Jerônimo (347-420). Em sua História Eclesiástica (III, 25), Eusébio de Cesaréia (265-340) anotava que em seu tempo não eram universalmente reconhecidos no Oriente, por isso também chamados dêutero-canônicos, os seguintes livros: as Epístolas de Tiago, de Judas, segunda de Pedro, duas de João, e ainda de Paulo aos Hebreus e o Apocalipse.

No Concílio de Nicéia deu-se a separação dos evangelhos em Canônicos e Apócrifos. Não sem muita polêmica, o cânon da Igreja católica se definiu no Concílio local de Cartago, em 397. Ganhou caráter definitivamente claro em 1.546, por definição do Concílio de Trento, ao estabelecer como “sacros e canônicos” todos os livros da Vulgata Latina.

Desta forma, a Bíblia cristã ficou composta pelo Antigo Testamento e pelo Novo Testamento. Este é formado pelos quatro Evangelhos com relatos sobre a vida, mensagem e milagres de Jesus, escritos entre os anos de 70 e 100 e atribuídos aos discípulos Mateus, Marcos, Lucas e João, o livro dos Atos dos apóstolos (enviados, em grego), as cartas atribuídas a Paulo e a outros discípulos, e o Apocalipse, que contém visões proféticas sobre o fim dos tempos, o julgamento final e a volta de Jesus. Incluíram, como livros do Antigo Testamento, obras piedosas, algumas escritas em grego por judeus helênicos, geralmente de Alexandria, a saber os assim chamados dêutero-canônicos: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, 1 e 2 Macabeus, e partes de Daniel e Ester.

Os gnósticos gregos, herdeiros dos Mistérios de Elêusis, foram acusados de práticas infames por Irineu (130-203, quase todos os seus textos conhecidos versam sobre o conflito com os gnósticos. Sua principal obra é um conjunto de cinco livros escritos em grego por volta de 180 e reunidos, na tradução latina, sob o título de Adversus haereses – Contra a heresia) e Orígenes (185-254), as seitas judaicas foram condenadas através do ensinamento de que os judeus foram os vilões do Mistério da Paixão, resultando na derrota e dispersão finais dos judeus pelos quatro cantos do Império, e os cabeças das seitas cristãs independentes foram aprisionados, seus templos interditados e congregações inteiras foram sacrificadas nas arenas das províncias de Roma e Alexandria.

Com o aumento progressivo dos cristãos, a despeito da opressão romana, o imperador Constantino (312-337), por motivos predominantemente políticos, decidiu aceitar o cristianismo, decretando a liberdade religiosa, abolição do culto estatal e igualdade de direitos aos cristãos, através do Edito de Milão em 313. Se por um lado a religião romana era seguida apenas por uma minoria de patrícios, a quase totalidade da população do Império era cristão (pertencendo às várias seitas e congregações das províncias). O Império se estava desintegrando devido à discrepância entre a fé do povo e a dos patrícios. As investidas constantes das seitas guerreiras essênias e nazarenas da Palestina incitavam as províncias contra a autoridade de Roma. Então, resumindo, a única forma de Constantino conservar o Império seria elaborar uma versão Romana do Cristianismo. Então os bispos aconselhariam o povo a cooperar com ele e, em troca, Constantino ajudaria os bispos a destruir a influência de todas as outras seitas cristãs! E alguns cristãos aceitaram a oferta do anticristo: poder, prestígio político, armas, dinheiro e todos os “reinos do mundo”.

À época, o imperador Constantino presenteou ao Papa com o palácio do senador romano Pláutio Laterano, situado numa área do subúrbio de Roma chamada Vaticano (segundo um documento do século IX, intitulado “doação de Constantino”), local de martírio de inúmeros cristãos, inclusive Pedro apóstolo. Em 325 convocou o Concílio de Nicéia para unir as seitas numa só, mas apenas uma minoria de representantes apareceu, em sua maioria, provindos da parte oriental do império, de língua grega. Em 330 a capital do Império Romano mudou-se para Constantinopla, deixando o poder religioso, nas mãos do bispo de Roma, como o maior poder local, praticamente livre do poder imperial. A essa época os cristãos ficaram divididos numa comunidade grega, oriental, baseada em Constantinopla e uma latina, ocidental, com sede em Roma. Tornou-se a religião oficial do Império Romano em 391 d.C., suprimido o culto pagão romano.

Mas, com certeza, Jesus não pregou a conversão sob a ameaça de morte ou de castigo eterno (Mt 5:19), nunca aconselhou nem autorizou ninguém a ocupar importantes cargos divinos e, sobretudo, não pediu a Seus discípulos que escrevessem nem nunca escreveu seus ensinamentos.

Essa igreja reorganizou-se, baseada no Império Romano, em uma hierarquia de bispos (do grego, episkopos, supervisor). Chefiavam cinco patriarcados: Roma, Constantinopla, Jerusalém, Antioquia e Alexandria, que compartilhavam hierarquia e poder, sendo que Roma recebera a primazia de honra. Os bispos nomeavam anciões para dirigir as novas comunidades. Muito cedo surgem os grupos de servidores (diáconos, em grego) para a assistência aos pobres dessas comunidades. Aos poucos, a partir do século IV, se estrutura uma hierarquia: os responsáveis pelas comunidades são os bispos auxiliados pelos presbíteros (anciãos) e diáconos.

Inicialmente com pequeno poder político, ante as dez subdivisões do Império Romano, o cristianismo começou sua ascensão por volta de 538 com a queda dos Hérulos, dos Vândalos e dos Ostrogodos. Há quem diga que o título de Papa foi dado pela primeira vez ao Papa Calisto I (217-222), como se referindo ao Bispo de Roma. Um dos primeiros bispos a impor sua autoridade “papal”, como Pontífice Máximo (Pontifex Maximus), foi Leão I (440-461), deixando claro que ele detinha o poder espiritual em Roma, da mesma forma que o Imperador detinha o poder secular em Constantinopla. Em 607, o título de Papa, ou Bispo Universal, foi usado publicamente pela primeira vez e seu poder civil foi reconhecido oficialmente em 750. Chegaram ao cúmulo de coroar o “Imperador do Santo Império Romano”, Carlos Magno em 800 (Papa Leão III).

Quando a Igreja Romana começou a “catequização” das províncias, encontrou continuamente deuses locais. Aprendendo as peripécias lendárias de tais deuses, fabricava-se um “santo” com as mesmas proezas, e diziam aos ignorantes pagãos: “Esse seu deus não é mais que um demônio que tenta lhes desviar de Nosso Senhor Jesus Cristo, e para este fim imita as façanhas de nosso amado mártir Fulano. E se vocês não me acreditam, ouçam a história da vida de nosso santo mártir…” . Na sua obra “Vida de Constantino”, Eusébio de Cesaréia afirma: “Para tornar o cristianismo mais atraente aos gentios, os sacerdotes adotaram as vestimentas exteriores e os ornamentos utilizados no culto pagão”. Nos Anais do ano XXXVI, o Cardeal Baronius diz: “Foi permitido à Santa Igreja apropriar-se dos ritos e cerimônias utilizadas pelos pagãos no seu culto… pois ela os regeneraria pela sua consagração”. Até 1.172, os bispos podiam canonizar santos, a partir de então só ao Papa foi dada essa autoridade.

Desta forma, a Igreja Romana assimilou em sua liturgia um panteão inteiro de deuses pagãos que eram transformados em santos, santas e mártires imaginários (para alguns, os únicos mártires cristãos do início do cristianismo teriam sido os essênios e os gnósticos, a quem os cristãos romanos acusaram, caluniaram, e denunciaram aos imperadores: aqueles que adoravam o Cristo sob a forma de um asno (Príapus), os que adoravam o Cristo sob a forma de um peixe (Oannes), os que adoravam o Cristo sob seu nome de Baco ou Dionísio…). Assim, por exemplo, Perseu, que venceu o monstro marinho para libertar Andrômeda, foi identificado como São Jorge. Adotaram também o uso da estola, do incenso, da água benta, do título Supremo Pontífice usado pelo imperador (Pontifex Maximus) e, por fim, do latim como língua oficial.

Essa política chegou ao extremo no Ceilão, segundo Helena Blavatsky (1.831-1.891), que cita o Abade Dubois: “transportavam as imagens da Virgem e do Salvador sobre carros triunfais, imitados das orgias de Juggernaut, e introduziram os dançarinos dos ritos bramânicos no cerimonial” (Edinburgh Review, Londres, 1.852). Reunia-se na procissão: Nari (a Mãe) e Viraj (o Filho), no carro de Brahma.

Mas houve um deus pagão que os romanos não conseguiram absorver, porque suas peripécias eram por demais viris para serem atribuídas a um “santo romano”. Por outro lado, seus ritos eram tão vitais, tão universalmente populares nas províncias, devido às orgias, que era impossível esperar que o povo o esquecesse. Depois de seis séculos de dominação romano-cristã, ele ainda era conhecido e adorado: o deus Pã, o deus de chifres e de cascos de bode, filho de Hermes. Portanto, não podendo fazer dele um santo, fizeram dele o diabo e incorporaram as datas de seus festivais às festividades cristãs.

Ainda no século V, após o Concílio da Calcedônia (451), quando ficou estabelecido o caráter das “naturezas” de Jesus Cristo, uma humana e outra divina, o credo promulgado por esse Concílio foi rejeitado pelas comunidades monofisistas cristãs do Egito e da Etiópia, levando à criação da Igreja Cóptica e, pelos cristãos da Síria e Armênia, da Igreja Jacobita.

A partir de 635, a força do Islã arrasou Alexandria, Jerusalém e Antioquia, ameaçou Constantinopla e afetou Roma. No século VIII, as disputas entre as duas últimas pela primazia comprometiam a autoridade da Igreja, convivendo assim, até o século XI, no papado de Leão IX (1.049-1.054), duas grandes tradições no interior do cristianismo: a latina, no Império Romano do Ocidente, com sede em Roma, e a bizantina, no Império romano do Oriente, com sede em Constantinopla (antiga Bizâncio e atual Istambul).

A Igreja Romana do século IX passou a viver uma época de decadência, onde os papas mantinham uma corte secularizada, predominavam disputas políticas pelo controle do poder da Igreja (travado entre as famílias influentes, o imperador e o papado), o nepotismo e uma cultura expansionista, provavelmente como conseqüência da submissão ao anticristo, aceita à época de Constantino. Inicia-se uma época de invasões, destruição de culturas e mortes, talvez baseadas no deus conquistador do Antigo Testamento, na interpretação literal das passagens vistas em Lc 19:27 (“Quanto aos que me odeiam, e que não me quiseram por rei, trazei-o e massacrai-os na minha presença”) e em Mt 10:34 (“Não cuideis que vim trazer a paz à Terra; não vim trazer paz, mas espada”), ou na interpretação do corpo humano, citado em Lc 5:29s, como uma alusão da humanidade como o corpo da Igreja Católica: se parte da humanidade for motivo de escândalo para o todo, arranca-o e lança-o longe de ti….

Como esquecer de Paulo, autoritário, ousado, guerreiro, aniquilador e juiz (II Cor 10:1-11). Orgulhoso dizia ser a glória dos Coríntios (II Cor 1:14). Embora fosse louco e pouco eloqüente em comparação com outros apóstolos (II Cor 11:1-6), era extremamente forte (II Cor 11:24-29) e manipulador (II Cor 9:1-5, I Cor 9:20-23), agia com inteligência (II Cor 10:5, 1 Cor 9:20-23), indiscutível sabedoria (I Cor 2:6-8) e ciência (II Cor 11:6). Com isso despojou as outras igrejas (II Cor 11:8). Paulo ensinava a total submissão às autoridades e aos castigos merecidos, impostos por ela (Rm 13:1-7), gerando um clima geral de intolerância religiosa.

Talvez por isso a mentalidade da Igreja Católica. Ele agia daquela forma em nome de Cristo, para a divulgação de Cristo. Esqueceram-se dos mandamentos Dele (Mt 22:37ss, Mc 12:29ss e Lc 10:27) e de Seus preceitos quanto aos inimigos (Mt 5:44, Lc 6:27 e 6:35), e até do que o próprio Pai em pessoa ordenara no Antigo Testamento (Dt 5:17 e Lv 19:18).

A disputa entre as tradições latina e bizantina culminou com o cisma em 1.054, principalmente por controvérsias teológicas, entre elas a da doutrina da Santíssima Trindade e a questão do celibato clerical. Já em 876, um sínodo realizado em Constantinopla condenara o Papa por ter acrescentado a palavra filioque (e do Filho) ao credo de Nicéia, indicando que o Espírito Santo procedia tanto do Pai quanto do Filho. Esse cisma provocou a ruptura entre as igrejas do Oriente e do Ocidente, com o patriarca de Constantinopla Miguel Cerulário (1.000-1.059) e o Papa Leão IX (1.002-1.054) se excomungando mutuamente. O ato só foi anulado em 7 de dezembro de 1.965, com a abolição dos anátemas de 1.054. Em encontro entre o patriarca oriental Atenágoras I (1.886-1.972) e o Papa Paulo VI (1.897-1.978), no clima criado pelo Concílio Vaticano II, aquele salientou o tema da restauração do amor recíproco (Tómos Agápes: Vatican – Phanar, 1.958-1.970, Roma – Istambul).

Enquanto isso, a corte papal mais se parecia à corte do antigo império romano, quando de sua decadência. Iniciou a Santa Inquisição (1.184) e a venda de indulgências (1.190), entre outros abusos. O processo de decadência continuou e agravou-se a partir do século XIV. Os papas, esquecidos da doutrina, viam perder-se a autoridade pontifícia. O V Concílio de Latrão, já no século XVI, não foi capaz de instituir as reformas necessárias e no ano de seu encerramento, 1.517, Martinho Lutero proclama suas 95 teses. Surge, então, entre os católicos um movimento que reivindica a reaproximação da Igreja com o espírito do cristianismo primitivo.

Martinho Lutero (1.483-1.546), sacerdote do mosteiro dos eremitas agostinianos e teólogo, denuncia as deformações da vida eclesiástica publicando 95 teses que atacavam a doutrina da Igreja sobre as indulgências e outras matérias. Acusado de herege, é excomungado pelo Papa Leão X e banido por Carlos V, imperador da Alemanha, em 1.521. João Calvino em 1.523 ingressa na Universidade de Paris, estuda latim, filosofia e dialética. Forma-se em direito e, em 1.532, publica “Dois livros sobre a clemência ao imperador Nero”, obra que assinala sua adesão à Reforma. Em 1.535, já é considerado chefe do protestantismo francês. Em 1.526 a reforma inglesa, que começara com John Wycleff, produz um Novo Testamento em inglês, cuja tradução iniciada por William Tyndale, só foi concluída em 1.535, nas mãos de Miles Coverdale.

A urgência de mudanças se tornou então patente, até que Paulo III, convencido de que a unidade cristã dependia de uma reforma eficaz da Igreja, convocou o Concílio de Trento em 13 de dezembro de 1.545, que instaurou profundas reformas e teve a presidência de três papas, Paulo III, Paulo IV e Pio IV, até o seu encerramento em 1.563. Até o final do século XVI, muitos dos abusos que haviam motivado a Reforma protestante tinham desaparecido e a Igreja Católica recuperara muitos seguidores na Europa, mas não conseguiu superar o cisma protestante.

Apesar das reformas do Concílio, os abusos da Inquisição perduraram por quase três séculos mais. A tortura inquisitorial só foi abolida em 1.816, sendo a última condenação à morte realizada no final do século XVIII, na Itália.

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