O Hinduísmo

O segundo aspecto do Verbo, Vishnu, desce à Terra sempre que o mal ameaça superar o bem, com o fito de restaurar o Dharma (a Lei) e a Retidão, que correspondem à Ordem Cósmica (Bhagavad Gita 4:7-8). É uma aproximação divina, são os Filhos de um mesmo Pai, com o qual são plenamente identificados. Sua missão é a de direcionar a consciência humana ao “Eu interior”, desviando-a do mundo exterior, a fim de que multidões dêem um exemplo de vida inundada de amor modelada Neles.

Diz-se, sobre as aproximações divinas à Terra, que a primeira grande aproximação foi a do próprio Logos Solar – Purashavatar, a segunda foi a dos quatro Kumaras Kaumaravatar (vide adiante na parte II, quando falarmos do Logos Solar e sobre a terceira Raça) e em seguida todas as mencionadas nos Vedas. Essas últimas descidas constituem a doutrina dos 12 Avatares de Vishnu, “descidas totais de Deus”, dos quais 11 já teriam descido (Matsya, Kurma, Varaha, Narasimha, Vamana, Parashurama, Rama, Krishna, Gautama Buddha, Shirdi Saï Baba e Sathya Saï Baba). Rama, Krishna e Sidarta Gautama, o Buda, foram seus maiores Avatares. As três últimas encarnações compõem o mistério da encarnação tripla do mesmo Avatar em três manifestações diferentes: Shirdi, Sathya e Prema. Em outras épocas menos negras, “descidas parciais de Deus” (40-60%) ocorrem, principalmente para corrigir doutrinas existentes ou fundar novas. Diz Sathya Saï Baba que teriam fundado o judaísmo, o masdeísmo, o jainismo, o cristianismo, o islamismo, etc..

Segundo o Vishnu Purana (que narra os dados históricos da vida de Krishna), Krishna, como encarnação da Segunda Pessoa da Trindade, nasceu de uma virgem, chamada Devaki (ou Devanaki), entre 5 e 6 mil anos atrás. O Atharvaveda narra a anunciação assim: “Bendita és tu, Devanaki, entre todas as mulheres, e bem-vinda sejas entre os sagrados rishis. Foste escolhida para a obra da salvação… Ele virá com uma coroa de luz e o céu e a Terra se encherão de júbilo… Virgem e mãe, nós te saudamos, como a mãe de todos nós, pois dará a luz ao nosso salvador, a quem darás o nome de Krishna”.

Seu irmão, o tirano Kansa, rei de Mathura, influenciado por sua mulher Nysumba, queria ter um filho que se tornasse o “dominador do mundo” e descobre que essa criança nasceria do ventre de sua irmã, que então procura assassinar. Devaki refugia-se então entre os anacoretas (ascetas que viviam nas florestas, herdeiros dos rishis). Em seus passeios nos bosques visitavam-na freqüentemente visões estranhas, até que um dia caiu em êxtase, ofuscada pelo espírito divino. Dessa união ela concebeu seu filho e grávida de sete meses foge do seu tio, e de sua mulher, que ordenaram o massacre de milhares de infantes, em perseguição àquela criança, a qual, segundo uma profecia, seria mais poderosa que o próprio rei. Refugiou-se então no convívio dos pastores do Monte Meru, onde deu à luz Krishna.

Vivem 15 anos com os pastores até que Devaki desaparece sem dizer adeus e Krishna sai de casa em busca de sua mãe. Encontra, numa visão, Vasishta, o chefe dos anacoretas, que lhe abençoa e profetiza o seu destino: “Tu degolarás o Touro e esmagarás a cabeça da Serpente”. Cresce em força e sabedoria, até que, quando presencia a morte do Santo Vasishta, ilumina-se e descobre-se como o Filho, “a alma divina de todos os seres, a Palavra de vida, o Verbo Criador”. Sai a divulgar sua doutrina e de toda parte vinha gente para ouvi-lo e testemunhar seus milagres. Sua fama desagradava os brâmanes e os príncipes, pois Ele os condenava a corrupção: “Homens sem sabedoria, deliciam-se na análise da simples letra do Vedas… louvando excessivamente complicados rituais e cerimônias multiformes, com o fim de obterem poder e prazer…Todos os que visam ao poder e ao prazer… perderam o caminho reto do seu destino…” (Bhagavad Gita 2:42-44).

Ensinava por aforismos e parábolas querendo reformar a religião hindu. Ensinou que o corpo é apenas o templo do Espírito, esse sim imortal (Bhagavad Gita 2:18-21), e exigia o amor ao próximo, dignidade, prática de boas ações e amor incondicional à Divindade. Consolou os fracos, viveu na pobreza dedicando-se aos pobres e oprimidos e exortou a se pagar o mal com o bem e a amar aos inimigos.

Eis que, então, Krishna chega triunfante, seguido por seus discípulos, grande número de anacoretas e uma multidão de pessoas, ao reino de Mathura. Destrona o rei e sua mulher, sendo executado tempos depois pelos antigos soldados do rei deposto, em meio à fúria dos elementos. Sua última palavra foi Mahadeva! (Deus!). Em sua cremação viu-se a sua ascensão, num novo corpo de glória, aos céus.

Trouxe à Índia o culto de adoração à Segunda Pessoa da Trindade, dando ao bramanismo sua virtude e prestígio e sendo adorado como um Deus e reconhecido como o Redentor.

 

“Aquele que em tudo que faz visa somente e inteiramente a Mim (Krishna), livre de apego e hostilidade, para ser algum da natureza – só esse se une a Mim totalmente”.

Bhagavad Gita 11:55

 

 “Eu sou o Caminho, a Meta e o Preservador, Eu sou o Juiz e a Testemunha, a Casa, a Vivenda, o Refúgio, o Amigo; Eu sou o Princípio e o Fim…”

Bhagavad Gita 9:18

 

 

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