Macrobiótica

Suas origens se encontram nas antigas artes curativas dos povos orientais, cuja filosofia macrobiótica (longa vida) já era conhecida à época de Hipócrates, o pai da medicina ocidental. George Ohsawa (1.893-1.966), filósofo e escritor, publicou em 1.965 o livro “Zen Macrobiotics”, iniciando um movimento que se tornou um estilo de vida, caracterizado por uma dieta especial que visa a equilibrar o Yin e o Yang. Combinou as tradições macrobióticas ocidentais com a tradicional medicina oriental.

 

O mais recente desenvolvimento dessa idéia principal foi dado pelo Professor Michio Kushi, que popularizou esse movimento no mundo ocidental. A macrobiótica baseia-se na visão de que o ser humano é o resultado do ambiente em que ele vive: seus alimentos, a sua vida social, o clima e a geografia do local em que ele habita, etc.. Assim, a macrobiótica se baseia nos estudos e no entendimento das relações e interações entre os seres humanos, os alimentos, o tipo de vida e o ambiente. Fundamentada na filosofia do Princípio Único e na Ordem do Universo, a macrobiótica é um sistema alimentar cuja base é o consumo de cereais integrais (o arroz, o trigo, o centeio, a aveia, o milho, etc.), legumes e frutas frescas, que sejam equilibrados em Yin e Yang.

De acordo com certas características de um alimento, como tamanho, cor, sabor e outras, pode-se classificá-lo como mais Yin ou mais Yang. Assim, a maçã e a melancia, por exemplo, frutas consideradas mais próximas do equilíbrio, são diferentes entre si: a primeira é classificada como mais Yang que a segunda, por ser menor e conter menos água (elemento Yin). De qualquer forma, as frutas, quando comparadas aos cereais, são mais Yin em seu conjunto, assim como as carnes em seu conjunto são mais Yang que os cereais ou as frutas.

Condenam o uso do açúcar refinado, do leite bovino e de qualquer proteína de fonte animal, além de condenarem o uso de utensílios domésticos feitos de alumínio. Recomendam o uso do sal e do óleo de forma equilibrada, no preparo dos alimentos, e a ingestão mínima de água e dos alimentos. Como tratamento de saúde, para acelerar os resultados da cura, a ingestão de líquidos visa a urinar somente 2 a 3 vezes por dia, as mulheres, ou 3 a 4 vezes por dia, os homens. Na hora das refeições, recomendam mastigar cada porção de comida pelo menos 50 vezes. Para atingir um padrão mais elevado de saúde recomendam mastigar de 100 a 150 vezes e, em casos de enfermidade grave, até 300 vezes ou mais.

Com a difusão da macrobiótica pelo Ocidente, muitos alimentos usados pelos povos antigos foram reintegrados à nossa cultura. Os mais importantes são provenientes da culinária tradicional japonesa, como a abóbora-moranga, o açúcar mascavo (açúcar natural não industrializado), as algas marinhas (ricas em minerais como o iodo, cloreto de sódio, cobre, ferro e zinco), a ameixa salgada (umeboshi), o arroz integral (a base da alimentação macrobiótica), a aveia, o ban-chá (usado como digestivo após as refeições e como antiinflamatório para o aparelho digestivo), a bardana (raiz utilizada também como remédio), a cevada, o chá de arroz integral, a fécula de araruta (serve para dar consistência a pudins, gelatinas, minguas e cremes e um grande remédio contra gripe e infecções da garganta), o feijão azuki e o de soja, o gengibre, o gersal (condimento feito de sementes de gergelim torradas e moídas com sal marinho), o ginseng (raiz medicinal), o missô e o shoyu (molhos à base de soja), o nabo branco comprido, o óleo e a manteiga de gergelim (tahine), e o trigo integral e o sarraceno.

As algas marinhas possuem várias propriedades alimentícias e medicinais. São indicadas principalmente para a obesidade provocada pela retenção de líquidos, no tratamento de anemia e na recuperação de pacientes portadores de leucemia, podendo ser ingeridas cruas, cozidas ou fritas, adicionadas a pães, bolos, tortas, cereais cozidos, em forma de pasta ou no chá tradicional.

 A bardana é muito utilizada pelos macrobióticos como alimento e como remédio. Não é preciso descascá-la para cozinhar. Seu chá, feito com 300 gramas de folha para 1 litro de água, é bastante indicado no tratamento das cólicas hepáticas, enfermidades cardíacas, furúnculos, bronquite, cálculo renal, cálculo biliar e afecções da bexiga, além de funcionar como antídoto para o envenenamento por mercúrio metálico e combater os efeitos de agentes poluentes, como o dióxido de enxofre e o monóxido de carbono. A cataplasma da raiz é útil nas contusões, no reumatismo, artrite, micoses, herpes e queda dos cabelos.

O feijão de soja constitui um dos alimentos mais ricos em proteínas. Meio quilo de grãos equivale a um quilo de carne, 30 ovos ou seis litros de leite. Sua proteína é a única que combina 10 aminoácidos essenciais, portanto é capaz de estimular o crescimento e a energia no mesmo nível que a proteína animal. A soja também é rica em cálcio, ferro e lecitina. O óleo de soja é de fácil digestão, contendo vitaminas A, B, B2, C, D e E. No entanto, por ser um alimento extremamente Yin, a soja deve ser consumida com moderação. Essa restrição não cabe aos subprodutos, como o leite, o queijo, o óleo e os molhos, pois nesses casos as toxinas são eliminadas durante o preparo.

O óleo extraído do rizoma do gengibre constitui ótimo remédio para problemas respiratórios, como catarro, rouquidão, asma e bronquite, devendo ser esfregado no peito. Pode ser usado também como chá de valor excepcional na atonia estomacal, cólicas, infecções, inflamações, acne, furúnculos e vômitos: corta-se um tubérculo pequeno em fatias e coloca-se para ferver durante 10 minutos em meio litro de água.

O nabo branco comprido é um dos remédios mais usados para combater deficiências visuais como a miopia, o astigmatismo, etc.. A macrobiótica recomenda comer 100 gramas diárias do nabo cru ralado. Com as folhas dele pode-se preparar um banho de assento, muito indicado no combate às infecções genitais, principalmente femininas, sendo especialmente útil na recuperação pós-parto.

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