Os Gregos

O NEOPLATONISMO

Última grande corrente filosófica da Grécia antiga, o neoplatonismo é a doutrina que se definiu no século III da era cristã e predominou na filosofia “pagã” do período tardio da antigüidade, até o ano 529. Na época, três correntes ideológicas disputavam a primazia: o cristianismo, em ascensão, as religiões “politeístas” do paganismo e as correntes filosóficas gregas, em particular o estoicismo.

Ammonius Sacca (175-242), fundador da escola de Alexandria (em torno do ano 200), foi o mestre com quem Plotino (205-270), o grande expoente do neoplatonismo, estudou por 11 anos (de 232 a 243) e de quem recebeu influência decisiva. Em 244, Plotino mudou-se para Roma e fundou sua própria escola. Após ensinar por dez anos, escreveu 54 tratados que foram, posteriormente, dispostos em seis grupos de nove por seu discípulo Porfírio (234-305), o qual deu à obra o título de Enéadas.

Outras escolas neoplatônicas se formaram, como a da Síria, fundada por Jâmblico (250-328) pouco depois do ano 300, a de Pérgamo, fundada por Edésio discípulo de Jâmblico, e a de Atenas, iniciada por Plutarco (46-124), que teve em Proclo (410-485) seu representante mais insigne.

Foi Plotino que elaborou a teoria da emanação ou panteísmo neoplatônico, segundo a qual o Ser divino e o mundo são, em última análise, idênticos. Para ele, o mundo não foi produzido do nada, mas emanou do próprio Uno, a Divindade e Bem Supremo do qual procedem, por emanação, todas as coisas. Do Uno deriva, primeiramente, o nous ou espírito, explicação de todas as coisas ao nível ideal e que equivale claramente ao mundo das idéias platônico. Do nous emana a alma, nome genérico que abrange três níveis distintos e hierarquizados: a alma suprema, que permanece em estreita união com o nous, a alma do todo, criadora do Universo físico, e as almas particulares, que animam os corpos, os astros e todos os seres vivos.

O mais inferior grau da emanação divina é a matéria, ou o mundo perceptível pelos sentidos, onde a potência do Uno está enfraquecida a ponto de exaurir-se. A matéria sofre, pois, essa privação do Bem Supremo. Poder-se-ia chamar de mal, não uma força negativa autônoma que se opõe ao bem, mas a ausência do bem, um desvio da Verdade.

Se der atenção apenas a seu corpo, o verdadeiro homem, a alma (preexistente) que habita um corpo, se vincula ao mal e esquece suas origens. Por isso exigia de seus seguidores uma vida abstinente e ascética. A alma precisava despojar-se da ilusão da matéria, e só o conseguiria por meio do êxtase místico, no qual seria exaltada e preenchida pelo Uno. Esse êxtase não é um dom gratuito de Deus, mas fruto do esforço do homem para unir-se à Divindade.

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