O ESTOICISMO
O estoicismo foi criado pelo cipriota Zenão de Cício por volta do ano 300 a.C., devido à necessidade de um guia moral à Grécia, agora decadente. O termo tem origem em Stoà poikilé, espécie de pórtico adornado com quadros de várias cores, onde Zenão se reunia com seus discípulos. Cleantes e Crisipo, entre os discípulos oriundos da Anatólia, tiveram papel relevante na escola estóica.
Os estóicos, de vida agrícola, se vangloriavam da coerência de seu sistema filosófico. Afirmavam que o Universo pode ser reduzido a uma explicação racional, uma estrutura racionalmente organizada. A capacidade do homem de pensar, projetar e falar (logos), está plenamente incorporada ao Universo. A natureza cósmica, ou Deus, e o homem se relacionam um com o outro, intimamente, como agentes racionais. O homem pode alcançar a sabedoria e harmonizar sua racionalidade com a natureza, onde reside a justiça natural ou Lei natural.
Como doutrina ética, visa ajudar o indivíduo a aceitar a adversidade. Ele deve viver de acordo com a razão e ser indiferente a desejos e paixões, autocontrole (apathia). Na verdade rejeitavam a procura do prazer, pregando o celibato ou então condenando o prazer no casamento e todo o sexo extraconjugal, exigindo a fidelidade dos cônjuges. A verdadeira felicidade não está no sucesso material, mas na busca da virtude. Alegrias e infortúnios deveriam ser igualmente aceitos, porque seguem o ritmo natural do Universo.
O homem político, segundo Cícero (106-43 a.C.), só atinge a virtude suprema se sua atuação estiver voltada para o bem de seu povo. Na pax romana, ante a dissolução dos princípios morais da sociedade, Musônio Rufo, Sêneca (4 a.C.-65.d.C.), Epicteto (55-135 d.C.) e Marco Aurélio (121-180 d.C.) criaram os alicerces teóricos, baseados no estoicismo, que deveriam dignificar o poder imperial. Alguns preceitos de sua poderosa doutrina moral foram adotados pela igreja cristã.